quinta-feira, 27 de julho de 2017

Resumo/análise do artigo "A coordenação federativa no Brasil: a experiência no período FHC e os desafios do governo Lula"

Texto de 2005, de autoria de Fernando Luiz Abrucio. Link para o artigo aqui.

RESUMO

Introdução
O debate sobre a questão federativa no Brasil costuma ser resumido à questão estados versus União e descentralização versus centralização. É preciso ir além disso. O foco deve estar na cooperação intergovernamental, algo ainda pouco feito nos dias "atuais". Cabe destacar que o conceito de cooperação intergovernamental adotado é o de "formas de integração, compartilhamento e decisão conjunta presentes nas federações".

Essa necessidade de cooperação ganhou relevância nos últimos anos por conta do aumento da complexidade nas relações intergovernamentais, geradas, entre outros, pelos seguintes fatores: expansão do "welfare state", com redução de recursos - necessidade de fazer mais com menos; mais necessidade de conceder autonomia a regiões em que o componente étnico é prioritário; ampliação da relação dos governos com diferentes atores, ainda que fora do setor público - quadro que motiva o fortalecimento dos entes, por conta de se ampliar a capacidade de negociação.

OCDE, em 1997, disse que não se trata de simplesmente centralizar ou descentralizar. A boa gestão caminha nas duas mãos.

O significado da cooperação federativa
A temática da descentralização ganhou força nos últimos 30 anos, pelas questões já mencionadas. Busca-se uma estrutura matricial que funcione de forma adequada - se isso não ocorrer, tensões vão persistir. Cabe destacar que a heterogeneidade que motiva a federação não é necessariamente uma questão étnica ou cultural - largas distâncias ou outros limitadores físicos podem ser considerados (e esse é o caso brasileiro).

Um método para fazer as coisas corretamente é estruturar bem os "checks and balances". São mecanismos que "restringem o poder da maioria". Isso também serve para conter tendências separatistas e regular a (saudável e desejável) competição entre os entes federativos. "O fato é que a soberania compartilhada só pode ser mantida ao longo do tempo caso estabeleça-se uma relação de equilíbrio entre a autonomia dos pactuantes e sua interdependência".

A necessidade da estruturação desse sistema se reforça com a complexidade do mundo atual, e sua transposição de fronteiras e problemas interconectados. "Mais do que um simples cabo de guerra, as relações intergovernamentais requerem uma complexa mistura de competição, coopera- ção e acomodação” (PIERSON, 1995).

É interessante ter em conta o conceito de armadilha da decisão conjunta - quadro que se identifica quando o processo é tão democrático que se torna engessado, pouco móvel, pouco aberto a inovações e traz dificuldade de responsabilizações.

Outro conceito interessante é o "race to the bottom" americano, em que estados diminuem sua carga de serviços sociais de forma a terem menor carga tributária e, em consequência, atraírem mais impostos.

Mecanismos para regular a competição federativa: criar regras que regulem o compartilhamento de tarefas; fomentar os fóruns federativos; criar cultura de respeito mútuo.

A redemocratização e o novo federalismo brasileiro

Brasil viveu, desde a república, ondas de vai e volta no sentido de fortalecimento da União e dos estados. Na República Velha, tínhamos união fraca e estados fortes; Getúlio Vargas, especialmente no Estado Novo, inverteu o quadro; entre 46-64, houve um equilíbrio; ditadura foi, também, centralizadora.

Na época da Constituinte (e mesmo antes), descentralização estava entre as palavras de ordem. Como governadores estiveram entre as figuras de frente das Diretas, as demandas dos estados ganharam muita relevância. Havia, ali, tanto propósitos nobres quanto interesses que oligarcas queriam ver preservados. Com tudo isso, a cooperação intergovernamental ficou em segundo plano. Ficamos, então, entre 1982 e 1994, com um "federalismo estadualista, não-cooperativo e muitas vezes predatório". Isso se materializou, entre outros fatores, com uma forte descentralização tributária e com a possibilidade de estados apresentarem ADINs.

Um ponto interessante que o autor destaca é que, segundo ele, a descentralização foi um estímulo para que os partidos de esquerda passassem a ter mais sucesso eleitoral. Isso porque foram fortalecidas as instâncias locais - de regulação, de acompanhamento de políticas públicas e outros mecanismos - que têm líderes vinculados à esquerda.

O autor apresenta que a descentralização não saneou todos os problemas:

"As conquistas da descentralização não apagam os problemas dos governos locais brasileiros. Em especial, cinco são as questões que colocam obstáculos ao bom desempenho dos municípios do país: a desigualdade de condições econômicas e administrativas; o discurso do “municipalismo autárquico”; a “metropolização” acelerada; os resquícios ainda existentes tanto de uma cultura política como de instituições que dificultam a accountability democrática e o padrão de relações intergovernamentais."

Note-se que entre os efeitos descritos estão dois que entram em contradição entre si: o "municipalismo autárquico" e a "metropolização acelerada". O primeiro preconiza que os municípios são entes soberanos e devem ser vistos como tal. Já o segundo fala da evolução dos problemas urbanos, algo que, em muitos casos, acarreta na transposição de fronteiras.

Mais sobre o municipalismo autárquico:  "o bom andamento da descentralização no Brasil foi prejudicado pelo municipalismo autárquico, visão que prega a idéia de que os governos locais poderiam sozinhos resolver todos os dilemas de ação coletiva colocados às suas populações".

O autor acrescenta que, além disso, há poucos estímulos para os consórcios.

Cabe destacar que, além de tudo, nós temos no Brasil desde a CF-88 regiões metropolitanas mais frágeis do que as que existiam à época do regime militar. E, sim, isso é mais um reflexo do "municipalismo autárquico".

Em suma, "O principal problema da descentralização ao longo da redemocratização foi a conformação de um federalismo compartimentalizado, em que cada nível de governo procurava encontrar o seu papel específico e não havia incentivos para o compartilhamento de tarefas e a atuação consorciada".

Ou seja, a cooperação fica em segundo plano.

Federalismo sob FHC: principais mudanças

Para desenvolver essa linha argumentativa, o autor considera que os efeitos da gestão FHC tiveram início desde a vigência da "era do Real" - algo que se inicia bem antes da implantação da moeda, e que diz respeito a outras decisões econômicas, além de fatores externos ao poder público brasileiro. Caracterizam essa época o aumento de investimentos estrangeiros, o efeito positivo de algumas decisões tomadas nas gestões Collor e FHC, o apoio de diversos segmentos a FHC, etc.

Com isso, a "era do Real", por todos os seus desdobramentos, teve grande impacto na descentralização administrativa brasileira.

Entre os fatores que explicam isso: o fim da hiperinflação, que regulamentou melhor as transferências; a crise nos bancos estaduais; o excesso do gasto com pessoal, que pesa muito nas contas estaduais.

Coordenação federativa na era FHC: avanços, dilemas e problemas

FHC tomou sete medidas para gerenciar a descentralização e coordenar a relação entre os diferentes entes federativos. Entre elas: aliar isso a objetivos de reformulação do Estado; condicionar repasse de recursos à fiscalização da sociedade; mudar a Constituição e criar leis para tal.

Mas, acima de tudo, "o tema central da agenda federativa de FHC foi a questão financeiro-fiscal". As já faladas crise dos bancos e legitimidade do governo FHC, juntas, abriram caminho para que governo reestruturasse o sistema bancário.

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi outra ação neste sentido. Ela disciplinou os gastos públicos e, ao criar regras a serem seguidas por todos os entes federativos, criou normas que vinham "de cima pra baixo". Porém, falhou ao não fomentar as discussões intergovernamentais.

Na área social, a gestão do SUS e o Fundeb foram dois exemplos positivos.

Já nas políticas urbanas foi onde a gestão FHC apresentou suas principais falhas. A metropolização cresceu, a CF continha amarras para a cooperação intergovernamental e o governo FHC não evoluiu, ao não apresentar a criação do Ministério das Cidades e nem propor outras alternativas.

De todo modo, a atuação de FHC foi, no todo, positiva. Principalmente por combater o modelo predatório vinculado ao estadualismo. Além disso, outro mérito foi a implantação de mecanismos diretos de transferência de renda, o que fortaleceu o protagonismo federal.

Os desafios do governo Lula

- oito problemas que permanecem como desafios a serem superados:

  • Mudar o ICMS para neutralizar efeitos da guerra fiscal
  • Fortalecer mecanismos de avaliação de políticas públicas
  • Fortalecer a capacitação de gestores locais e municipais
  • Montagem de uma ordem regulatória das políticas urbanas
  • Ampliação e reforço dos mecanismos coordenadores nas áreas de educação e saúde
  • Aprimoramento das políticas de transferência de renda, vinculando repasses a programas de capacitação
  • Adoção de políticas de desenvolvimento que combatam desigualdades regionais
  • Fortalecimento dos fóruns federativos



segunda-feira, 17 de julho de 2017

Roteiro de viagem - Serra Gaúcha, Porto Alegre e Foz do Iguaçu - julho de 2017

Mais um texto feito para ajudar gente que procura dicas de viagem no Google. Espero ajudar.

Minha viagem foi para a Serra Gaúcha (quatro noites em Bento Gonçalves e três em Gramado), Porto Alegre (uma noite) e Foz do Iguaçu (três noites em Foz e duas em Puerto Iguazu, o lado argentino das cataratas). Um total, portanto, de 13 noites.

Antes de entrar em detalhes, cabe dizer que foi uma viagem MUITO bacana. E, em termos logísticos, fácil de se fazer. Há voos diretos de Brasília (onde moro) a Porto Alegre, o ponto de partida para a Serra Gaúcha; também há ligação direta entre Porto Alegre e Foz, um voo rápido e tranquilo; de Foz para Brasília eu não utilizei um voo direto, mas fiz uma escala rápida em Curitiba. A cidade se liga de forma direta a outros destinos importantes, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Outro comentário geral antes dos pormenores: tanto no Rio Grande do Sul quanto em Foz eu estive de carro alugado (no RS pela Localiza, em Foz pela Movida). Como estava em um grupo de cinco pessoas no RS, não há a menor dúvida de que essa foi uma opção, além de confortável, mais econômica - pagar trânsferes individuais, táxis e ônibus seria algo mais caro. Já em Foz, embora não possa afirmar com certeza de que financeiramente tenha sido uma boa (até acho que sim), o que se ganhou em comodidade foi fundamental.

Bento Gonçalves
O trajeto de carro entre o aeroporto de Porto Alegre e Bento Gonçalves é relativamente rápido e tranquilo - ainda que a estrada seja, em grande parte, de pista simples.

Fiquei lá no hotel Mont Blanc. É um hotel de nível mediano. Tem como ponto fraco os quartos (sem armários, sem cofres e com um banheiro apertado e feio) e como ponto forte a localização e o ótimo café da manhã. Dispõe também de uma equipe atenciosa. O estacionamento é gratuito.

Os passeios realizados na cidade foram os seguintes:

- Vale do Rio das Antas: fiz um circuito inspirado neste post do blog Café Viagem. Dediquei cerca de três horas ao roteiro. Fui direto ao Belvedere do Espigão e depois fui parando nos pontos do sentido Bento Gonçalves da estrada: Capitano Brutus (que infelizmente estava fechado), Casa Bucco, Tenda do Teco e Sud Brau. Os pontos altos foram o Espigão e sua vista maravilhosa e a ótima (e gratuita) visita à fábrica da Sud Brau - feita sem necessidade de agendamento. Por questão de tempo, não fui às vinícolas mencionadas no Café Viagem. Ah, sim: somente depois de retornar do Vale das Antas é que ouvi falar do Restaurante Giratório Mascaron, que parece ser divertido e está a apenas 8 km do Belvedere do Espigão, ponto inicial/final do passeio.

