segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Rejeição, mais importante do que a intenção

A Folha divulgou e inúmeros veículos repercutiram pesquisa do Datafolha sobre a corrida para a eleição municipal do ano que vem em São Paulo. A manchete do levantamento seria o fato da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy aparecer em primeiro lugar em todos cenários em que ela é a candidata do PT, numa perfeita oposição ao fraco desempenho de Fernando Haddad, o candidato preferido do ex-presidente Lula.

A meu ver, dados sobre intenção de voto pouco ou nada revelam, quando obtidos em um momento tão distante da eleição. É só lembrarmos das eleições presidenciais: Lula venceria no primeiro turno em 1994 e 1998, e Serra faturava fácil em 2010; ainda em São Paulo, Gilberto Kassab dava traço nas pesquisas ainda em 2008.

O eleitorado ainda não pensa na eleição, os nomes não estão claramente definidos e assim acaba sendo natural que as personalidades com mais recall acabem sendo mais beneficiadas.

Não se enganem: Marta ou Haddad, Serra ou Bruno Covas ou José Aníbal, todos eles terão cerca de 30% dos votos quando se apurarem as urnas em outubro do ano que vem. É inconcebível que PT e PSDB tenham percentual tão inferior a esse. Não faz sentido, agora, tratar Fernando Haddad como um candidato minúsculo.

Ao contrário das análises em geral, que viram um bom desempenho de Marta, a visão que tenho dos números é oposta. Porque as manchetes se apegaram à intenção de voto e deixaram de lado os índices de rejeição. Neles, Marta tem 30% - perde apenas para Netinho (PCdoB, 33%) e Serra (32%). Já Haddad nem citado é - o que é natural, já que quem é desconhecido não pode ser rejeitado.

Pouco menos de um terço do eleitorado paulistano, portanto, não votará em Marta de maneira alguma. É muita coisa. É praticamente impossível uma vitória com tal cenário (o que também inviabilizaria a candidatura de José Serra).

A liderança atual de Marta se deve mais ao recall do que qualquer outra coisa. Foi ele, inclusive, que a colocou na dianteira de todos os levantamentos até a apuração do primeiro turno de 2008. Não chega a ser um grande feito. Ou melhor: pode até ser algo considerável, mas é muito menos significativo do que a rejeição que ela tem.

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