sexta-feira, 27 de maio de 2011

PTB vai bem ao colocar dedo na ferida

Como já falei em outras postagens, eu gosto de campanhas partidárias que marquem posição. Ainda que não concorde com o que é dito, aprecio quando um partido dá uma opinião sobre um assunto, e não que fique com aquele discurso vago e patético do "vamos lutar para melhorar a saúde e educação", como se alguém fosse contrário a isso, ou como se o eleitor fosse se despertar por palavras tão vagas...

E é isso que o PTB tem feito com uma campanha que começou a circular nessa semana, nas inserções partidárias no rádio e na TV. O partido foi bem ao ponto, e tenho certeza que a inserção trará resultados positivos. Vejam:



Falando sobre o conteúdo propriamente dito: embora eu seja contra o financiamento público exclusivo de campanha (acredito que o privado, em especial de doadores menores, é um grande fortalecedor da democracia), ele existe e tem muito valor. A publicidade diz que "Estão querendo que você pague as campanhas eleitorais". Cá entre nós, isso já é (parcialmente) feito, por meio do fundo partidário, composto por recursos públicos e que é distribuído a todas as siglas. E ao tratar o assunto assim o PTB simplifica muito a questão, que é mais complexa do que parece.

Mas de qualquer forma, o partido faz barulho. Pega uma causa que tende a ter aceitação nacional e se identifica com ela. Muitos brasileiros verão o vídeo e associarão a ideia ao PTB. Que o partido saiba trabalhar com isso nas eleições do ano que vem.

Em tempo: ao bancar a luta contra o financiamento público, o PTB se coloca diretamente em rota de colisão com o ex-presidente Lula, de cuja base participou. Lula é defensor do financiamento exclusivamente público, como podemos ver a partir de 1:35 neste vídeo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Jean Wyllys, sobrevivente do paredão

Ainda com menos de seis meses completados, a atual legislatura da Câmara de Deputados tem em Jean Wyllys (PSOL-RJ) um dos seus maiores destaques. Jean encampou a luta dos gays e tem recebido grande destaque nos tempos atuais, marcados pelo debate sobre os direitos dos homossexuais no Brasil.

Ao se consolidar como militante de uma causa, Jean vai aos poucos fazendo com que ele deixe de fazer parte do "baixo clero", aquele grupo de parlamentares cujo destaque na Câmara é irrisório.

Além disso, o deputado merece também méritos por outra razão: vai detonando a ideia de que os "famosos" que chegam ao poder nada têm a acrescentar à política nacional.

Para quem não sabe, este Jean Wyllys é o mesmo cidadão que, em 2005, foi o vencedor da quinta edição do Big Brother Brasil. Embora desde o início Jean destoasse do perfil típico dos participantes do programa - era professor universitário, militante gay, e dizia que sua entrada no Big Brother se devia a uma "pesquisa" - não dá para negar que Jean, é, sim, um "ex-BBB", categoria de brasileiros tão atacada nos últimos tempos. Afinal, por mais que Jean tenha todo esse currículo e militância, possivelmente jamais o conheceríamos se não fosse o programa global.

E ao fincar seu pé e mostrar serviço na Câmara, Jean diz que, sim, é possível que um "famoso" trabalhe. Ressaltar esse 'feito' é de certo modo uma obrigação, quando lembramos que, ano passado, a candidatura de Tiririca e outros famosos causou verdadeira revolta entre os brasileiros. Se dizia, à época, que a presença dessas pessoas nas eleições seria a confirmação de que a política nacional estaria virando uma bagunça.

Mas com exceção da de Tiririca, esculachada por definição, qual é o problema de um "famoso" se candidatar? Por ser ou ter sido cantor, ator, jogador de futebol ou ex-BBB, uma pessoa se torna menos cidadã, menos apta à vida pública? Não, e Jean Wyllys nos mostra isso.

