sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Alagoas

Continuando a série, vamos agora para Alagoas. Lá, há coisa boa para avaliar.

Os três principais candidatos são Fernando Collor (PTB), Ronaldo Lessa (PDT) e Teotônio Vilela (PSDB). Eles têm, respectivamente, 38, 26 e 21% das intenções de voto, respectivamente. Ou seja, a briga por lá está bem aberta.

Fernando Collor (PTB)
Ao procurar a página do ex-presidente, primeiro veio o susto: a referência inicial no Google era para o site collor.com, uma página oficial de Fernando Collor que, espero eu, está desatualizada por opção. É um site incrivelmente fora de moda (para não usar outra expressão), que abusa de todos os vícios que caracterizavam a internet lá por 2000, 2001. Faltou só o bonequinho do "em construção" para fechar o trabalho com chave de ouro.

Mas encontrei o site da campanha do candidato, o http://www.collor14governador.wordpress.com/. E aí a história é outra completamente diferente. A página é simples, sem muitos recursos, mas que atende, de certo modo, as necessidades para agora. Tem em sua página inicial o blog (caprichando no formato Wordpress) e menus para outras páginas estáticas, como Proposta de Governo, Jingles e a agenda do candidato. Há uma tímida referência às redes sociais, que se enquadra bem no "melhor que nada".

O principal ponto fraco mesmo são os menus que não dão em nada, como o para o Orkut e o das Enquetes. Vale a regra de sempre para a internet - ou atualiza, ou apaga.

Página simples, mas boa - e que serve de exemplo para os candidatos que não fazem um bom site porque "não terem dinheiro". Arrisco dizer que o collor14 custou pouquíssimo aos cofres da campanha do ex-presidente. É só levar a sério a internet e deslocar alguém para atualizar a página. Não tem muito segredo.

Ronaldo Lessa (PDT)
O principal adversário de Collor tem um site bom. O site de Lessa tem um belo design, usa recursos como vídeos e fotos e logo em sua página inicial tem o espaço para cadastramento de newsletter, entre outros aparatos.

Um dos principais destaques está no lado esquerdo, com um grande menu chamando para as mídias sociais - e aí o internauta pode localizar referências a Lessa no Orkut, Twitter, Youtube e outras páginas. Há, inclusive, um site específico para a formação de redes de apoiadores, o Rede Lessa. Muito legal.

Porém, Lessa (ou melhor, sua equipe para a internet) não levam nota 10 por dois motivos: o primeiro é que a visualização da página não é boa para quem usa Firefox ou Chrome. As letras dos textos parecem espremidas, é difícil ler o que está escrito.

E a segunda e, seguramente, maior falha se dá por não se encontrar, ao menos não nos destaques principais, uma referência ao programa de governo de Ronaldo Lessa. Ainda que não de forma estática como o de Collor, seria fundamental para a campanha a presença do programa de governo, e uma boa medida seria fazê-lo por temas - como as divisões entre setores que estão na Rede Lessa. Parece que houve uma preocupação exagerada com as "novidades" da internet e se esqueceu do óbvio, do inicial.

Teotônio Vilela (PSDB)
Baita site! O terceiro colocado nas intenções de voto é que tem a melhor página entre os três principais candidatos em Alagoas.

Resumidamente, a página de Vilela tem todas as virtudes da de Lessa - boa aparência, navegabilidade fácil, acesso a redes sociais, perfil e biografia do candidato - e sem os defeitos que há no site do pedetista.

Mas para não ficar só nos elogios, uma observação: o programa de governo também é jogado de forma estática. E o pior, em um arquivo PDF. O site é tão bem trabalhado, não seria tão mais trabalhoso dividir as ações em núcleos temáticos. Outra coisa que poderia ser melhor feita é a seção de contato - uma listagem com endereços e telefones dos comitês, e contatos da assessoria de imprensa, seria uma boa pedida.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Acre

Por ordem alfabética, é o Acre o primeiro estado a ter os sites dos seus concorrentes ao governo estadual analisados pelo blog.

Mas receio dizer que teremos que esperar o próximo estado para que a análise realmente se concretize. Por um simples motivo: ao menos que as buscas via Google tenham falhado de maneira ímpar, os três candidatos a governador do estado - Tião Viana (PT), Tião Bocalom (PSDB) e Gouveia Tijolinho (PRTB) - não têm páginas específicas para a campanha.

