terça-feira, 4 de maio de 2010

É preciso melhorar

A polêmica fajuta da vez é a declaração na qual Dilma Rousseff, falando sobre o livro Vidas Secas, fala sobre "a saída das pessoas do Nordeste para o Brasil". Pretexto para começarem a chamar a candidata de preconceituosa, de alheia, de desconhecedora da realidade nacional e por aí vai.

Bobagem, é claro. Dilma deu só uma derrapada nas palavras, coisa inevitável a quem tem muitas e muitas declarações registradas e disseminadas por aí. Fazer juízo de valor com base nisso é algo sem sentido.

A meu ver, mais "grave" do que a fala de Dilma é o lugar de onde ela foi extraída. É do vídeo abaixo, entrevista sobre cultura com a candidata produzida pela sua equipe para a internet. Vejam:



Cá entre nós: o vídeo é de qualidade sofrível. Dilma - com exceção da frase sobre Vidas Secas - não fala nada de errado, nada que comprometa sua candidatura. Pelo contrário, elenca números e informações sobre o tema sem muita dificuldade.

E é aí que está o erro. Qual a principal dificuldade da candidatura Dilma? É dar à candidata personalidade própria, alma, vigor, fazer com que ela seja interpretada pelo eleitorado como uma pessoa responsável e apta para conduzir o Brasil, e não um fantoche - ou "o Pitta" - de Lula.

Produções como essa reforçam uma Dilma dura, não-espontânea, incapaz de ter uma franca e sincera conversa com o eleitorado. A maneira como ela olha o teleprompter (ou um assessor, ou outro recurso) é feia, errada - ainda mais em um vídeo que, pela sua descrição, pretende ser o registro de "um bate-papo descontraído".

Compreensível para quem faz sua primeira campanha, inaceitável para uma das duas principais candidaturas presidenciais brasileiras. Dilma precisa evoluir.

Um comentário:

Anselmo disse...

por partes.

na primeira pergunta, ela definitivamente não tá lendo o teleprompter. Na segunda, parece que sim.

ela tá mais calma do que antes, mas concordo que ela é um tanto dura. a ideia de um pingue pongue é mto diferetne do que parecia antes, na primeira intervençao na internet. a opçaõ por um trem gravado é pra facilitar a vida pra ela.

não acho que seja questão de alguém que tá na primeira campanha. vc se lembra do lula nos programas políticos de 2002 e 2006? é igual ao lula qdo lê teleprompter e completamente diferente do que ele é qdo fala. não sei se essa diferença é tão grave. acho q é um pouco normal.

falta traquejo, concordo, mas dá no saco essa coisa de que ficar pegando picuínha do discurso de parte a parte pra render manchete. mesmo se os candidatos falarem de projeto, os coleguinhas só destacam o escorregão e a polêmica.

assim, acho que é preciso melhorar o discurso dela pra dar manchete pra imprensa. pra isso, vale cutucão a adversário, pontuar mudanças contundentes etc. Mas não é fácil, definitivamente.