- Caminhos de Pedra: percorri de carro o circuito dos Caminhos de Pedra (alguns links: aqui e aqui). Minhas paradas - todas simpáticas - foram Doceria Pedrebon, Salumeria Caminhos de Pedra, Casa na Árvore, Casa do Tomate, Casa da Ovelha e Casa das Cucas. Com exceção da Casa da Ovelha (ingressos a R$ 50), todas as outras têm entrada franca. Recomendo todas as etapas. Faço menção específica à Casa na Árvore, que não aparece em muitas rotas, tem uma fachada um tanto intimidadora, mas é muito divertida! Ah, sim: é um percurso a ser feito de carro. Nem pense em ir a pé ou de transporte coletivo. Há quem faça também de bicicleta.

- Vinícolas: fui à Casa Valduga, à Don Laurindo e à Lídio Carraro. E tive experiências completamente distintas em cada uma delas. A visita à Valduga tem uma pegada de excursão; no meu dia, por exemplo, estava em um grupo com cerca de 30 pessoas. O guia foi muito atencioso e simpático, mas não dá pra fazer milagre com um grupo tão grande. Custa R$ 40, pagos na hora. Já a Don Laurindo foi a mais fraca das visitas. Recebemos uma explicação rápida - e com má vontade - e depois fomos deixados na sala com degustação livre dos vinhos. O preço é R$ 30, abatidos em compras na loja. Já a Lídio Carraro... foi simplesmente a visitação mais legal que fiz a uma vinícola na vida. Foi diferente de todas as outras: não percorri corredores com barris nem plantações. O processo é todo feito em uma mesa, em que a funcionária conta a história da vinícola e fala sobre os vinhos. Tudo muito interessante e que cria aquela vontade de beber todos os vinhos que se vê pela frente. Preço de R$ 25, conversíveis em compras.

Sobre os restaurantes em Bento Gonçalves, destaco o Canta Maria Expresso, uma espécie de 'fast-food regional', gostoso e com preços justos; o excelente Pizza Entre Vinhos, que proporciona uma verdadeira imersão nos vinhos da região; o ótimo Cobo Wine Bar, especializado nos vinhos locais mas que também tem pratos ótimos; e o Maria Valduga, na vinícola Casa Valduga, onde se come muito - tanto em quantidade quanto em qualidade. Fui ainda no Cabernet, que fica no hotel Dall'Onder. Não é ruim, mas não chega a ser grande coisa.

Um comentário importante sobre o deslocamento em Bento Gonçalves. O turismo lá é, como se sabe, todo pautado nos vinhos. E reparei que muitos, mas muitos mesmo!, turistas bebem e dirigem sem o menor pudor. Não vi nenhuma fiscalização por lá nos dias em que estive na cidade. Eu preferi fazer as coisas certinhas e, quando estava no volante, não bebi; já quando ia beber (por exemplo, na visita às vinícolas e na Entre Vinhos), fui de táxi ou Uber. E não foram experiências das mais confortáveis... pegar um táxi/Uber no centro de Bento Gonçalves é fácil; o problema é a volta. Há poucos carros disponíveis nas regiões mais distantes, como as vinícolas. O deslocamento entre a Don Laurindo e a Lídio Carraro, que é de menos de 5 km, acabou levando mais de meia hora, se somado o tempo de espera do Uber.

Pra fechar as informações sobre a cidade, um registro fora do circuito turístico habitual. Nós tínhamos a intenção de correr em alguns dos dias em que estávamos lá. Pedimos indicação no hotel e a funcionária sugeriu a pista de corrida do SESI, que fica na rua Miguel Gaieski. Valeu muito a pena!

Gramado
A viagem entre Bento Gonçalves e Gramado é até rápida, mas a estrada não é das melhores. Principalmente nos trechos iniciais, entre Bento e Caxias do Sul. Não tivemos problemas, mas a dica que deixo é fazer o percurso de dia, como fizemos.

No caminho, paramos em Nova Petrópolis - cidade que já seria uma etapa natural do trajeto. Lá, fizemos os dois passeios turísticos básicos, o Labirinto Verde e o Parque do Imigrante. Coisa rápida e divertida (especialmente o parque). Vale encaixar no trajeto. Na cidade, tivemos uma refeição simples, rápida e barata no Bistrô 289.

O hotel em Gramado foi a Pousada Solar da Serra, uma ótima pedida. Localização perfeita, estacionamento gratuito, café da manhã bom, equipe pra lá de educada e com estacionamento incluído.

Fiz os passeios básicos: Mini Mundo, Aldeia do Papai Noel (ambos com ingressos comprados na hora; a Aldeia só aceita pagamento em dinheiro) e o Parque do Caracol, em Canela. Todos bem bacanas. Além deles, fui ao Snowland, em Gramado. Bem, avaliar a experiência no Snowland não é algo para poucas palavras... o parque é lindo, a experiência na neve é bem bacana e o tubing (descida de boia pelo tobogã de neve) é divertida. De resto, o parque peca feio pela estrutura. Em uma única palavra: FILAS!!! Há fila para tudo no Snowland. Para entrar no parque (mesmo para quem comprou pela internet, o que foi meu caso), para patinar no gelo, para adentrar à Montanha de Neve (o ápice do passeio). No fim das contas, posso dizer que passei em filas a maior parte do tempo em que estive no Snowland. Não sei se voltaria lá. Para quem não tem crianças, é um passeio beeeeeem questionável.

Falando agora em restaurantes. Comi um ótimo churrasco no El Cordero e um fondue satisfatório no St. Hauberts. Mas o ponto alto da cidade foi o jantar na Cantina de Vicolos. Na boa, talvez a massa ao molho de fondue com quatro queijos tenha sido a melhor que comi na vida. Absurdamente boa. Imperdível!

Porto Alegre
Como não conhecia direito a capital gaúcha, optei por passar um fim de semana lá antes de continuar a viagem a Foz do Iguaçu. Fiquei lá no hotel Ibis Moinhos de Vento, que é bem localizado e segue o bom padrão da rede Ibis.

Lá, visitei a Arena Grêmio. O estádio é perto do aeroporto e tem estacionamento (pago e seguro) em sua parte interna. A visita custa R$ 32 (se incluir o museu, fica R$ 40), com uma hora de duração. É um passeio bacana, com acesso a vestiários, gramados, camarotes e diferentes lances de arquibancada. Apesar de ser voltado a torcedores do time, não há o menor constrangimento para quem, como eu, não é gremista. É possível comprar o ingresso com antecipação, mas eu comprei na hora, sem o menor problema.

Fui ao Mercado Público de Porto Alegre, na região central da cidade. Foi uma experiência com altos e baixos. Os baixos são pelo espaço em si, que é feio, malcheiroso e as barracas vendem poucas coisas interessantes a quem está de passagem - não há muitas opções de petiscos. Já o alto foi pelo ótimo restaurante Naval, com porções de qualidade e chopp caprichado.

De lá, fui a pé até a Usina do Gasômetro, famoso espaço cultural da cidade. Dei sorte de no dia estar havendo um festival em comemoração ao dia do rock, com uma série de shows, bancas de cerveja artesanal e barracas de comida. Bem bacana. A sugestão é ver a programação para descobrir o que rolará de bom, pra ver se vale a pena a visita.

No dia seguinte, fui ao Brique da Redenção. Um ambiente divertido, com uma profusão de barracas de tudo quanto é coisa, artistas, diversas comidas... enfim, um clima ótimo. Depois tomei um chopp e comi uns petiscos no Armazém da Redenção.

Outra coisa que fiz na cidade foi correr no Parque Moinhos de Vento, o popular Parcão. Um bom lugar para a corrida.

Foz do Iguaçu /  Puerto Iguazu
Agora falarei sobre Foz. Modéstia à parte, acho que esse roteiro de quatro dias em Foz do Iguaçu que montei está bem redondinho. Tanto que descreverei abaixo dia por dia. Lembro que a primeira noite não entra nessa conta, já que serviu apenas para chegada de Porto Alegre, instalação no hotel (o Ibis do centro da cidade - bem recomendado!) e jantar no Taj, um rodízio japonês de nível médio; como o preço não era dos mais salgados, até valeu a pena.

Dia 1 - Corrida na Vila A e Itaipu

Começamos o dia correndo, no Gramadão da Vila A. Um lugar de nível, digamos, médio. Não é perto do centro da cidade (coisa de 15 minutos de carro), a pista de corrida tem subidas que dificultam a atividade e o parque em si não é dos mais bonitos. Mas serviu para o que estávamos procurando.

À tarde, fui para Itaipu - e tive uma visita ótima! A usina tem uma série de passeios. Escolhi dois: o Circuito Especial (que é a visita à usina propriamente dita) e o Porto Kattamaran. Iniciei o Circuito Especial às 13h. O tour tem 2h30 de duração e contempla um passeio pelo lado externo da usina e depois pela parte de dentro, com direito a ver as turbinas e a sala de controle. Já o Porto Kattamaran é uma experiência bem diferente - trata-se de uma volta de barco pela barragem formada pelo Rio Paraná. Fomos às 17h e pegamos o por do sol, e uma paisagem espetacular. Sobre Itaipu, só tenho elogios a fazer. Os passeios são ótimos e o lugar é muito, mas MUITO bem estruturado. É um passeio redondinho do começo ao fim. A boa experiência começa pelo site oficial do turismo de Itaipu, que expõe todos os passeios e coloca até uma linhazinha do tempo para que o visitante se organize melhor. Chegando lá na usina, basta ir ao guichê e informar o número do pedido - não é necessário imprimir. Todos os passeios têm como ponto de partida o centro de visitantes da usina, um espaço muito bem estruturado, com lanchonete/restaurante, loja de souvenirs, banheiros e até caixas automáticos.

Cabe registrar que Itaipu é distante do centro de Foz, coisa de uns 20 minutos de carro. Não sei como funciona a ida de transporte coletivo, mas acredito que deve ser bem demorada.

Saindo de lá, passamos ao lado da Mesquita da cidade e nos esbaldamos na doceria árabe Albayan, logo ao lado.

Fechamos o dia jantando no Capitão Bar, ao lado do Ibis. O ambiente é muito legal, já a comida que pedimos não foi das melhores...

Dia 2 - Cataratas brasileiras

Fomos do Ibis até o parque nacional do Iguaçu de carro em cerca de 20 minutos. O percurso é bem tranquilo. Muitas pessoas combinam o parque das cataratas com o Parque das Aves, que fica em frente. Nós não fizemos isso; até estava em nossos planos, mas nosso passeio adotou outro rumo (que será explicado mais adiante).

Ao se chegar nas imediações do parque, começa aquele tumulto típico de lugares turísticos, com uma profusão de ônibus, carros andando devagar e gente oferecendo estacionamento. Optamos por parar no estacionamento oficial do parque, que custou R$ 22 pela diária. Não é um preço dos mais baratos, mas é mais seguro e mais próximo da entrada e saída do parque.

A primeira impressão que tivemos do parque foi negativa. Isso porque havia um mar de gente do lado de fora - e chegamos cedo, por volta de 9h30 - e filas se formavam de modo descontrolado. Poucos funcionários organizavam a espera e orientavam os visitantes. Ouvimos gente reclamando que havia pegado uma fila imensa à toa, por não ter recebido a orientação devida. Nós quase fizemos isso: compramos os ingressos no site oficial do parque e, ao chegarmos no meio dessa confusão, nos colocamos na fila de quem havia comprado pela internet. Só com um tempo na fila nos ligamos de que não precisaríamos ter esperado, já que a confirmação do ingresso que vinha no email (e estava no meu celular) continha um QR Code. Com isso, pudemos sair da fila dos ingressos e... ir para outra fila, a dos ônibus. Pelo menos já estávamos dentro do parque.