No caso de Tijolinho e Bocalom, nem sequer há uma página oficial sobre eles, e ter informações é algo que se torna complicado. O PSDB local mantém um site - sofrível, é bom que se diga - e essa parece ser uma das poucas ações para a internet que o partido de José Serra tem para o estado. O PRTB do Acre não tem uma página específica.

Tião Viana, que é senador, tem um bom site pessoal. A página é bem completa (apesar de relativamente feinha, merecia um design melhor). Tem o currículo do candidato, depoimentos a seu favor, vídeos, interação com o seu Twitter e uma série de outras ferramentas. Um ponto positivo é a relação completa das atividades de Viana no Legislativo nacional, tornando possível, para o interessado, saber o que ele fez em Brasília.

A página está sem atualizações. Há uma mensagem grande, logo na home - "A partir de hoje, 08/07/2010, não serão postadas novas mensagens" - deixa clara que a inatividade é intencional e se deve ao período eleitoral. Compreensível, mas barbaramente equivocado se considerarmos que, nas eleições de agora, as páginas pessoais dos candidatos podem ser bem mais dinâmicas do que foram em 2008 e têm se tornado um bom meio para o contato com o eleitor. Pelo site que mantém, Tião Viana sugere ser um político preocupado com o uso da internet; só precisaria transpor essa mentalidade também para o período eleitoral.

No fim, chega a ser chato ver o desprezo que a internet recebeu dos candidatos do Acre. Sim, sabemos que a inclusão digital no Brasil não é algo pleno e que o Acre é um dos estados mais pobres da federação, mas isso não justifica o esquecimento dessa ferramenta. Dá para fazer mais, e com algo que traga resultados efetivos.

Ficha
Tião Viana (PT) - www.tiaoviana.com (site pessoal, não direcionado à campanha)

Tião Bocalom (PSDB) e Gouveia Tijolinho (PRTB) não têm sites.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Os sites dos candidatos aos governos estaduais

Como são as páginas oficiais dos candidatos aos governos estaduais? A partir de amanhã começarei uma série que tentará responder a essa pergunta. Visitarei os sites dos principais candidatos em todos os estados e analisarei as páginas.

Os critérios a serem avaliados são a aparência das páginas, a quantidade de informações, as ferramentas para interatividade com os usuários, o uso de recursos como fotos, vídeos e links com mídias sociais, e outros aspectos.

Para definir "principais candidatos", a referência são as pesquisas de intenção de voto. Um ótimo levantamento (confira aqui) publicado hoje mesmo pelo Congresso em Foco será uma referência essencial. Se vocês notarem o esquecimento de qualquer candidato relevante, por favor apontem.

Após a eleição de Barack Obama, e a flexibilização da lei eleitoral brasileira, muito peso se colocou na participação dos candidatos nas mídias sociais. São importantes sim, mas o site é a verdadeira porta de entrada, é por onde começa uma campanha na internet.

Vamos ver como os candidatos estão encarando isso.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A frescura em relação ao casamento gay

Uma frase batida, porém engraçada, é aquela que diz que para um cara se assumir gay, precisa ser muito macho. O jogo de palavras se baseia no fato de que o “macho” da frase não faz referências a comportamentos sexuais, e sim ao fato de ter firmeza para tomar uma posição e manter-se situado nela mesmo com os inúmeros questionamentos que aparecerão.

Dá para fazer um paralelo com essa sentença para afirmar que, no Brasil, estão faltando políticos “machos” em relação às suas posturas sobre o casamento entre homossexuais. Ainda mais agora, que o assunto veio à tona, com a recente aprovação da união gay na Argentina.

Como em todos os lugares, há no Brasil gente a favor e contrária à união homossexual. Cada um com seus argumentos, e o respeito à posição dos dois lados é o que configura uma democracia saudável.

Porém, entre os políticos – ao menos os de ponta – há um pensamento que é, de certo modo, hegemônico. É só ver como se portam os grandes candidatos quando questionados sobre o tema. Invariavelmente, o discurso que aparecerá é algo como “respeitamos as diferenças, precisamos incluir essas pessoas, condenamos a discriminação”, e um blábláblá que não se sustenta quando a pessoa é desafiada a chegar ao ponto máximo do tema: que tal lutar pela aprovação da união homossexual?

