
(Pequeno parêntese: não sei como funciona em outros países, mas aqui no Brasil acredito que haja um pequeno abuso na utilização das logomarcas. A cada quatro anos, uma cidade/estado/país está sujeita a ter sua identidade visual por completo, e aí lá se vão consideráveis somas de dinheiro para adaptação aos novos padrões. Sem contar os logotipos que se utilizam, sem muito disfarce, das marcas dos partidos do governante da ocasião. Mas isso é uma opinião pessoal, que não serve para mudar o quadro atual. Prossigamos.)

Onde se vê a diferença - e gritante - é no uso das cores. A logomarca de Dilma é mais sóbria do que a de Lula, e bem menos ousada. Enquanto a do governo anterior abusava de cores distintas, para reforçar mesmo a ideia da pluralidade, a atual fica no verde-amarelo, com o losango da bandeira nacional exposto sobre o A de Brasil. Fica a impressão que a nova marca quer ser vista como mais séria, mais "disciplinada" que sua antecessora. Comparação pura e simples? A de Lula ganha. Em duas palavras (ou é uma só por conta do hífen?), é possível definir a marca atual como sem-graça.
Quanto ao slogan... bem, aí arrisco dizer que a gestão anterior ganha, e de goleada. "Um país de todos" é uma frase simples, direta, precisa e de muito conteúdo. Lula assumiu o poder pregando a inclusão, e fez disso a marca de seu governo. "Um país de todos" traduz essa filosofia como talvez nenhuma outra marca conseguiria.
"País rico é país sem pobreza" é, também, outra tradução de uma meta de governo - já que o Brasil se tornou mais "rico" e "desenvolvido" nos últimos anos, é hora de transformar essa condição em uma melhoria efetiva na qualidade de vida dos brasileiros, acabando com a pobreza. Até aí tudo bem. O principal problema está no fato da frase ter, digamos, pouco apelo publicitário. "País rico é país sem pobreza" é uma frase mais longa, mais rebuscada, que não soa tão imediata quanto "Um país de todos". Além de ter um caráter meio até de certo modo marcial - parece um lema de exército, uma declaração de fé, um trecho de hino. Quebrou a "simpatia inclusiva" da marca anterior para uma pegada mais agressiva, mais forte.
As intenções da marca são boas - como já dito, frase e logotipo reforçam bem a ideia da continuidade com progressão. Mas talvez a escolha das peças pudesse ser feita com mais capricho. É claro que não é isso que determinará (e nem de longe!) o sucesso ou fracasso do governo Dilma, mas um pouquinho mais de qualidade viria bem.