O esquema dos ônibus é a lógica principal do parque. São quatro paradas. As duas primeiras são as do Poço Preto e a do Macuco Safari, ambos passeios não contemplados no ingresso básico das cataratas. A terceira dá acesso à primeira visão das cataratas e a uma trilha rápida que leva à Garganta do Diabo (onde estão as mais famosas cataratas, as que vemos na TV). Nessa parada desce a quase totalidade dos turistas. A quarta é a Porto Canoas, que já desemboca no acesso mais rápido à Garganta e também dá em um 'centrinho', com lojas e o restaurante Porto Canoas.

A Garganta do Diabo é realmente sensacional e digna de toda a fama que Foz tem. É claro que há muitos turistas, aquele empurra-empurra típico dos lugares cheios, mas, bem, é parte do jogo.

Então cabe falar sobre os outros dois passeios que fiz no parque. Primeiro comentário: comprei os ingressos de ambos na hora. Ao longo de todo o parque há guichês de venda, então o ato da compra é algo simples. Também não há necessidade de reservar pela internet. Até porque aconteceu algo muito positivo quando fomos lá - a trilha do Poço Preto, cujo ingresso custava R$ 281, saiu por R$ 150! Quase metade do preço! Já no Macuco pagamos os R$ 215 de tabela.

Sobre o Poço Preto: o passeio começa com uma trilha de 9 km, que pode ser percorrida a pé, de bicicleta ou de carro, à escolha do cliente. Depois faz-se um trecho rápido de barco, que culmina em um percurso igualmente rápido de caiaque; por fim, outra trilha, bem menor que a anterior, que o cliente também escolhe como fazer. É um passeio muito, mas muito bacana. E não exige nenhum preparo físico dos excepcionais. Acho que qualquer um que não tenha limitações físicas consegue encarar.

Já o Macuco Safari é um dos passeios mais famosos do Iguaçu - é aquele em que se vai debaixo de uma cascata (não é a Garganta do Diabo, vale destacar). É feito em três etapas: primeiro um trecho rápido de carro, depois outra caminhada leve pela floresta e por fim o passeio de barco propriamente dito. O cliente escolhe se quer fazer o percurso "seco" ou "molhado" - como o nome diz, a diferença está entre entrar com tudo na cachoeira ou não. Fiz o molhado, que é divertidíssimo. E é tudo muito bem estruturado, com armários para deixar as coisas e vestiário para trocar de roupa.

Iniciei o Macuco por volta de 17h30, o que fez com que acabasse sendo um dos últimos turistas a sair do parque.

Foi um dia muito legal e no qual tudo se encaixou direitinho.

De volta ao centro de Foz, jantei no Hokkai, um restaurante de pratos saborosos, mas rodízio com cardápio restrito e preço pouco camarada.

Dia 3 - Ciudad del Este, Marco das Três Fronteiras e ida à Argentina

Acordei cedo para encarar a viagem ao Paraguai.

Li muito para me programar para esse destino. Como não sou muito de fazer compras, meu interesse era, inicialmente, mais por curiosidade do que qualquer outra coisa. Mas ao ver os preços, vi que o rolê compensava demais. Pesquisei no Compras Paraguai e dei atenção especial ao Mega Eletrônicos, do qual tinha lido boas referências. A dica é ver o preço em reais/dólares e chegar lá com dinheiro vivo. A loja aceita cartão, mas aí há acréscimos. O atendimento na Mega é bom, mas é preciso ter paciência extra na hora de retirar os produtos. A fila é grande e demorada. Além do Mega, fui na Monalisa, uma das lojas mais badaladas e especializada em artigos de luxo, como roupas e cosméticos.

Mas acho que as dicas mais importantes a serem passadas são sobre acesso ao Paraguai e travessia da Ponte da Amizade. Fiz uma rotina em que tudo deu certinho: parei o carro do lado brasileiro e atravessei a pé, na ida e na volta. Eu tinha lido muito sobre "armadilhas" na hora de parar o carro (no Brasil), como pessoas que praticamente obrigam os turistas a estacionarem em seus estabelecimentos. Recebi abordagens, mas nada mais agressivo. Fui andando sem muita referência e acabei caindo no Estacionamento Pampa (infelizmente, não acho aqui o endereço e perdi o cartão que recebi de lá). O proprietário do espaço, Beto, é um cara pra lá de simpático. Paguei R$ 20 pelo período. Mais do que recomendado! Atravessar a Ponte da Amizade a pé é cansativo e um tanto quanto tenso, mas nada de mais.

Ao sair de lá, fomos ao Templo Budista de Foz, que é um dos pontos turísticos mais célebres da cidade. Não é nada de mais, mas é de graça e vale a passada. Abre todos os dias, com exceção das segundas-feiras. O ideal é conciliar com Itaipu, já que é relativamente próximo da usina.

A próxima etapa do dia foi algo de cunho utilitário: a retirada do seguro Carta Verde, indispensável para quem vai de carro alugado à Argentina. Isso se faz em um escritório muito próximo da fronteira (aqui o endereço). O processo é extremamente rápido - em cerca de 5 minutos se obtém o papel. O escritório funciona em horário comercial e abre inclusive aos domingos (mas por menos tempo). O seguro custou R$ 48, por três dias. Há opções para mais e menos dias, mas não me recordo dos preços. Cabe destacar que esse é um serviço completamente independente da Movida, onde aluguei o carro. Algumas locadoras (Localiza e, se não me engano, Hertz) não permitem mais a ida à Argentina. Já em outras, pelo que li na net, é possível alugar o carro já com a Carta Verde.  Ah, sim: apesar do "indispensável" que escrevi acima, a Carta Verde não é pedida na fronteira (sobre a qual falarei mais adiante). É um documento que deve ser apresentado apenas se exigido, o que não aconteceu comigo.

Com a Carta Verde resolvida, fui ao último passeio em território nacional, o Marco das Três Fronteiras. No Brasil, o espaço é pago (R$ 19 reais, comprados na hora) e tem um quê de superprodução/parque temático. O ponto alto, segundo consta, é o por do sol, o qual não vi. A vista de lá é linda e o ambiente em si é bem bacana. Vale ir, mas... o Marco argentino é mais legal (falarei sobre ele no próximo dia). Se você for aos dois países e precisar sacrificar um dos marcos por conta de tempo, descarte o brasileiro.

Enfim, foi hora de atravessar a fronteira rumo a Puerto Iguazu, na Argentina. Antes disso, um comentário: comprei pesos em Foz do Iguaçu, em uma casa de câmbio ao lado do Ibis em que me hospedei.

A primeira etapa do processo foi passar a alfândega brasileira. Algo que se faz em instantes, sem nenhuma parada (não sei se é sempre assim, ou se foi algo de momento). Depois cruza-se o rio, onde a ponte indica precisamente a fronteira e permite aquelas fotos com um pé em cada país. Tudo parecia calmo e tranquilo, até que... o trânsito engarrafou de vez. Aquilo de parar o carro, ficar andando só em primeira marcha, puxar o freio de mão e por aí vai. Dois motivos explicam o congestionamento. O primeiro é que estávamos em horário de pico (por volta de 18h), e a fronteira segue a mesma rotina de qualquer outro lugar do mundo quando se fala em hora do rush. O outro é que pouco após a ponte está o Free Shop de Puerto Iguazu. Eu tinha lido que o shopping tinha seu horário de pico justamente no início da noite, e não deu outra. Mas sobre o Free Shop, cabe dizer que é um espaço bacana, bem bonitão, organizado. Os preços não são excelentes como os do Paraguai, mas sem dúvida são melhores do que os de uma loja convencional.

Na passagem pela alfândega argentina, um funcionário olhou os passaportes (facultativos para brasileiros; mas é divertido ter o carimbo) e outra fez perguntas rápidas - questionou se eu carregava algo no porta-malas, eu disse que sim, que eram minhas malas particulares, e fui liberado sem problemas.

Poucos minutos após a alfândega está a cidade de Puerto Iguazu. Lá, nos hospedamos no bom Hotel Saint George. O hotel tem aquele jeitão de um estabelecimento que pretende ser luxuoso mas não consegue, e entrega como resultado final algo entre o decadente e o cafona. Mas nada que prejudique a hospedagem. Tem estacionamento, está próximo da rodoviária da cidade e de bons restaurantes, e a ida de lá para as cataratas, de carro, é fácil e rápida.

Fechamos o dia jantando no La Rueda. Ótimo restaurante, com preços razoáveis. A sequência "experiência argentina" (ou coisa parecida, não lembro o nome exato) é uma boa pedida - empanadas, churrasco argentino e panquecas com doce de leite.

Dia 4 - Cataratas argentinas

Como já dito, a ida do Saint George ao parque argentino das cataratas é simples. São 17 km de distância, em uma estrada de boas condições, quase que uma linha reta.

O ingresso ao parque custa 500 pesos. Informação mais do que importante: o pagamento é feito exclusivamente em dinheiro vivo e em pesos. O estacionamento custa 100 pesos, também a ser pago em dinheiro.

Curiosamente, mesmo com uma única opção de pagamento e sem possibilidade de compra online, não há filas para entrar no parque. É um processo muito mais rápido do que o do Brasil.

Ao entrar no parque, há o primeiro pulo do gato, a primeira coisa a se prestar atenção. Assim como no Brasil, o parque é dividido em setores que são acessíveis via transporte coletivo - mas na Argentina, usa-se trens em vez de ônibus. Há a Estação Central, a Estação Cataratas (ponto de partida para as trilhas Superior e Inferior e a Ilha San Martin) e a Estação da Garganta do Diabo.

Os trens saem a cada meia hora. Sim, é um intervalo muito grande - imensamente maior do que o dos ônibus brasileiros. Mas perdê-los não é um problema dos maiores, já que a caminhada entre a Estação Central e a Cataratas é de 700 metros. A questão maior é entre a Cataratas e a Garganta do Diabo. O percurso é grande e, no sentido Garganta, é na subida.

Agora falarei sobre os passeios propriamente ditos. A Garganta do Diabo é, evidentemente, a mesma que se vê do lado brasileiro. A visão é diferente - confesso que não sei hierarquizar e afirmar se é melhor ou pior. É igualmente sensacional.

A trilha Inferior é MUITO bacana. Embora não inclua a Garganta do Diabo, dá acesso a uma série de cachoeiras, onde o turista pode se molhar pra caramba. E também é o caminho para a Ilha San Martin. Essa ilha tem o acesso feito pelo mesmo ponto onde se faz o "macuco argentino", e nela se chega por um percurso de cerca de dois minutos via barco. O passeio é grátis e imperdível! A trilha Inferior e, principalmente, a Ilha têm caminhadas que exigem algum preparo físico. Não é recomendado para idosos ou pessoas com deficiência.

Já a trilha Superior é mais sem-gracinha, especialmente na comparação com todo o resto. Como eu a fiz por último, acabou sendo um "fim de festa", digamos assim.

Destaco que o roteiro que segui, nessa ordem - Garganta do Diabo / Inferior / Ilha San Martin / Superior - é o que mais costuma ser feito.

Fiquei cerca de seis horas no parque. No retorno, fui parado por uma espécie de blitz policial em que tive que pagar 50 pesos, por conta de uma taxa turística para quem visita as cataratas. É algo obrigatório e que tem que ser feito também em dinheiro vivo.

Tirei o resto do dia para passear na cidade. Dei uma volta pelos comércios, comprei vinhos bons e baratos na Vinoteca Don Jorge e comi alguns petiscos na divertida Feirinha (sim, o nome é "Feirinha" mesmo, em português! É impressionante a quantidade de brasileiros, turistas e comerciantes, nesse local). Ainda fui ao Marco das Três Fronteiras - ou melhor, Hito Tres Fronteras, na língua local. Falei acima que o marco brasileiro é legal, mas perde do argentino. O motivo disso é que o lado dos vizinhos tem muito mais espontaneidade e vivência. A entrada ao marco em Puerto Iguazu é franca. Com isso, o espaço ganha um quê muito bacana de praça pública, com artistas, vendedores de diferentes tipos de artigo, e um agradável misto de turistas e locais que enchem e curtem bem o ambiente. Reforço o que falei anteriormente: se você tiver pouco tempo e só puder ir em um marco, escolha o argentino.