Não defendo todas as posturas do deputado. Aliás, por mais que acredite em atuações setoriais, sou relativamente contrário a parlamentares que permaneçam restritos a determinadas causas - espero, que nos três anos e meio que virão, que Jean atue também para melhorar a saúde, emprego, meio-ambiente, relações internacionais e todos os outros temas que passam pela Câmara. Mas não dá para negar que sua postura merece ser elogiada.

terça-feira, 3 de maio de 2011

PP investe no repetitivo

O Partido Progressista está transmitindo suas inserções no rádio (ao menos em São Paulo). Lembrando que, como 2011 não é ano de eleição, não teremos o horário político clássico, e sim aqueles comerciais rápidos inseridos nos intervalos das rádios e televisões, que se parecem e se misturam com os comerciais dos produtos em geral.

Iria abrir o texto dizendo que se tratava da nova propaganda do PP, mas... se tem uma coisa que o anúncio não é, é novo. Seu formato é o mesmo que o partido tem adotado há uns 10 anos: uma voz em off fala algo como "Quando o Partido Progressista está no governo, o que acontece é isso", e se destila um rosário com as intermináveis ações de Paulo Maluf como governador e prefeito. Por fim, o próprio Maluf volta ao vídeo para falar mais algumas coisas e garantir que a propaganda se encerra com a sua imagem.

Maluf ainda é uma força política em São Paulo - seus mais de 490 mil votos e a terceira posição entre os candidatos a deputado federal mais votados na eleição passada demonstram isso. Porém, é inegável que o deputado já foi mais expressivo do que é nos dias atuais. Novamente recorrendo a números, seu pífio desempenho nas disputas municipais em 2004 e 2008 deixam a questão clara.

Não cabe ao PP, evidentemente, desprezar sua principal liderança e "puxador de votos". Porém, é nítido que o partido precisa se reciclar, apresentar novas lideranças - aliás, a própria candidatura de Celso Russomano a governador nas eleições passadas foi algo nesse sentido. Até mesmo o uso da figura de Maluf poderia ser repensado. Será mesmo que o eleitorado precisa saber o que é "obra de Maluf"?

Foto: pp.org.br

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Embu vota e muda de nome

Aconteceu ontem, na Grande São Paulo, uma eleição interessante: a população da cidade de Embu foi às urnas para decidir se o nome da cidade permaneceria como é ou se seria modificado para "Embu das Artes". Veja matéria da Rede Globo a respeito:



Para quem não conhece, Embu é uma cidade na região sudoeste da Grande São Paulo caracterizada por uma grande feira de artesanato realizada aos domingos, que a deu o sufixo "das Artes". De apelido, agora a derivação passa a ser nome oficial da cidade, constando em registros de nascimento e chapas de veículos, entre outras ocorrências oficiais.

A mudança de nome teve como principais justificativas a diferenciação da vizinha Embu-Guaçu e a ampliação de um chamariz para os turistas - a feira que deu fama à cidade atrai um considerável número de pessoas e movimenta de maneira definitiva a economia do município.

Sobre a eleição em si, é possível até dizer que a quantidade de votos válidos a favor do "não" surpreendeu. Foi de 33,52%, quando se esperava menos (é até possível reparar, na matéria da Globo, que o entrevistado pró-não fala para dois microfones, o que deve ser explicado pela dificuldade de achar alguém que estivesse do seu lado). Durante os meses que antecederam a votação, a campanha da administração municipal a favor do "sim" tinha como slogan o ótimo "Todo mundo quer". Ou seja: não havia oposição organizada.

Curioso é ver o grande número de abstenções. Foram 31,48% de ausentes, segundo a prefeitura - o número impressiona ainda mais se contrastado com a abstenção nas eleições municipais de 2008, que foi de pouco mais de 13%.

Mas a explicação é simples. Ao contrário do ocorrido ontem, nas eleições em geral há a presença maciça do assunto nos meios de comunicação. Por outro lado, por mais que tenha havido uma boa divulgação do pleito por parte das autoridades eleitorais e do Embu (das Artes?), é difícil falar sobre eleições sem que haja um contexto maior conspirando para tal. Ainda mais em cidades da região metropolitana, o que é o caso de Embu, cuja programação televisiva é dominada pelo noticiário da capital, tradicionalmente menos interessado no que acontece nos municípios próximos.

De qualquer modo, boa sorte ao povo de Embu - das Artes! Que a votação marque o início de uma nova fase na cidade.