Sempre que perguntado sobre o tema, o presidente Lula se coloca a favor dos direitos dos homossexuais. O PT tem militância histórica ligada ao tema, e a gestão do presidente será concluída com uma série de medidas benéficas à população homossexual. Mas e a aprovação do casamento? Será que Lula, em oito anos de governo (e maioria no Congresso), não seria capaz de fazer com que isso virasse uma realidade?

Acontece que Lula sabe que o assunto é polêmico. E parte do seu eleitorado é contra a união homossexual. Por isso essa postura incerta – que pode ser ao mesmo tempo elogiada e criticada por ambos os lados.

É compreensível que, como estratégia eleitoral e política, os candidatos a cargos majoritários não queiram ter uma posição mais firme sobre o assunto, buscando sempre um consenso universalmente palatável.

Mas acredito que para os que querem se candidatar ao Legislativo – e não me refiro somente a senadores e deputados federais, que são quem poderia efetivamente atuar nessa questão, mas também a deputados estaduais e até mesmo vereadores – marcar posição é, sim, algo que é, além de honesto, eleitoralmente positivo.

O eleitor quer ser representado. Ele quer que no poder estejam pessoas que pensam de maneira similar a ele. Quer votar em quem, acredita, tem ideais similares aos seus e os utilizará quando estiver com um cargo em mãos. E o candidato que se posiciona de maneira firme em temas relevantes como esse tem mais um capital a seu favor.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sobre a candidatura de famosos e engraçadinhos

Romário, Mulher-Pêra, Kiko do KLB, Tiririca e tantos outros: as eleições de 2010 terão uma série de candidatos, digamos, exóticos. Além dos famosos por outros ramos que não a política, teremos aquela já tradicional chuva de figuraças durante o horário eleitoral que se passarão a integrar o folclore das eleições.

A aparição dessas pessoas é o gatilho para que críticas ao processo eleitoral - e ao Brasil como um todo - pipoquem por aí. "Eleição virou festa", "só no Brasil mesmo pra um cara desses ser candidato", "e o povão ainda vota nisso", "com certeza um sujeito desses estará eleito"...

Cabem as críticas, está longe de ser errado não gostar de ver gente sem nenhum preparo tentar a carreira política. O problema é que essas observações são, na maioria dos casos, imprecisas.

Pelo seguinte motivo: em geral, essas candidaturas exóticas não dão certo.

É fácil de detectar isso. É só lembrar das eleições passadas, das figuras engraçadas que surgiram por aí, e lembrar de quantos tiveram sucesso nas urnas. São poucos. Pouquíssimos.

Enéas Carneiro, claro, é o exemplo mais célebre. Ele usou como ninguém os 15 segundos de que dispunha em 1989 para ser o terceiro candidato mais votado à Presidência em 1994 e ser eleito e reeleito deputado federal em 2002 e 2006 com votações assombrosas. Não foi escolhido por suas propostas, ideologias ou sei lá o quê, e sim pela imagem folclórica que construiu no horário eleitoral.

Mas trata-se de uma exceção. Em geral, as eleições são amplamente dominadas por candidatos que fazem campanhas sérias. Gente que tem propostas razoáveis - concorde-se ou não com elas - que faz campanha de maneira convencional, que adota um visual tradicional. Nas Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores por aí, o número de eleitos "engraçadinhos" é muito pequeno. E no Executivo, então, nem se fala - a chance de um "cômico" ganhar uma prefeitura, governo estadual ou Presidência (!) é nula.

É importante expor essa questão por dois motivos. O primeiro é limpar a barra do povão. Afinal, está claro que, não, o povão não "vota em famoso" - os que triunfaram nas urnas são exceções, repito. E o segundo motivo é passar aos candidatos que ter uma candidatura engraçadinha é algo que pode garantir um lugar no folclore, visualizações no Youtube, entrevistas e assim por diante, mas votos mesmo, nome na urna, pouco provável.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Sarah Palin: lembra-se dela?