Encerrei o dia jantando no Nino. A comida (parrillada) estava gostosa, mas demorou MUITO. O atraso comprometeu a qualidade do processo.

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Encerro o post dizendo que retornei ao Brasil, direto à Movida, sem problemas, e com grande rapidez na travessia da fronteira. Passei de madrugada, então não havia trânsito algum.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Roteiro de viagem para a Itália - reveillon 2016/2017 e início de janeiro

Como, para montar a minha viagem, me beneficiei muito de informações que achei via Google, vou contribuir para o ciclo e deixar alguns conteúdos aqui. Espero que sejam úteis.

Veneza
O início da minha viagem foi em Veneza. Cheguei à cidade no aeroporto e lá peguei o ônibus que faz a ligação do terminal com a Piazzale Roma (que é a última parte "normal" da cidade antes da Veneza dos canais e gôndolas). Comprei o ingresso pelo site da ATVO por 8 euros (fica 15 se você opta por ida e volta). Ao comprar a passagem, você precisa indicar apenas o dia de uso, não o horário. E basta apresentar o bilhete emitido pela internet direto aos responsáveis que operam o serviço, no próprio momento de pegar o ônibus (do lado de fora do aeroporto, próximo ao desembarque). Deu tudo certinho, é um serviço que recomendo.

O hotel lá foi o Carlton on The Grand Canal. Muito, muito bom! Tanto pelo hotel em si - confortável, com equipe atenciosa e café da manhã bom - quanto pela localização. Ele está em uma distância facilmente 'percorrível' a pé tanto da Piazzale Roma quanto da estação de trem Santa Lúcia, que foi meu ponto de saída de Veneza.

Na cidade, além dos passeios de 'exploração', entramos no Palazzo Ducale, o principal monumento. É caro (19 euros), mas vale a pena. O palácio é bem grande. Foi usado como sede administrativa de Veneza quando a região era uma poderosa república. Na visita pode se ver tanto os escritórios administrativos quanto as cadeias da Ponte dos Suspiros, uma das mais célebres da cidade. E o ponto alto do passeio é o grande salão.

Recomendo muito dois restaurantes: um é o Ai Tre Archi, que fica em uma região um pouco menos turística, mas facilmente acessível com uma caminhada a partir da estação de trem. A tábua de entrada de frutos do mar é excepcional! O macarrão também com frutos do mar é outra ótima pedida. E o vinho da casa não faz feio. Já o outro restaurante é a Trattoria la Rosa dei Venti - também em uma área menos cobiçada pelos turistas. Fui lá na noite do reveillon e comi muito, mas muito bem. E fica ainda mais perto da estação de trem.

Sobre o reveillon em Veneza: fui à Piazza San Marco, o principal lugar da cidade, que estava bem cheia, principalmente nos lugares mais próximos do canal grande. Ambiente seguro, bacana, mas a festa se resumiu aos fogos que explodiram longe dali. Claro que foi legal, mas pelo que vi em outros anos, esperava mais coisa. Não sei se foi uma decisão da cidade de fazer uma festa mais humilde.

De todo modo, fica o registro: Veneza é uma cidade MUITO legal. Mesmo. Não é pegadinha para turista. E resumi-la a um "destino romântico" é um grande, imenso erro. Veneza, pelo seu desenho, é única, incomparável, vale conhecer. É repleta de curiosidades. Então é bacana para famílias e crianças, e para qualquer um que queira explorar um lugar bem diferente de tudo.

Rimini / San Marino
O destino seguinte da minha viagem foi a República de San Marino, um país pequenininho encravado dentro da Itália. Mas como San Marino não tem ligação ferroviária direta e eu também não tinha a intenção de passar uma noite lá, usei a cidade de Rimini como base. Então foi em Rimini que cheguei por trem e pernoitei.

Fiquei no Hotel Trieste. Eu só teria elogios a fazer ao hotel, não fosse por um detalhe: ele é mais distante da estação de trem do que parecia ser pelos mapas. E a estação de trem seria o local onde eu pegaria o ônibus que liga Rimini a San Marino. Com isso, mudei os planos e fui a San Marino de táxi. Ficou 50 euros por trecho. Como estávamos em três pessoas, acabou não sendo tão salgado assim.

No fim das contas, ficar em Rimini foi um errinho estratégico. Dava para ter ido a Bolonha (que foi meu destino seguinte na viagem) e ter feito um bate-volta a Rimini, saindo direto da estação de trem para o ponto de ônibus, e retornando no mesmo procedimento. Por outro lado, o que compensou de Rimini foi que lá tive, talvez, a melhor refeição de toda a viagem, no Fratelli La Bufala. Depois ainda passamos no Bounty, que é uma mistura meio doida de restaurante, bar e balada. Rimini valeu ainda para adicionar outra cidade ao currículo...

Bem, mas falemos de San Marino. Como já dito, fui para lá de táxi. O taxista me deixou na entrada do Centro Histórico, que é onde se faz o turismo por lá. Aliás, uma observação: quem vai para San Marino e não está muito atento (ou não liga muito pra essas coisas) não percebe que está em outro país. A 'divisa' entre San Marino e Itália é, na prática, inexistente; na estrada, de repente as sinalizações começam a mencionar San Marino, e fica nisso. Como todo mundo fala italiano e a culinária é italiana, pode se achar que está simplesmente em outra cidade da Itália.

Enfim: o Centro Histórico de San Marino é um lugar ótimo e vale muito a visita. Tem aquele jeitão das vilazinhas medievais europeias, com ruas de pedra, construções com cara de castelo, bares e restaurantes com cara boa a cada esquina. E muitas, mas MUITAS lojas. Por conta de impostos mais reduzidos, lá se vende de tudo. Roupas de marca, artigos esportivos, souvenires de tudo quanto é tipo e até mesmo armas (que não sei até agora se são autênticas ou não).

O ponto alto da visita a San Marino são as três torres de lá, Guaita, Cesta e Montale. Nas duas primeiras se pode entrar e subir; na outra, só ver pelo lado de fora. Subir nas torres é divertido, e a vista compensa. A visão que se tem do alto (de qualquer uma delas) é muito bonita. Além disso, o trajeto entre elas, coisa de três minutos a pé entre uma e outra, é igualmente belo. Vale ir às três.

A entrada é paga. Eu paguei 10,50 por um bilhete que incluía, além das torres, acesso ao Palazzo Pubblico, Museo di Stato e Museo San Francesco. Não fui a este último museu; o Palazzo Público é bacana, por ser a sede administrativa do país, e o Museo di Stato eu vi muito pouco, já que cheguei minutos antes do fechamento. De todo modo, acho que valeu a pena ter pegado esse ingresso conjunto.

Outra despesa que tive em San Marino foi de 5 euros para carimbar o passaporte com o "Visto Turístico", o que fiz em um posto de informações. É algo que não serve para nada prático, se faz apenas por diversão. Fica legal no passaporte.

Não fui a outras atrações de lá, como o Museu de Cera e o da Tortura (!). Também não peguei o bondinho que liga o Centro Histórico à cidade de Borgo Maggiore, que parece ser um lugar mais convencional, pouco interessante para o turismo.

Voltei a Rimini de táxi, que, como já dito, custou 50 euros.

Bolonha
No dia seguinte fui a Bolonha de trem, uma viagem rápida e tranquila. Na cidade, me hospedei no Hotel Paradise. Muito recomendado. Não é luxuoso (longe disso), mas é limpo, confortável e tem um bom café da manhã. Além disso, fica a uma distância tranquilíssima da estação de trem e da Piazza Maggiore, o principal lugar da cidade.

Um dos passeios que fiz na cidade, logo no primeiro, dia, foi correr atrás dos sete segredos de Bolonha. É um roteiro bacana porque, mais do que ver os segredos (alguns deles nem são tão grande coisa assim), permite conhecer bem a cidade, marcar alguns lugares para depois serem visitados novamente com mais calma. Ah, sim: mas assim como indicado no link, não achei o último segredo...

Vale bem a pena ir na Torre Asinelli. O ingresso custa apenas três euros, e é comprado na hora, sem burocracia. Quando fui, havia uma fila, mas que se resolveu rapidamente. A subida é cansativa? Sem a menor dúvida. Não é um passeio recomendado para idosos, crianças pequenas ou pessoas com dificuldade de locomoção. Mas para quem não se encaixa nesses grupos, compensa bastante ir. A vista lá de cima é bem legal. E ao lado da Torre há uma praça simpática, restaurantes e a sorveteria Gianni, amplamente recomendada.

Outros lugares em que entrei em Bolonha: Basílica de Santo Stefano (gratuita, com uma praça bonita na frente e uma série de coisas para se ver); Basílica de San Petronio (gratuita, mas cobra-se 2 euros para ter o direito de tirar foto); Teatro do Archiginasio (3 euros para ver o teatro de anatomia, é interessante; ver a biblioteca é de graça); Biblioteca Salaborsa (é grátis e parece ser bem legal, mas cheguei minutos antes do fechamento, então não aproveitei o espaço).

Falemos agora sobre comida. Gostei muito do restaurante Il Moro. Já no badalado La Montanara a experiência foi um pouco menos legal. Não que a comida tenha sido ruim, mas foi menos boa que a do Il Moro e o atendimento foi PÉSSIMO, o pior que encontrei em toda a Itália.

Uma experiência gastronômica bem bacana foi o Mercato di Mezzo. Fica numa região super agradável, próxima à Piazza Maggiore, e o ambiente é bem legal, com vários restaurantes que têm comidas de vários perfis. Não fiz nenhuma refeição "pra valer" por lá, apenas bebi vinho/cerveja e comi alguns petiscos. Onde também fui beber vinho e curti foi no bar da Eataly, em frente ao Mercato. O legal da Eataly é que os vinhos ficam expostos como em um mercado, e você aponta ao garçom qual quer beber. Há petiscos também bons.

Já o Mercato delle Erbe é um pouco menos legal para quem quer beber e petiscar. Esse é mais um mercado no sentido estrito da palavra, com bancas de frutas, verduras e legumes. Há duas praças laterais com bares e restaurantes. Os preços não são baratinhos (também não são no Mezzo, cabe registrar). Além disso, fica um pouco mais distante da região central. Vale ir para quem tem muitos dias na cidade; caso contrário, não colocaria entre as prioridades.

Hospedado em Bolonha, fiz dois passeios externos, relatados nos próximos itens.

Ferrari & Pavarotti Land
O primeiro foi o Ferrari & Pavarotti Land. O nome já diz do que se trata o percurso, que é completado por partes gastronômicas.

Antes de mais nada, registro que o site do Ferrari & Pavarotti é tão completo, mas tão completo que chega a ser confuso. Quando comecei a pesquisar, achei que o visitante tinha a possibilidade de escolher qual roteiro gostaria fazer, dentro do mesmo dia; depois entendi melhor que o calendário é fechado por dia, e a escolha do turista se dá sobre o dia em que quer passear, sem modificações dentro do dia escolhido.

O ponto de partida e chegada do passeio é a rodoviária de Bolonha (Stazione Autolinee). Embora seja próxima da estação de trem, trata-se de um outro lugar - isso é importante para não chegar à estação de trem e ficar perdido... No dia em que fui, o ônibus estava na plataforma 25. É tudo bem sinalizado, não tem como errar. O passeio saiu e retornou na hora prevista (saída 9h, chegada 19h). Outra informação prática: comprei o ingresso pela internet e não precisei fazer nada além de imprimir o voucher e mostrar ao motorista.

