quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O presidente é pop

Fui uma das cerca de 4 mil pessoas que lotaram o Via Funchal para o show do R.E.M. nessa segunda (10). Como de esperado, um baita show. Confesso que, por não ser conhecedor pleno da obra da banda, vez ou outra ficava um pouco perdido com os refrões que aparentemente todo mundo sabia cantar, menos eu, mas tudo bem. Foi divertido demais.

Música à parte, queria destacar outro ponto do concerto. Em determinada hora foram exibidas algumas fotos de Barack Obama e a platéia foi ao delírio. Li que no show da terça Michael Stipe perguntou ao público se todos estavam entusiasmados com Obama e a resposta positiva veio com empogados gritos.

Não entendo muito - ou praticamente nada - da história da música, ou mais ainda da cultura pop. Então minha memória não é das mais confiáveis. Mas essa adulação de um político tem um quê de ineditismo, ou estou enganado? A coisa é ainda mais relevante se pensarmos que o político em questão é o presidente legalmente eleito dos Estados Unidos - ou seja, nada revolucionário, nada anárquico, nada "contra o sistema" como muitos representantes do rock'n'roll gostam de ser.

Aparentemente, a figura institucional "presidente dos Estados Unidos" passará por uma transição em sua imagem que talvez nenhuma outra tenha passado. Da pessoa mais odiada do mundo para um ícone pop, com direito a ser celebrado em shows de rock e ter camisas com seu rosto vendidas em loja de marca, algo meio Che Guevara.

Para quem não pôde ir ao show, vai abaixo uma pequena amostra. Um vídeo facilmente achado no Youtube, filmado por uma das centenas de pessoas que passou grande parte do concerto com o braço esticado tentando captar as imagens (falei sobre isso há mais de um ano no Mais ou menas). Everybody hurts:

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse apoio de ícones da música tida por pop tem um bocado - quase que tudo - de aversão a George Bush II, como é bem sabido.

Um exemplo anterior: o Pearl Jam, na figura do Eddie Vedder, foi ferrenho entusiasta de John Kerry no pleito de há quatro anos.

Outros tantos astros, mesmo o Michael Stipe, do R.E.M., faziam discursos e mais discursos em que convocavam as audiências respectivas a votarem no candidato democrata.

Mas, de fato, é assombroso o potencial de Barack no sentido de se tornar, ele próprio, uma figura algo pop. A comparação com o Che é de todo válida. Vai durar até 20 de janeiro.