É de certo modo compreensível o desprezo ao fato. O PP, em São Paulo, não é um partido com cacife para fazer um governador. E a eleição para o Palácio dos Bandeirantes deve mesmo ficar entre os nomes do PSDB (Geraldo Alckmin, Aloysio Nunes Ferreira ou uma terceira opção) e o que contará com PT em sua chapa (Ciro Gomes ou algum petista de carreira), com vantagem para os tucanos.
Mas o que interessa mesmo é discutir quais seriam os interesses do PP com o anúncio.
Celso Russomano é deputado federal desde 1995. Na eleição passada, em 2006, foi o segundo candidato mais votado em São Paulo, com 573.524 votos - ficou atrás apenas de seu colega de legenda Paulo Maluf (a votação expressiva de ambos fez com que coubesse ao PP o "efeito Enéas" da vez, com Aline Correa conseguindo uma vaga na Câmara com míseros 11.132 votos). A fama de Russomano vem de sua trajetória como repórter, pautada pela marca de buscar a defesa do consumidor e eternizada com o bordão que dá nome a esse post no falecido "Aqui Agora", jornalístico do SBT.
O quadro descrito acima deixa ainda mais curiosa a pré-candidatura de Russomano ao governo do estado. Afinal, sua reeleição para a Câmara é certa - tão certa como o insucesso que terá na briga pelo cargo de governador. Russomano, inteligente que é, deve ter noção de tudo isso.
Parece que PP e Russomano querem mostrar certa força para se colocarem como alguém interessante a ser cortejado. Ganhar aparição na mídia, falar sobre seu "projeto de campanha", aparecer com alguns pontos nas pesquisas de intenção de voto... e na hora H abrir mão da candidatura e concorrer com folga à vaga de deputado.
Russomano não tem aparecido nas pesquisas para o governo. Paulo Maluf, eterno candidato, é o nome do PP colocado à disposição dos eleitores nos levantamentos. Acredito que, apesar da visibilidade do jornalista, ele não terá - ao menos em um primeiro momento - o retorno do ex-prefeito.
Foto: William Volcov / Agência Estado