Os EUA podem ter uma mulher eleita presidente da República em 2012. Há um nome forte, que traz um rescaldo positivo da eleição anterior e que tem trabalhado fortemente sua imagem já visando estar com tudo para o próximo pleito.

Hillary Clinton? Esqueça. Estamos falando de Sarah Palin.

Sim, ela mesma, a "folclórica" candidata à vice-presidência na chapa de John McCain em 2008. A que tudo indica, se uma mulher vencerá a eleição presidencial de 2012, é muito mais provável que seja a ex-governadora do Alasca do que a esposa de Bill Clinton.

Sarah Palin tem mobilizado muitos estadunidenses. A Politics Magazine traz dados interessantes: o comitê de Palin tem arrecadado significativas quantias, recursos muito sólidos para uma candidatura que se dará apenas daqui a dois anos. Sabemos que, nos EUA, a quantidade de dinheiro que um pré-candidato dispõe é vital para que seu nome ganhe força. E isso Palin vem mostrando.

Desde que Obama foi eleito, Palin tem buscado se posicionar como uma líder conservadora, uma referência para abrigar todas as pessoas descontentes com as medidas "liberais" que o democrata vem adotando na Casa Branca. Ela foi uma das estrelas das campanhas do Tea Party, série de encontros em que os conservadores se reuniram em convenções, protestos e afins para marcar presença e criticar o governo Obama.

E talvez uma das principais características do discurso de Palin seja justamente este: ela tem um lado definido e posições bem concretas. É conservadora, direitista, representa aquela parte da sociedade dos EUA que, para muitos, estaria acuada pelo triunfo do negro Barack Obama. Mas essa parcela da população existe - e é muito numerosa - e é aí que Palin cresce.

Seu site oficial, o SarahPAC, tem logo à vista um atalho para doações (será que algum dia a política brasileira chegará nesse nível). Interessante também é o logotipo da campanha - um mapa dos EUA com o mapa do Alasca sobreposto. Boa menção à base da pré-candidata - e que não traz o outro estado não-continental, o Havaí, onde nasceu Obama. Intencional?

Palin vai dando largos passos para se consolidar como a candidata republicana em 2012. Seu principal adversário é Mitt Romney, que também vem forte, e tem arrecadado boas somas.

Vale a pena ver o vídeo "Mama Grizzlies", do comitê de Sarah Palin, que traz produção impecável e um discurso bem elaborado e voltado às mulheres conservadoras.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Valendo!

A partir de hoje, a campanha eleitoral está oficialmente liberada: acabou a lenga-lenga da "pré-candidatura" e da hipocrisia que fazia com que candidatos tivessem que maquiar seus discursos e aparições públicas. Hoje todo mundo é candidato, todo mundo faz campanha, todo mundo pede voto.

E o que será a campanha eleitoral de agora? Difícil prever. Há dúvidas sobre ela em dois aspectos.

O primeiro diz respeito à forma. Será a primeira campanha presidencial brasileira pós-eleição de Barack Obama nos EUA e o furor que tal fato causou em relação ao uso da internet - e também o primeiro pleito depois que a lei eleitoral permitiu que a rede fosse mais utilizada. Deve-se também levar em conta a melhoria na qualidade de vida da população, do poder aquisitivo, o que sugere que a utilização das mídias digitais para se fazer campanha é algo em tese mais eficaz. Será que os candidatos saberão lidar com as novas ferramentas? Será que elas terão um peso concreto nas eleições de agora ou ainda ficarão como algo "para o futuro"?

E o outro aspecto, claro, é quanto ao conteúdo das campanhas. Na eleição presidencial, há a candidatura "oficial" que tem como pró a ampla aprovação que tem o governo e como contra o fato de sua candidata jamais ter disputado uma eleição. Dilma tem tudo para vencer - e em primeiro turno. Mas ainda não se sabe como reagirá quando sua imagem for efetivamente massificada. Por outro lado, José Serra tem que se mostrar como diferente de sua candidata, mas com cuidado para não ferir um eleitorado que é, no mínimo, simpático ao governo Lula.

Aos poucos, o blog vai acompanhar a movimentação das campanhas nas ruas e discutir o que tem sido feito por aí. A expectativa é que tenhamos uma campanha mais limpa e qualificada do que as anteriores. Esperemos.