Agora o passeio em si. No dia em que fui, eram esses os destinos, em ordem: Museu Casa Pavarotti; Gavioli Antica Cantina; Museu Enzo Ferrari; Museu della Salumeria; Museu Ferrari de Maranello.

Falemos sobre eles. O museu do Pavarotti é bem interessante, até mesmo para quem, como eu, não conhece nada do cantor a não ser o óbvio. O local é a casa onde ele passou grande parte da vida e também onde morreu. Então lá estão preservados o banheiro, a cozinha, a sala de brinquedos da filha, entre outros cômodos. Há também muitas fotos, cartazes e prêmios e outros itens que deixam clara a grandeza do cantor. Ah, e o ingresso contempla um audioguia que tem português entre as opções.

Já a Gavioli não foi um passeio dos mais bacanas. A visita não é ao local onde se plantam as uvas, e sim a um galpão/loja. A primeira parte do passeio é em uma espécie de museu histórico da produção de vinho, com equipamentos antigos. Depois, carros históricos patrocinados pela empresa (inclusive uma réplica da Williams de Senna). Por fim, os tonéis dos vinhos. Quando eu fui, a má impressão se acentuou por conta de um funcionário um tanto quanto grosseiro, que tratou mal sua jovem colega.

O Museu Enzo Ferrari é SENSACIONAL. Eu nem tinha tantas expectativas pra ele, porque achei que seria mais sobre a vida de Enzo e menos sobre a escuderia. Mas vale cada centavo do passeio. A recomendação é ver os dois filmes projetados em 360 graus no espaço principal do museu.

O Museu della Salumeria é interessante. Mas a visita com o tour acabou sendo meio atropelada. A guia - super disposta e com conhecimento do assunto - se desdobrava para atender um grupo imenso que chegou todo junto. Certamente o passeio seria mais legal se feito com mais calma.

Por fim, o dia foi muito bem concluído com o Museu Ferrari de Maranello, que é ainda mais legal do que o Museu Enzo Ferrari. A primeira parte dele é dedicado à marca Ferrari; depois, a prioridade vai para a escuderia de Fórmula 1. Quem gosta só um pouquinho de automobilismo já vai achar muito legal - para um apaixonado, então, é a perdição. Além disso, conta com uma loja muito bacana. Espetacular!

Enfim, o veredicto final sobre o Ferrari & Pavarotti Land é: a parte Ferrari e Pavarotti é excelente, as demais nem tanto. Mas recomendo a todos, porque os eventuais defeitos são compensados pelas virtudes. Só cabe uma ressalva importante: não há nenhuma parada 'oficial' para almoço. A dica é levar um lanchinho consigo ou aproveitar a cafeteria do Enzo Ferrari para se alimentar.

Parma
O outro bate-volta que fiz a partir de Bolonha foi para a cidade de Parma. Ida e volta de trem, com grande tranquilidade.

Saímos bem cedo (7h05) de Bolonha porque fomos visitar uma produtora de queijo, o Caseificio San Pier Damiani. A visita tem que ser agendada e se inicia às 8h30. Agendei pelo email info@caseificiosanpierdamiani.it, quatro meses antes da viagem - não sei se é necessária tanta antecedência, mas como estava me planejando, precisava saber se o passeio estaria ou não disponível. Cheguei em Parma por volta de 7h50 e fui de táxi até o Caseificio. Ficou 12 euros, tanto na ida, quanto na volta. É um trecho rápido, coisa de 15 minutos.

A visita ao Caseificio foi bem bacana. Cabe um alerta inicial: é um passeio NADA artificialmente turístico - o que é muito bom por ser bem autêntico, mas pode inibir pessoas que curtam programas mais estruturados. Quem conduz a visita é a proprietária do espaço, que se divide entre os turistas e a necessidade de colocar a mão na massa para ajudar o marido e o funcionário do estabelecimento, que trabalham todos os dias da semana, sem folga. Ela dá as explicações somente em italiano. Mas creio que mesmo quem não fale o idioma tende a achar legal o passeio. Afinal, é possível ver todas as etapas da produção do queijo, e acabar com uma degustação bem interessante.

Saí do Caseificio e fui até a região central da cidade. Tomei um café e comi lanches na Sorelle Picchi, um espaço bem agradável. Depois, curti a bela Piazza Garibaldi e fiz uma caminhada rápida para o Duomo de Parma e, por fim o Palazzo Pilotta. Não entrei no Duomo, que é pago.

O Palazzo Pilotta é legal de se conhecer. Por 10 euros, têm-se acesso à bela Galleria Nazionale (de quadros), o interessantíssimo Teatro Farnese e o Museo Archeologico. É um passeio que pode levar cerca de duas horas.

Depois retornei à Piazza Garibaldi onde almocei em um restaurante cujo nome não estou localizando, mas do qual gostei bastante da entrada e dos cappeletti em brodo.

Por fim, fechei o dia na cidade passando em uma simpática feirinha na Piazza Ghaia. Não sei se é algo diário ou se demos sorte por estarmos lá no dia 6 de janeiro, em que havia uma série de celebrações pela cidade.

Milão
Depois de deixarmos Bolonha, nosso destino foi Milão, onde ficamos pelos dias seguintes.

O hotel foi o Windsor. Boa escolha, sem dúvidas. Bonitão, confortável, com café da manhã excelente, ao lado de uma estação de metrô (Repubblica) e a uma caminhada bem razoável da estação central. Em frente ao hotel há uma linha do bondinho da cidade; li algumas críticas no TripAdvisor, dizendo que o barulho do bondinho era excessivo. Não me atrapalhou de dormir, e olha que tenho sono leve. Nada que janela fechada e o ar condicionado ligado não resolvam.

Como foram muitos dias na cidade e, por consequência, muitos passeios realizados, os locais serão citados em forma de tópicos. Mas antes de entrar na citação dos espaços, uma dica geral: o Milano Card não foi uma boa. Ao contrário do que se diz no site, ele não foi aceito no Duomo, no Museo del Risorgimento e na Pinacoteca di Brera. Não sei se eu deveria ter batido o pé para forçar o uso, mas não deu jeito. Só serviu no Estádio San Siro, com desconto de 3 euros. E o transporte incluído é algo que pode ser comprado em qualquer estação de metrô. Não recomendo a ninguém.

Bem, aos passeios:

- Duomo: o grande símbolo de Milão, que merece e muito ser visitado. A catedral é linda, a praça é bem bacana e a vista que se tem do teto é ótima. Pagamos 15 euros para a visita e a subida ao teto por elevador (embora depois tenhamos ficado com a impressão de que dava para ter encarado as escadas a pé numa boa). Cheguei lá por volta de 9h30, e praticamente não havia fila, e eu comprei o ingresso na hora. Mas, pela estrutura lá montada, deve haver fila grande em determinados dias/horários. Enfim, tem que ir.

- Piazza Degli Affari: um pouquinho para a frente do Duomo. Vale ir para ver a escultura engraçada que domina a vista.

- Galeria Vittorio Emanuele: é ao lado do Duomo, então é meio impossível não vê-la/visitá-la. Mas cabe um registro: apesar de linda, não tem muito o que se fazer dentro. É contemplar e seguir o passeio.

- Luini: lanchonete na região do Duomo que serve os 'panzerotti', uma espécie de sanduíche frito ou assado. Sempre tem fila, tem que comer de pé, mas é muito bom! Vale encarar a fila, até porque costuma andar rápido.

- Casa degli Omenoni: pertinho da Luini. Vale uma passada para ver, de fora, as curiosas esculturas.

- Pinacoteca di Brera: muito interessante. Tem um acervo imenso. Segundo diz a história, Napoleão fomentou o lugar, com a expectativa de torná-lo o "Louvre da Itália". O ingresso se compra na hora, a 10 euros.

- Museo del Risorgimento: fica ao lado - ou melhor, nas costas - da Pinacoteca. É sobre a unificação da Itália, portanto recomendado a quem gosta de história. A visita é rápida.

- Teatro alla Scala: é um dos mais importantes espaços para ópera de todo o mundo, com interior impressionante. Tem um museu, cujo passeio permite ver um pouco do grande salão. Eu não fui ao museu; dei uma sorte danada de, pouco antes da viagem, receber pela mala direta do Vivaticket.it o aviso de que o teatro receberia um concerto-ensaio, com preços baratos. Comprei minha entrada por 5,50 euros. O lugar era péssimo - não dava nem para ver o palco! Mas valeu a visita de toda forma, por permitir ver a atmosfera do teatro e curtir a música. A dica que dou é ficar de olho nas promoções.

(esse trajeto foi todo feito em um dia, com tranquilidade e sem cansaço. Mapa: https://goo.gl/maps/oqD4Z1hZtdz)

- San Siro: a visita ao campo de Inter e Milan e ao museu do estádio custa 17 euros (14 com o Milano Card; foi o único lugar em que consegui usar o desconto). Não precisa comprar o ingresso com antecipação. Abre às 9h30 e, quando eu fui, não peguei fila alguma. Fica ao lado do metrô, facílimo de chegar. Sobre a visita, o que tenho a dizer é o seguinte: para os apaixonados por futebol (meu caso), qualquer ida a um estádio é bacana. Mas para quem não gosta muito, o museu decepciona bem. Tem praticamente só camisas, e nada mais. E a visita não tem guia fixo, o visitante fica um pouco largado. Repito: impossível quem gosta de futebol não curtir; para os não apaixonados, não sei se sugeriria.

- Fabbrica Vapore: indicações muito positivas me animaram a visitar esse lugar, de fácil acesso, ao lado dos metrôs Cenisio e Monumentale. Lá, vi a ótima exposição The Art of The Brick.  Paguei 16 euros pelo ingresso, comprados na hora. A exposição foi muito bacana, valeu ter ido, mas o espaço decepcionou um pouco. Não havia nada lá para ser visto além da exposição propriamente dita. Talvez ser uma segunda-feira influenciou um pouco.

- Cemiterio Monumentale: por eu ter ido lá numa segunda-feira, não consegui entrar no cemitério. Mas ele de fora impressiona. Acredito que por dentro deva ser ainda mais bacana.

- Gae Aulenti: uma praça modernosa em uma região um pouco menos central de Milão. Vale conhecer, por ser um lugar bonito e ter uma série de lojas e restaurantes. Além disso, é perto dos outros dois lugares que citarei, bem famosos.

- 10 Corso Como: lugar que mistura loja, galeria de arte e restaurante. É um ambiente totalmente diferente do que pensamos em relação a uma loja, como este post do Ricardo Freire descreve bem. Acho que é possível fazer uma análise similar à que fiz para o San Siro: para quem gosta de moda, deve ser imperdível; para quem não gosta (meu caso), não trataria como um passeio recomendado. De todo modo, estando perto, cabe ir lá e dizer que viu.

- Eataly: como já existe uma Eataly no Brasil, o espaço não chega a ser uma novidade. Ainda assim, recomendo bastante a visita. A parte inferior é um mercado (onde pode se comprar tudo quanto é coisa ligada à gastronomia) e, nos pisos superiores, há restaurantes e bares. Não fiz uma refeição por lá; bebi vinhos e comi petiscos sensacionais em uma dessas cantininhas.

(o roteiro, feito da Fabbrica Vapore à Eataly, tranquilamente percorrível: https://goo.gl/maps/Pxfi43mFm252)

- Castello Sforzesco: um dos cartões-postais da cidade. Abriga um monte de museus (todos pequenos, de visitação rápida, com um único ingresso de 5 euros) e é a porta de entrada para o Parque Sempione. Vale muito ir ao castelo e conhecer os museus, até pelo ingresso barato. Dá para ir - e é um passeio bacana - do Duomo até o castelo numa boa. Quanto ao parque: é bonito, mas nada de excepcional. Não fui à Torre Branca e a arena Gianni Brera, primeira casa da Internazionale, só pode ser vista do lado de fora.

