sexta-feira, 13 de março de 2009

Morrendo pela boca

O novo horário do Democratas, que está em circulação atualmente, reproduz à exaustão aquela infeliz fala de Lula na qual o presidente afirmou que a crise - à época, ainda restrita a poucos países - chegaria ao Brasil como uma "marolinha". A propaganda intercala a fala do presidente com números que apontam que a crise está presente e já causa impactos na economia nacional.

Fato 1: a criação da crise não tem rigorosamente nada a ver com Lula e seu governo. O movimento se iniciou nos EUA, e teve seu ápice lá e na Europa.

Fato 2: independentemente disso, Lula não precisava ter dado essa declaração. De forma alguma.

A espontaneidade de Lula é sempre citada como um dos maiores triunfos políticos do presidente. Ela, segundo análises, seria um dos fatores que mais fariam Lula receber admiração por parte da população; ele conservaria seu jeito "povão", mas com capacidade e qualidade para tomar decisões de chefe de estado. Melhor, impossível.

Mas ao mesmo tempo pode ser um grande fardo. E estão aí as provas. O DEM vai insistir com essa da marolinha enquanto tiver espaço no horário eleitoral; quando forem as vezes de PSDB e PPS, certamente o assunto também vira à tona. Ainda que o governo brasileiro não tenha nada a ver com a geração da crise, pagará parcialmente o pato dela por conta de uma triste fala do presidente.

O que fica como mais curioso da história é o fato de Lula, político calejado, ter caído nessa. Será que ele não poderia ter aprendido com sua ex-ministra Marta Suplicy, cuja passagem pela Esplanada ficou restrita no imaginário popular pelo "relaxa e goza"?