
Corrupção e incompetência encabeçam as motivações para as queixas. E há uma que tem aparecido cada vez mais com maior frequência, e é a que eu gostaria de abordar agora. Falo da repulsa aos senadores suplentes, apelidados por aí de "senadores sem voto" e até mesmo de "senadores biônicos", numa temerária comparação aos políticos empossados na marra nos tempos de ditadura.
O ataque aos suplentes se motiva - e até mesmo se justifica - por lambanças cometidas pelos próprios suplentes. Wellington Salgado (PMDB-MG, na foto), que ocupa a vaga deixada pelo ministro Hélio Costa, ganhou fama por conta de seus longos cabelos e pela defesa de parlamentares tidos como indefensáveis. E agora é Paulo Duque (PMDB-RJ) - herdeiro de vaga deixada pelo governador fluminense Sérgio Cabral Filho - que recebe destaque, por presidir a malfadada Comissão de Ética do Senado.
Endosso os que fazem críticas à atuação de Salgado e Duque. Mas discordo, e com veemência, dos que contestam a legitimidade de ambos. Como assim, "senadores sem voto" ou "senadores biônicos"? Por acaso eles chegaram a seus cargos ao burlarem a lei ou coisa parecida? De modo algum. Estão lá de maneira legítima, tanto quanto os outros senadores.
Eles, inclusive, têm a mesma legitimidade que Gilberto Kassab tinha antes das eleições de 2008; ou, puxando um pouco na memória, que Itamar Francom tinha quando foi presidente. E tanto Kassab quanto Franco gozavam de popularidade e aprovação da população, vale o registro.
Talvez seja o caso de discutir se vale a pena manter a regra atual para a suplência. Dar a vaga ao senador "desistente" ao segundo colocado nas eleições seria uma medida extrema - certamente evitaria "evasões", mas, na minha avaliação, seria bem mais ilegítimo do que dar a vaga ao suplente. Afinal, o suplente está definido desde o período eleitoral - ou seja, o eleitor votou também nele, ao indicar o senador cabeça-de-chapa. Reitero que é a mesma situação dos vices.
Resumindo: a não ser que alguém apresente uma alternativa lógica, a figura dos suplentes é válida e continuará existindo - e gerará senadores tão legítimos quanto os outros, a despeito de suas trapalhadas.
Pensando em termos de marketing político, uma dica para os candidatos ao Senado seja explorar a figura dos suplentes adversários, aproveitando os grotescos exemplos do dia-a-dia.
Um comentário:
Ontem, o Demóstenes Torres (senador, DEMo-GO) deu 3 alternativas interessantes:
1- Senador ser impedido de disputar outra eleição, não podendo deixar o cargo nem pra ser Ministro, ou;
2- No lugar do Suplente, entra como Senador o Deputado mais votado do estado na vaga do Senador. E na Câmara é que vai um suplente (normalmente um candidato que quase conseguiu votação pra ser eleito)
3- A vaga fica "vaga", e na próxima eleição, mesmo que seja de prefeito, ja aproveita-se e elege-se um novo senador.
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