- Cenacolo Vinciano: é a igreja que abriga o muro onde está pintada a famosíssima última ceia do Leonardo da Vinci. Recomendo bastante a visita. Sim, todos conhecemos a obra de cor e salteado, mas ver de perto é outra coisa - e, vai por mim, é muito mais legal do que a Mona Lisa. Os ingressos, via de regra, precisam ser comprados com muita antecedência. Eu comprei o meu três meses antes da visita, mas curiosamente, no dia em que fui, um homem comprou na hora; a funcionária disse que foi pura sorte. Compra-se no site Vivaticket. Ah, é um pouquinho longe do metrô, mas nada de mais.

Agora, comentário sobre dois bairros:

- Brera: o bairro onde fica a pinacoteca e que é próximo do Duomo reúne um bom número de restaurantes e tem um ambiente bem legal. No entanto, faço uma ressalva: Brera não me pareceu tão 'boêmio' quanto as informações que li na rede sugeriam. Diria que é adequado para um jantar a dois, não para beber cerveja ou curtir uma balada.

- Navigli: já esse bairro, um pouco mais longe da região central, supre as carências de Brera que mencionei antes. Há bares de tudo quanto é tipo e restaurantes de qualidade. E chegar lá é muito fácil, o metrô Porta Genova dá praticamente na cara dos canais.

Agora que já mencionei restaurantes, dicas:

- Alla Cadrega e Il Paiolo: cito os dois em conjunto porque são restaurantes parecidos. Menu italiano clássico e preços justos. Além de ambos serem próximos ao Hotel Windsor e à estação central. Recomendados.

- Pizzeria di Gennaro: esse restaurante fica ao lado da Luini e, por isso, acaba sendo escondida pelas filas da lanchonete durante o dia. E é uma ótima opção para pizzas e pratos italianos clássicos. Não é dos mais caros.

- Kawa: sim, eu fui a um restaurante japonês na Itália! Sei que é meio heresia, mas ele parecia uma boa opção para comer a valer em Navigli. E deu certo. Menu "all you can eat" a 18 euros, que funciona direito, sem regulação. Acho que os melhores restaurantes japoneses do Brasil ganham do Kawa, mas isso não faz de lá um mau lugar.

Bernina Express
A indicação de um amigo me deu vontade de fazer o passeio turístico Bernina Express. É uma linha de trem que liga os Alpes Suíços a diferentes pontos da Itália (alguns links: aqui e aqui).

Pesquisa daqui, pesquisa dali, acabei ficando meio receoso em produzir o passeio por conta própria e acabei comprando essa excursão aqui na Viator.

Trata-se de um roteiro que se inicia em Milão às 7h e volta à cidade 20h. Começa com uma viagem de ônibus a Tirano, que é o ponto de partida do trem; depois, vai-se de trem a Saint Moritz, na Suíça; fica-se na cidade por cerca de uma hora, e, por fim, ocorre o retorno, de ônibus, a Milão.

Essa foi a descrição objetiva, agora passemos aos comentários. A viagem é operada pela Zani Viaggi, agência cujo escritório fica em frente ao Castello Sforzesco (facílimo acesso). Lá é o ponto de chegada e saída do rolê.

O passeio tem, sim, uma dinâmica de excursão. Guia falando no ônibus, hora marcada para sair de cada lugar, essas coisas. Mas as guias que conduziram o passeio no dia em que fui foram muito corretas. Explicaram as informações com conteúdo e sem afetação, foram simpáticas na medida certa e não forçaram a barra para haver interação entre os passageiros.

Chega-se a Tirano na hora do almoço. Não à toa, um pouco antes de alcançar a cidade a guia começa a falar sobre as maravilhas gastronômicas da região e sugere um restaurante que atende especificamente o que foi dito. Aceitamos o almoço, no restaurante Ai Portici, que custou 16 euros, com pizzochero (o macarrão típico da região de Valtelina), um presunto diferente de entrada (cujo nome não lembro) e uma garrafa de vinho por mesa. Foi ruim? Não! Valeu 16 euros? Não sei. O pizzochero estava ótimo, mas contemplar apenas um prato disso, uma entradinha pequena e uma garrafa de vinho por mesa (e um vinho ruim) por 16 euros pareceu meio injusto.

Bem, depois do almoço iniciou-se a viagem no Bernina Express. O trem anda pouca coisa pela Itália e depois de uns 10 minutos já está em território suíço. Aliás, sobre isso cabe um comentário: não há nenhuma fronteira física entre os países e nem mesmo controle de passaporte - a guia disse que há ocasiões em que os funcionários pedem os documentos, mas isso me pareceu uma exceção.

E sobre a viagem em sim... bem, é espetacular, sensacional, linda, ou insira aqui o adjetivo que você quiser. As paisagens são sensacionais. São praticamente duas horas de "oh", "uau", "caramba" e afins - ainda mais para quem vai no extremo inverno, o que foi o meu caso. É tudo muito bonito mesmo. Parece que, sei lá, estamos em outro planeta.

O rolê de trem é a grande atração da excursão. Em Saint Moritz, fica-se apenas uma hora - tempo suficiente para ver o lago da cidade (que estava completamente congelado) e comprar uns chocolates na parte superior. É claro que dá vontade de ficar mais, mas é compreensível.

Depois, o retorno a Milão é feito por ônibus. Com direito a algo assustador no começo da brincadeira - a Maloja Pass, uma rodovia tão bela quanto temida.

Como já dito, chega-se a Milão por volta de 20 horas, lá no escritório da Zani, em frente ao Castello Sforzesco.

Esse passeio foi uma das coisas mais bacanas que já fiz, em todas as viagens. Valeu muito a pena. Por outro lado, não sei se recomendaria essa excursão via Zani. Se por um lado é bom ter tudo organizadinho, por outro ficar com o tempo muito contado é algo chato. Talvez, se tivesse tempo sobrando, iria e voltaria de Bernina a Tirano, dormiria uma noite na cidade e só depois retornaria a Milão. Bem, cada um monte o seu.

Saída de Milão
Fui embora de Milão pelo aeroporto de Malpensa. Peguei um ônibus, o Malpensa Shuttle, que liga a Estação Central ao aeroporto. Comprei online e bastou mostrar o voucher impresso ao motorista, sem mais burocracias - como fui de madrugada, não precisei marcar hora no site. O ônibus leva 50 minutos para chegar ao aeroporto.

Frio
Um comentário que vale para todo esse meu período na Itália: FAZ MUITO FRIO!!! Minha nossa, o frio que peguei lá nessas primeiras semanas de janeiro foi absurdo. Creio que a temperatura variou entre +5 e -5. E em Saint Moritz foi para algo em torno de -10. Ou seja, o bicho pegou. Não subestime o frio da Itália!

Trenitalia
Outro comentário geral. Li em mais de um blog relatos falando sobre como era difícil comprar passagens pela Trenitalia. Olha... essa foi minha segunda viagem para a Itália, e posso afirmar sem medo de errar que o processo foi bem simples. Basta fazer um cadastro simples e pronto. É, talvez, mais fácil do que comprar passagens de avião. Ah, sim: falando nisso, vale a mesma dica que serve para a compra dos bilhetes nas aéreas - antecedência! As passagens variam muito de acordo com horário, dia, etc., etc.. Mas a antecedência garante preços baixos. Todas, literalmente todas as viagens que fiz custaram 9,90 euros (por trecho). Um deslocamento bem mais barato (e fácil!) do que se fosse por avião.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Resumo-resenha da reportagem "Why data-driven campaigns should think like Facebook"

Link para o texto: http://www.campaignsandelections.com/campaign-insider/2407/why-data-driven-campaigns-should-think-like-facebook

O texto fala sobre como pensar os dados na campanha. O autor fala que existe muita confusão e nenhum consenso sobre o que seria uma campanha de 'big data', ou seja, uma campanha baseada em dados. E diz que nesse universo é melhor pensar em qualidade do que em quantidade.

Então vem o X da questão do artigo: a apresentação dos conceitos de first-party data, second-party data e third-party data. Confesso que não entendi muito bem a diferença entre second e third, mas a do first para os outros é essencial.

First-party data são aqueles dados que a campanha coleta diretamente, sem intermediários. O autor resume que são aqueles dados que o eleitor QUER compartilhar com a campanha. Por isso, são extremamente ricos - ainda que não sejam tão amplos e vastos.

Já os second e third (por isso que não entendi tanto a diferença) são os que vêm de outras fontes. Acredito que a principal diferença entre eles seja que os second sejam os first que foram obtidos (com cessão voluntária) de outra fonte - por exemplo, um partido dando dados a determinado candidato, ou dados precisos do governo indo a uma campanha. Os third, por sua vez, são (acho eu) os dados estatísticos, como por exemplo o percentual de praticantes de uma religião em determinada cidade.

O autor diz que o pulo do gato, então, é transformar os third em first. Um erro comum nesse processo é achar que pessoas encontradas no first querem, de fato, ser o seu público - alguém pode estar na faixa de renda que você prevê, ter votado como você gostaria, mas isso não se converte em uma adesão automática à sua plataforma. Não se deve mandar spam a essas pessoas. Um contato intermediário é um caminho melhor.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A urna eletrônica brasileira é segura? É, dentro do possível

E a confiabilidade das urnas eletrônicas brasileiras volta a ser posta em xeque. Agora, as desconfianças têm mais consistência que a média - saem do papo do "isso aí tem mutreta" e chegam a um patamar mais verossímil. Um hacker, segundo noticiado pelo site Gizmodo, fraudaria as eleições atuando na transmissão dos dados entre as urnas e o Tribunal Regional Eleitoral. Sua base seria o Rio de Janeiro. As investigações já estariam a cargo da Polícia Federal, e a nós, agora, caberia apenas aguardar.

Se procedente, a situação leva o questionamento sobre a confiabilidade da urna eletrônica - ou melhor, sobre o sistema de votação - brasileiro a outro patamar. Digo isso porque, desde a implantação do sistema, em 1996, não houve ameaças críveis sobre o método. Não leve a sério as teorias conspiratórias e nem a mentalidade do "no Brasil nada dá certo". Pode acreditar: nosso sistema eleitoral é, sim, de ponta, é, sim, um dos melhores do mundo.

Diria mais: as falhas que há no sistema brasileiro estão no limite do impossível, na fronteira do "melhor do que está aí não dá pra ficar".

A matéria do Gizmodo cita como problemas do sistema nacional: a falta de auditorias independentes e o fato de o voto ser integralmente digitalizado, não possuindo um correspondente em papel. E sugere que outros países têm alternativas de segurança positiva, como a impressão do voto ou de um código que possibilite a conferência entre o registrado na urna e o idealizado pelo eleitor.

Pois bem: com exceção das auditorias independentes, nada do que o Gizmodo cita contribui para o aumento da segurança no processo de votação. O motivo disso é simples: "segurança na votação" não é algo que se resume ao processo estritamente de inserção do voto e apuração. Não basta manifestar o voto e ver sua contabilização precisa. Um sistema seguro garante que os eleitores não serão pressionados. E um papelzinho pós-voto acabaria com isso sem muito esforço. Aquele comprovantezinho idealizado para dar segurança ao eleitor vira a ferramenta perfeita para que o voto de cabresto / com coerção se manifeste. Basta apresentar o documento a quem é de interesse e, pronto, está feito o processo.

Acende-se a luz amarela para as eleições no Brasil, mas não creio que iremos além disso. Até porque, reitero, nem há muito o que avançar - ou melhor, não há um ideal pré-definido nos esperando.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Teste de civilidade

Brasileiro adora viajar pelo mundo e retornar contando, maravilhado, o que viu de bom por lá. Não é por menos: em muitos lugares do planeta há um sem-número de coisas bacanas que não encontramos em terras nacionais (e a recíproca é verdadeira). Entre os itens elogiados, estão as belezas naturais, avanços tecnológicos, gastronomia especial e... noções de civilidade e cortesia. Não se trata de ser puxa-saco de estrangeiros, nem de aderir ao famigerado complexo de vira-lata; o fato é que há alguns costumes que, sim, são mais legais do que os que temos aqui.

