quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pão, circo, emprego e renda

À parte de casos mais polêmicos como a denúncia sobre corrupção no Ministério dos Transportes, um pequeno escândalo eriçou a opinião pública nos últimos dias: a divulgação do fato que o Ministério do Turismo investiu R$ 22 milhões em festas juninas neste 2011 (veja matéria do Congresso em Foco).

Foi a senha para que bradassem os costumeiros sinais de indignação contra o "mau uso" do dinheiro público no Brasil. "Com tanta gente passando fome, com escolas sofríveis e hospitais precários, como que o governo investe em festa junina?", questionaram muitos. Outros já empregaram o irritante chavão do "pão e circo" para dizer que a população brasileira só quer saber de festa e não se importa com a realidade do país.

Hum. Talvez seja o caso de refletir um pouco mais sobre o ocorrido antes de despejar críticas. O primeiro a se fazer é investigar de onde veio a verba - do Ministério do Turismo. O Ministério do Turismo tem como obrigação... investir no Turismo, certo? E o que é investir no Turismo? Conservar museus, cuidar de paisagens naturais, capacitar pessoas e promover eventos.

No Nordeste, as festas juninas geram repercussões de certo modo comparadas às dos carnavais. Movimentam muita gente - e, por consequência, recursos. Não tenho números, mas acredito que o carnaval deve representar um fator importantíssimo para cidades como Salvador e Rio de Janeiro. Sem o evento, municípios como estes passariam por problemas no orçamento. Com as festas juninas, acontece a mesma coisa, talvez em escala menor.

Ou seja: é muito mais que "pão e circo". Investir em festa junina - e carnaval, e rodeio, e festa do leite, e etc - é mobilizar a cidade, garantir renda ao setor hoteleiro, aquecer o comércio e por aí vai. Resumindo, gerar emprego e renda. A obrigação de qualquer governo, estamos de acordo?

Em tempo: há críticas sobre a maneira como essas verbas foram distribuídas (para privilegiar aliados do ministro) e denúncias de corrupção ligadas ao caso. Isso é sério, mas pertence a outro escopo da discussão, completamente diferente. Aí falamos de apadrinhamento e desvio de dinheiro público - o que não muda nada no que tange à importância do objetivo inicial.

Um comentário:

Eduardo Maretti disse...

Legal o post, concordo. No Brasil, o Estado parece que está proibido de investir. Como se investir fosse crime.