quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Legendários

O PT anunciou, em notícia veiculada no dia 3, que em seu programa no horário eleitoral gratuito em São Paulo não haverá apresentações individuais de seus candidatos a deputado federal e estadual, e sim um trabalho para solicitar, para ambos os cargos, o voto na legenda.

O partido vai utilizar a figura do presidente Lula e, de quebra, aproveitar o espaço para reforçar um pouco mais as candidaturas de Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante, Marta Suplicy e Netinho de Paula.

A notícia é muito positiva, a meu ver. Cabe uma ou outra ressalva, mas em geral é mais digna de elogios que críticas.

O PT acaba descobrindo o óbvio, algo que não sei como não é replicado por outras siglas: aquele espacinho picado, de pouco mais de 15 segundos, para que cada candidato fale, não chega a ser algo que desequilibre em uma campanha proporcional. Claro que tem seu peso - um candidato que aparece no horário político tem sua campanha vista com mais credibilidade, mais força - mas, pelas questões de tempo, não contribui decisivamente no contexto geral da campanha.

E a importância do voto na legenda nem precisa ser muito detalhada. Há inúmeros casos, em todas as eleições proporcionais (para vereadores e deputados federais e estaduais) de candidatos que são eleitos com menos votos que outros porque são beneficiados pela sua legenda, bem como os que recebem boas votações mas ficam de fora pelo coeficiente.

No caso do PT, a medida é ainda mais interessante porque o partido ainda é aquele que ainda tem o eleitorado mais "ideológico", mais "militante" - e o eleitor que simpatiza com Lula e Dilma e ainda não sabe em quem votar para o Legislativo, se instruído, acaba contribuindo com a sigla com o voto no 13.

As críticas que podem ser feitas à medida se baseiam em dois aspectos. O primeiro diz respeito à legislação eleitoral, à própria finalidade em si do horário político: a regra do jogo diz que o horário destinado aos deputados não pode ser preenchido com a campanha dos outros cargos, e por isso a campanha do PT terá que ser hábil para não incorrer nesse erro. A outra questão se dá de maneira semelhante, mas não sob o ponto de vista jurídico, e sim da campanha propriamente dita - se não bem preparada, a campanha pelo voto na legenda pode soar como apenas mais um pedido de votos em Dilma/Mercadante/Marta/Netinho, e assim se tornando pouco eficaz, não atingindo o alvo inicialmente esperado.

É esperar o horário eleitoral para ver como, na prática, a ação se desenvolve.

Um comentário:

Júlio disse...

Eleição após eleição, o PT repete o mesmo erro... O horário eleitoral já é compartimentado para que os candidatos a deputado tenham seu espaço garantido e o partido os esconde... Seria confiança em excesso no voto de legenda?... Ou já virou artifício para esconder certos Genoínos que se candidataram?