O problema é que, em muitos casos, a pessoa que se encanta com a outra realidade não se esforça muito para implementá-la no Brasil. O que costuma ocorrer é um endeusamento do que é feito seguido de críticas intermináveis aos "brasileiros", como se a própria pessoa não fosse ela mesma um brasileiro e pudesse dar a sua contribuição para que as coisas melhorem. Parece ser mais fácil criticar a amorfa e inidentificável categoria chamada "povo" e dizer que "o povo precisa de mais educação". Impreciso, no mínimo.

Pois bem: começa em São Paulo um grande teste para que a população paulistana (e da região metropolitana da capital como um todo, e até de outros locais, já que São Paulo recebe diariamente milhares de pessoas de outros municípios) mostre que quer ser civilizada, que tem noção de coletividade, que se preocupa em aderir ao primeiro mundo de suas utopias. Primeiro com uma campanha "educativa", e agora na base de multas, as autoridades do trânsito de São Paulo vão tentar fazer com que os motoristas da cidade efetivamente respeitem as faixas de pedestre.

Afinal, em São Paulo (e acredito que em tantas outras cidades, aqui e fora) as faixas são apenas meros objetos decorativos no meio das ruas. O pedestre até opta por utilizá-las, mas não existe motorista em sã consciência que pare quando vê alguém pronto para atravessar a rua pisando nas listras brancas.

Como é tudo recente, ainda não temos como aferir se a medida deu ou não resultado (eu torço para que dê). Mas já arrisco uma previsão: um imenso número de motoristas furará as regras, receberá uma multa, ficará indignado com "a indústria das multas" e elogiará a civilidade "que se vê no primeiro mundo". A aguardar.

Abaixo, matéria da Globo a respeito:

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Da pancadaria emerge uma lição

Eu não gosto de MMA. Não chego a ser como meu amigo Eduardo Maretti, que repudia o esporte com todas as forças, mas o fato é que não vejo graça, não me entretenho vendo uma luta do UFC.

Mas independentemente do que eu ache, o fato é que o MMA pegou no Brasil. Deu certo. O esporte é um sucesso. Frequenta capas de jornais e, o mais importante, conversas na rua. Os brasileiros gostam de MMA, os brasileiros assistem ao MMA, os brasileiros têm real interesse no MMA. A prova disso se vê em números. A transmissão do UFC Rio, no final de agosto, deu à RedeTV! a liderança no Ibope.

A ascensão do MMA chama a atenção. Por muitas vezes, nos acostumamos aqui no Brasil a um discurso - e preparem-se, ano que vem é ano de Olimpíada, ele aparecerá fortemente - de que o esporte precisa de "apoio". Por essa análise, é preciso que patrocinadores em geral e, principalmente, o poder público, deem suporte técnico e financeiro a diferentes modalidades esportivas, para que elas possam cair no gosto do público e desenvolverem plenamente seu potencial de formar campeões. Ainda nessa linha de raciocínio, só assim se conseguiria superar a cultura "monoesportiva" do Brasil, onde supostamente só o futebol interessa.

Pois bem, enquanto na maioria dos esportes olímpicos o patrocínio estatal impera - alguém se lembra de algum atleta expressivo que não ostentava as marcas de Petrobras, Caixa, Banco do Brasil ou similares nos uniformes? - o MMA conseguiu caminhar com suas próprias pernas. Seus competidores são financiados por empresas particulares. Anderson Silva, a principal estrela nacional na categoria, tem feito propaganda atrás de propaganda, além de ter se tornado uma figura quase que permanente nos programas esportivos.

É claro que o MMA tem uma gigante estrutura profissional por trás. O negócio gera dinheiro, expressivas quantias, em especial nos EUA, a terra do marketing e dos bons negócios. Ainda assim, não se pode tirar o mérito do esporte. Se uma fábrica de motos ou restaurante fast-food se propõe a ter Anderson Silva como garoto-propaganda dos seus produtos, é porque vê nele um bom chamariz, acredita que ele tem potencial de mercado. "Merece", portanto, ter seu esporte financiado.

A demanda por apoio por parte dos praticantes dos esportes olímpicos é justa - afinal, financiar o esporte é uma obrigação governamental, está na Constituição e tudo o mais. Mas o exemplo do MMA merece ser anotado e ponderado por cada um dos esportistas que irá ao público reclamar por verbas nos próximos meses. Sem apoio governamental, o MMA deu certo. Se consagrou como entretenimento. Será que é "só" de apoio que os outros esportes precisam para caírem no gosto popular?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sobre o voto distrital

Tem ganhado força o debate sobre o voto distrital. Há um movimento organizado - que se diz apartidário - de nome #EuVotoDistrital, que mantém um bom site e que almeja o recolhimento de um milhão de assinaturas para que o projeto seja analisado com mais força pelos congressistas.

A discussão sobre o voto distrital é bacana, e por dois aspectos. O primeiro é por ser um debate essencialmente político, no sentido mais preciso do tema. Não se tratam daquelas mobilizações vagas "contra a corrupção" ou "por mais educação e saúde", temas nos quais todo mundo concorda. É uma discussão concreta, em que se apresenta um problema e uma solução prática a ele. A outra virtude é que discutir o voto distrital é algo que vai com precisão a um dos maiores problemas da política nacional, o Poder Legislativo - muitas vezes, a culpa é jogada unicamente nas costas no Executivo, sendo que sabemos que são os congressistas os principais responsáveis por defeitos que aparecem por aí.

Mas apesar dessas virtudes, eu discordo do movimento. Acho que o voto distrital não é uma solução (aliás, serei justo: o site em nenhum momento trata a questão como a panaceia universal; só aponta que algumas falhas serão diminuídas se o sistema for adotado). E aponto isso por dois motivos:

- segundo seus defensores, o voto distrital, por eleger deputados federais ligados a distritos específicos, faria com que os representantes estariam mais próximos da população, que assim poderia cobrá-los com mais eficácia. A premissa é até válida, mas analisemos na prática: nas cidades, com os vereadores, existe tal cobrança? Será mesmo que as populações de municípios de 200, 100 e até mesmo 50 mil habitantes são tão vigilantes assim a ponto de impedirem desmandos? Sabemos que corrupção existe no Brasil em entes de tudo quanto é porte. Acreditar que a população passará a ser ativa de uma hora pra outra apenas por uma questão de "proximidade" é algo utópico demais. E nega o que já acontece na realidade.

- acredito - e isso é uma visão pessoal - que deputados federais não têm que representar "minha cidade", ou "meu bairro". Na Câmara e no Senado se votam assuntos de interesse de toda a nação - acordos internacionais, leis relativas a questões familiares como adoção e casamento homossexual, legislações penais, políticas tributárias... ou seja, a maior parte dos assuntos transcende uma comunidade em especial. Aliás, nestes debates maiores, não se vê - numa suposição - os deputados do Amapá votando de um jeito e os do Rio Grande do Sul de outro, apenas para citar dois extremos geográficos do país. Os parlamentares acabam se posicionando mais de acordo com suas convicções pessoais e outros interesses. A representação atual permite que categorias - evangélicos, homossexuais, esportistas, mlitantes da cultura, etc - elejam seus representantes, o que é muito bom! Esse tipo de vínculo pode ser muito mais forte do que o local, em muitos casos.

Além disso, acho que o movimento se equivoca ao pautar parte de suas críticas ao sistema atual tendo como base algumas distorções - a mais célebre delas a eleição de candidatos que receberam menos votos do que os demais, caso no qual Enéas Carneiro é o maior exemplo. O sistema proporcional, críticas à parte, ainda é válido. Se tivéssemos partidos "pra valer", seria ainda melhor, mas acaba sendo adequado dentro das nossas circunstâncias.

De qualquer modo, vai aí um vídeo do #EuVotoDistrital para que vocês vejam e formulem suas próprias opiniões.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Rejeição, mais importante do que a intenção

A Folha divulgou e inúmeros veículos repercutiram pesquisa do Datafolha sobre a corrida para a eleição municipal do ano que vem em São Paulo. A manchete do levantamento seria o fato da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy aparecer em primeiro lugar em todos cenários em que ela é a candidata do PT, numa perfeita oposição ao fraco desempenho de Fernando Haddad, o candidato preferido do ex-presidente Lula.

A meu ver, dados sobre intenção de voto pouco ou nada revelam, quando obtidos em um momento tão distante da eleição. É só lembrarmos das eleições presidenciais: Lula venceria no primeiro turno em 1994 e 1998, e Serra faturava fácil em 2010; ainda em São Paulo, Gilberto Kassab dava traço nas pesquisas ainda em 2008.

O eleitorado ainda não pensa na eleição, os nomes não estão claramente definidos e assim acaba sendo natural que as personalidades com mais recall acabem sendo mais beneficiadas.

Não se enganem: Marta ou Haddad, Serra ou Bruno Covas ou José Aníbal, todos eles terão cerca de 30% dos votos quando se apurarem as urnas em outubro do ano que vem. É inconcebível que PT e PSDB tenham percentual tão inferior a esse. Não faz sentido, agora, tratar Fernando Haddad como um candidato minúsculo.

Ao contrário das análises em geral, que viram um bom desempenho de Marta, a visão que tenho dos números é oposta. Porque as manchetes se apegaram à intenção de voto e deixaram de lado os índices de rejeição. Neles, Marta tem 30% - perde apenas para Netinho (PCdoB, 33%) e Serra (32%). Já Haddad nem citado é - o que é natural, já que quem é desconhecido não pode ser rejeitado.

Pouco menos de um terço do eleitorado paulistano, portanto, não votará em Marta de maneira alguma. É muita coisa. É praticamente impossível uma vitória com tal cenário (o que também inviabilizaria a candidatura de José Serra).

A liderança atual de Marta se deve mais ao recall do que qualquer outra coisa. Foi ele, inclusive, que a colocou na dianteira de todos os levantamentos até a apuração do primeiro turno de 2008. Não chega a ser um grande feito. Ou melhor: pode até ser algo considerável, mas é muito menos significativo do que a rejeição que ela tem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A mídia ao lado dos "outros"

Há uma coisa que me intriga muito na relação entre os veículos de comunicação e a população em geral: o consenso de que a mídia está do lado dos "outros", dos seus opositores, seja lá quem você ou seus adversários sejam.

No futebol, paulistas dizem que a mídia é favorável aos times do Rio, os cariocas retrucam dizendo que os de São Paulo são os beneficiados; católicos afirmam que sua religião é atacada dia após dia - evangélicos retrucam dizendo que são eles os perseguidos, enquanto os não-religiosos contestam citando um suposto "conservadorismo" da mídia nacional, sendo eles então as vítimas. Quanto à política, não preciso nem me estender: buscas rápidas no Google para "imprensa petista" e "imprensa tucana" revelam um desesperado interesse de um lado em dizer que o outro tem a "máquina" a seu favor.

O jornalista André Kfouri, da ESPN e do Lance, escreveu certa vez texto monumental a respeito, dizendo que "confessava" fazer parte da organização secreta denominada “Imprensa Unida para Prejudicar o Seu Time”. Vejam o texto no site do Lance.

