quarta-feira, 22 de julho de 2009

Deixemos a fé pro que é de fé

Tempos atrás, eu estava assistindo Jô Soares, coisa que raramente faço. Um dos entrevistados do dia era um ufólogo. Em uma das suas primeiras falas, o cidadão (cujo nome infelizmente não lembro) deixou claro que, na avaliação dele, falar de discos voadores é algo que não pode ficar no campo das crenças. "Me perguntam se eu 'acredito' em discos voadores. Respondo que não é algo de 'acreditar', de 'ter fé', e sim de saber se o negócio existe ou não", disse, em linhas gerais, o pesquisador.

Toda essa introdução é para falar de um dos assuntos que mais recebeu destaque no noticiário internacional dos últimos dias, o vídeo que - supostamente - mostra líderes das Farc declarando que a entidade guerrilheira doou dinheiro para a vitoriosa campanha de Rafael Correa à presidência do Equador, em 2006.

O escândalo se detonou e começaram as gritas de tudo quanto é lado. Os direitistas estufam o peito pra dizer "é isso mesmo, eu já sabia, esse povo tá tudo mancomunado, tem dedo do Hugo Chávez aí" e por aí vai. Já o pessoal da esquerda retruca com coisas como "que nada, isso é manipulação, não tem nada a ver, as Farc não fazem parte do Foro de S. Paulo", e et cetera.

Ora, eu recorro à filosofia do já citado ufólogo pra emitir minha opinião. Ou o vídeo é verdadeiro ou não é. Não há meio-termo. Se for verdadeiro, houve efetivamente a doação de dinheiro das Farc para a campanha no Equador. Eu não conheço a legislação equatoriana, mas duvido que seja muito diferente da brasileira - aqui, é proibido que campanhas eleitorais recebam verbas do exterior, seja de quem for. Ou seja: ainda que as Farc fossem um lar de franciscanos, não poderiam contribuir financeiramente no processo eleitoral. Caso o Equador siga normas similares às brasileiras, a eleição de Correa se torna irregular (repetindo, no caso do vídeo ser verdadeiro) e, se a sanção para isso for a destituição do presidente do cargo, que assim seja.

Agora, se o vídeo é falso, trata-se de uma bela de uma armação. Uma tentativa clara de dar descrédito a um governo eleito democraticamente. Que as entidades - colombianas, equatorianas, ou até mesmo as duas - façam a sua parte e encontrem quem fomentou esse comprometedor boato.

É mais simples do que parece - e, assim como na questão dos OVNI's, não é o caso de ficar acreditando em uma hipótese ou em outra.

O vídeo, para quem ainda não viu, vai abaixo.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

É positivo

Você conhece Emidio de Souza? A não ser que você seja da região de Osasco ou um ávido devorador do noticiário político, muito provavelmente sua resposta será "não". Então é bom que se acostume a esse nome: Emidio, cada vez mais, é um forte pré-candidato do PT ao governo do estado.

Emidio é prefeito de Osasco - eleito em 2004, reeleito em 2008 - e, antes disso, foi deputado estadual e vereador. Tem sido colocado na lista dos pré-candidatos do PT e uma série de conjecturas tem feito com que seu desconhecido nome ganhe força.

O primeiro e mais importante motivo é a falta de nomes petistas para o projeto. É só lembrar o que aconteceu na eleição passada. Um ano (2005) antes do pleito, falava-se de três possíveis candidatos do PT: o deputado João Paulo Cunha, a ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Aloizio Mercadante. Mercadante acabou candidato e levou surra histórica de José Serra, que venceu no primeiro turno.

Peguemos esses três nomes e o analisemos no contexto atual. João Paulo Cunha, ainda em 2005, foi envolvido no escândalo do mensalão e o máximo que pode almejar hoje é o posto de deputado federal que mantém. Marta Suplicy saiu muito fragilizada após a derrota no pleito de 2008 da capital e é praticamente impossível que vença alguma eleição majoritária em São Paulo. Já Mercadante até que tem sua força, mas é mais negócio destiná-la ao Senado - ele tentará, ano que vem, renovar o mandato que obteve após as eleições de 2002.

Então o fato é que o PT não renovou seus quadros. Inlcusive, o nome que ainda está na frente de Emidio é o do deputado Antonio Palocci, que tem prestígio e força eleitoral, mas que sofreu um belo arranhão na sua imagem com o "escândalo do caseiro".

Arrisco um palpite: Emidio só deixará de ser candidato caso o PT abra mão de sua candidatura majoritária e embarque na aventura Ciro Gomes ou, como se cogita, a uma aliança com o PDT para a candidatura do prefeito de Campinas, Dr. Hélio.

Digo isso porque, até segunda ordem, a eleição para o governo do estado está nas mãos do PSDB, e seria suicida, da parte do PT, queimar Antonio Palocci e impedi-lo de buscar uma relativamente fácil reeleição ao mandato de deputado. Enquanto isso, Emidio é prefeito de Osasco e continuará ainda que dê vexame nas eleições do ano que vem. Ou seja: tem muito a menos que perder do que o ribeirão-pretano.

Acho que seria saudável ao PT o lançamento de Emidio. Assim, o partido se reoxigenaria, exporia um novo quadro para a opinião pública e deixaria claro que não é um partido composto somente pelos seus caciques. Entrevistei Emidio umas três vezes quando trabalhava no Visão Oeste e posso dizer que é um cara centrado, trabalhador, que não tem jeito de quem irá se deslumbrar com a grande responsabilidade que carregará. Sem dúvida, vai somar ao debate político do estado.