Falo disso porque tive conhecimento de texto do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) a respeito do assassinado da juíza Patrícia Acioli - ou melhor, da cobertura da imprensa sobre o caso. No texto, Jean diz que a ação da mídia sobre o crime esteve mais focada na vida pessoal da juíza do que na tragédia em si. Ou, nas palavras de Wyllys, "A cobertura jornalística do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em Niterói (RJ), deixa claro que as mulheres ainda têm, no espaço público, a vida avaliada a partir de suas vidas privadas. "

Jean não fala isso à toa. Se cita o ocorrido, é porque ele realmente aconteceu. Mas é curioso como as percepções são relativas. Tudo o que li a respeito do assassinado de Patrícia tinha como principal foco a insegurança da qual todos os brasileiros são vítimas - em especial os que combatem o crime. Justamente sob esse prisma, Acioli foi vista como uma espécie de heroína ou mártir, alguém que morre em nome de uma causa. O trabalho de Patrícia na justiça foi (justamente) valorizado e sua morte foi vista como uma espécie de contra-ataque do crime a alguém que o deteriorava - algo do que o brasileiro médio adora ter conhecimento, aliás.

Ligado a questões como o combate à homofobia e ao sexismo, Jean acabou se portando como um torcedor afetado pela “Imprensa Unida para Prejudicar o Seu Time” neste caso. Puxou um aspecto negativo da cobertura e deu a ele uma dimensão maior do que o devido.

É curioso, mas bem curioso mesmo, como tal fenômeno acaba tendo características onipresentes.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mr. Postman

A Campaings & Elections traz texto interessante sobre outra faceta da crise dos EUA, e suas consequências em cascata.

O que a reportagem diz é que os correios de lá amargam prejuízo atrás de prejuízo - segundo o texto, serão mais de 8 bilhões de dólares só em 2011 - e, com isso, a entidade terá que fazer mudanças para sobreviver. E uma das mais cotadas é modificar o sistema de distribuição das correspondências. Em um primeiro momento, eliminando as entregas aos sábados e, futuramente, realizando o serviço apenas três dias por semana.

Como é voltada às campanhas eleitorais, a Campaings & Elections aborda o quanto essa modificação alteraria o jogo político por lá. Nos EUA, o uso de correspondência para as campanhas é fortíssmo. Inúmeras consultorias são especializadas no serviço. São duas as principais preocupações dos profissionais: a eliminação do envio de materiais às vésperas das eleições, que ocorre justamente aos sábados, e o fato de que, com menos dias de entregas, os eleitores recebam muito conteúdo de uma vez só, tendendo assim a desprezar a propaganda.

Parece anacrônico falar em propaganda eleitoral via correio para nós, porque aqui no Brasil ela é muito frágil e porque nossa tendência é achar que com a internet, os celulares e etc o que chega via carteiro passa a ter relevância quase nula. Fica então curioso ver como um país mais avançado tecnologicamente que o nosso ainda se baseia neste recurso. Questões culturais, sempre elas, jamais devem ser desprezadas.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sobre eleições em meio de mandato

A Folha de S. Paulo publicou ontem boa matéria falando sobre as movimentações para a eleição para a prefeitura de São Paulo, que ocorre no ano que vem. Indiscutivelmente, o pleito do ano que vem tende a ser o mais incerto e equilibrado, talvez, desde a redemocratização.

O PT pode lançar Fernando Haddad, Marta Suplicy ou Aloizio Mercadante; no PSDB, os pré-candidatos são José Serra, José Aníbal, Bruno Covas e Andrea Matarazzo; o nome do recém-fundado PSD é Guilherme Afif Domingos; o PCdoB tem Netinho de Paula; e o PMDB oscila entre Gabriel Chalita e Paulo Skaf. Todos são candidatos competitivos, em maior ou menor grau.

Mas mais do que falar sobre a disputa eleitoral paulistana, gostaria de chamar atenção para outro ponto. Da lista dos pré-candidatos mencionados acima, todos, com exceção de Paulo Skaf e José Serra, ocupam atualmente algum cargo público. E seis deles - Marta, Aníbal, Covas, Afif, Netinho e Chalita - obtiveram o cargo após vitória em eleições anteriores.

Sobre isto que gostaria de centrar o debate, até porque vejo que esta questão costuma ser pouco aprofundada: como a população lida com o fato dos políticos que elegeu abandonarem os cargos na metade (ou antes, ou depois) para buscarem outro posto?

Aparentemente, exemplos nos sugerem que isso não parece ser um problema dos maiores, ao menos não no contexto eleitoral. A trajetória de José Serra é um bom exemplo: foi eleito senador por São Paulo em 1994 e jamais exerceu o cargo, preferindo ministérios no governo FHC; em 2004, foi eleito prefeito de São Paulo e abriu mão do posto dois anos depois, para buscar o governo estadual; foi eleito e não pleiteou a reeleição em 2010, porque foi candidato à Presidência. Ou seja: a população paulista votou em um candidato que neste sentido foi, digamos, "reincidente". A expressiva votação de Netinho de Paula (vereador paulistano, só para lembrar) na eleição para o Senado no ano passado reforça caráter semelhante - de todos os fatores que fizeram Netinho perder a eleição embora tenha liderado por muito tempo as pesquisas de opinião, certamente o fato de ser rejeitado por já ter um mandato foi um dos menos importantes.

O cenário descrito para as eleições paulistanas em 2012 sugere que não deveremos ter o assunto trazido à tona. Afinal, todos os grupos partidários, de uma forma ou de outra, têm "falha" neste aspecto. Mas seria interessante ver o tema ser discutido de maneira mais viva, e mais utilizado nas campanhas eleitorais. É uma arma ainda de certo modo desprezada.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Entrevista com diretor do Partido Libertário, a terceira força dos EUA

Democrata e Republicano, os dois únicos partidos que existem nos EUA, certo? Errado. Embora os dois dominem - com larga vantagem - a política do país de Barack Obama, há outras agremiações de relativo peso que também militam por lá.

O mais forte dentre os outros é o Partido Libertário. A sigla existe desde 1971 e, nestes 40 anos, consolidou sua posição de "terceira força" - detém uma série de mandatos em todo o país, como pode ser conferido em seu site oficial.

O diretor-executivo do partido, Wes Benedict (foto: divulgação), concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog Olavo Soares, na qual expôs a visão e a linha ideológica dos libertários. Segundo Benedict, o partido está "igualmente distante" de Democratas e Republicanos - não podendo, portanto, ser comparado a nenhuma das siglas maiores.

De fato, o programa do Partido Libertário é não apenas distante dos partidos que comandam a política local como, de certo modo, foge até do que nós brasileiros estamos habituados a definir como política. Pense em uma disputa eleitoral brasileira, por exemplo. Por mais que os partidos se digladeiem e façam o maior esforço possível para se mostrarem diferentes, ambos dirão que querem "melhorar saúde e educação", não é mesmo?

Pois bem: os libertários não querem "melhorar saúde e educação". Ao contrário, o que eles querem é acabar com saúde e educação fornecidas pelo governo. E com grande parte dos serviços públicos. A filosofia do partido é que o estado deve aceitar que é incompetente para tocar estes serviços, assim delegando-os para a iniciativa privada. Com isso, na visão deles, os impostos se reduziriam drasticamente e a população pobre seria a maior beneficiada.

Para quem está acostumado com a direita clássica, não há muita novidade no dito acima. Então como os libertários se diferenciariam dos republicanos, os mais tradicionais defensores do liberalismo nos EUA? A resposta vem por meio da posição firme que o partido tem em relação a questões como casamento homossexual e uso de drogas - é inflexivelmente a favor de ambos.

Resumindo, a filosofia do Partido Libertário é a do estado mínimo (pela qual está mais próximo da direita) e das liberdades individuais (o que o aproxima da esquerda). Leia a entrevista exclusiva e forme sua opinião a respeito das convicções do partido. Poderiam ser aplicadas no Brasil?

O Partido Libertário completa 40 anos em 2011. Como o partido se vê, 40 anos após a fundação? É uma trajetória de mais conquistas ou insucessos?
Mesmo que não tenhamos vencido muitas eleições, o Partido Libertário gerou um tremendo impacto na política nacional. Recentemente, o congressista Ron Paul (Texas) e seu filho, o senador Ran Paul (Kentucky) alcançaram grande sucesso. Ron Paul foi candidato à Presidência da República em 1988 pelo Partido Libertário. Ainda que ele e seu filho sejam, hoje, republicanos, o Partido Libertário preparou o caminho para seu sucesso e o de suas ideias.

Os EUA se tornaram mais libertários em alguns aspectos, como se pode ver com a expansão dos direitos dos homossexuais e a legalização da maconha, ocorrida em alguns estados. O Partido Libertário esteve à frente dessas disputas. Mas em questões econômicas, infelizmente, impostos e gastos públicos subiram de maneira significativa.

Quais são as principais dificuldades vividas pelo Partido Libertário? Seria o fato dos americanos pensarem apenas nos Republicanos ou Democratas como opção de voto, ou há outras questões?
Democratas e Republicanos fazem um ótimo trabalho, ao convencerem a população a votar “no pior dos dois males”. Além disso, ambos produzem leis que tornam ainda mais difícil a trajetória de um terceiro partido rumo às urnas.

Quais são os objetivos concretos do Partido Libertário? O partido realmente busca a eleição de parlamentares, governadores e até mesmo um presidente da República, ou a ação política tem outras metas?
O Partido Libertário trabalha para promover liberdade. Ganhando ou perdendo, cada voto em um libertário faz diferença. Quando disputamos eleições maiores, como as para governos estaduais ou Presidência, as campanhas têm como primeiro objetivo transmitir a mensagem libertária para o público e forçar Democratas e Republicanos a falarem sobre questões importantes.

A principal bandeira do Partido Libertário é o “governo mínimo”. O que isso significa na prática? O que segue sob controle do Estado, quando da aplicação desta filosofia? Como seriam os EUA com um presidente libertário?
Cortaríamos taxas e gastos públicos, encerraríamos a guerra contra as drogas, acabaríamos com programas como Medicare e Social Security [equivalentes estadunidenses ao SUS e ao INSS], acabaríamos com as guerras no Iraque e Afeganistão, não subsidiaríamos nenhuma empresa, finalizaríamos a educação provida pelo governo – em suma, deixaríamos de fazer quase tudo o que o governo faz.

Legalizaríamos prostituição, casamento homossexual e protegeríamos uma liberdade religiosa que contemplasse todas as religiões. Manteríamos um pequeno exército para defesa, além do sistema judicial e uma polícia suficiente para assegurar a liberdade individual e os direitos de propriedade. Todas as outras questões – e até mesmo algumas dessas últimas mencionadas – seriam oferecidas de acordo com as necessidades de mercado. Acreditamos que os pobres sairiam ganhando com este sistema, embora eu saiba que os políticos tentem nos convencer que os pobres sofreriam sem o governo para ajudar.

Como é a relação do Partido Libertário com as minorias dos EUA – homossexuais, latinos, negros e outros? O partido está mais próximo ou mais distante delas do que Republicanos e Democratas?
O Partido Libertário defende liberdade para todos. Somos o partido mais próximo da comunidade LGBT, além de fortes apoiadores dos ideais de fronteiras abertas e imigração facilitada. O que não defendemos são privilégios específicos para alguma minoria em especial.

Qual é a visão do Partido Libertário para política externa? Um governo libertário, neste sentido, estaria mais próximo do de Barack Obama ou do de George W. Bush?
O partido é antiguerra e a favor do livre comércio e da imigração facilitada. Somos bem diferentes de Bush e Obama nessas questões. Obama, inclusive, nos desapontou bastante com sua postura pró-guerra, ao atacar a Líbia e estimular a guerra no Afeganistão.

Na sua avaliação, a maneira de conduzir a administração pública defendida pelo Partido Libertário poderia ser aplicada em um país pobre? Ou ela é apenas viável para nações que já alcançaram um status melhor de desenvolvimento?
O libertarianismo é o oposto do autoritarismo. A administração pública defendida pelo Partido Libertário faz países pobres se tornarem ricos, e liberta a população oprimida. É ótima para todos – e perigosa para ditadores.

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O site do Partido Libertário tem um quiz no qual é possível verificar se você se identifica com as propostas da sigla. Vale ver o World's Smallest Political Quiz.