terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Um "nome de rua" pode ser mais do que parece

Criticar os políticos é algo que, já há tempos, se tornou um verdadeiro hobby do brasileiro. Estufar o peito e dizer "político é tudo ladrão" garante certa notoriedade nas festinhas de família, posicionamento em rodinhas com desconhecidos, interação com taxistas ou barbeiros.

Além da desonestidade, critica-se também muito a ineficiência. Que se traduz em alguns componentes tangíveis, como a reduzida semana de trabalho em Brasília ou a incapacidade dos poderes legislativos de realmente atenderem às necessidades da população.

Quem aí nunca leu nenhuma reportagem falando que "das X propostas apresentadas pelos vereadores, Y% [um número invariavelmente alto] foi para solicitar mudança de nome de rua"? Pois é: se o "dólar na cueca" se tornou a materialização da desonestidade, o "pedido para mudar nome de rua" virou a tradução da ineficiência, do desperdício, do "olha o que esses caras estão fazendo, que absurdo".

Pois bem: nesta semana uma "mudança de nome de rua" foi aprovada na Câmara dos Vereadores de São Roque, cidade do interior paulista na região de Sorocaba. Atendendo a solicitação do vereador Marquinho Chula (PSDB), uma via ainda anônima no bairro do Taboão, em São Roque, passará a se chamar Joaquim Justo da Silva.

E é aí que entram os esclarecimentos, para que este texto faça algum sentido. Joaquim Justo da Silva foi meu avô. Faleceu em 1990, quando eu tinha 10 anos. Convivemos pouco, muito pouco. O que sei sobre ele vem das histórias contadas pela minha mãe, tios e primos: foi um comerciante, dono de armazém, soldado constitucionalista em 1932, incentivador da história de São Roque e da educação em geral (ou alguém discorda que enviar uma filha à universidade nos anos 60 é algo a ser destacado?), além de ser filho de um educador e abolicionista.

Joaquim - ou Quinzinho, como sempre fora chamado - vira agora nome de rua. Uma bobagenzinha para São Roque, um "desperdício de dinheiro" para alguns, mas uma alegria a uma família que lutou para a implementação da medida e que busca, sempre que possível, ver enaltecido o nome de seus patriarcas.

A denominação fez com que os familiares - principalmente meu primo Alexandre - se aproximassem do poder público como raramente ocorre. Se sempre enfatizamos que é preciso que seja reduzida a distância entre administração e moradores, taí um exemplo de ação. Além de tudo, São Roque passa a ter mais uma figura histórica com uma homenagem materializada, mais uma pessoa a quem se referirão aqueles que procurarem mais detalhes sobre a história do município.

No cômpito geral, não acho que tenha sido um "desperdício de dinheiro" nem uma "prova da falta do que fazer" dos administradores. E vocês?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sobre o "escândalo" dos grandes doadores

Muitos veículos, como Folha e Estado, divulgaram hoje em tom de "denúncia" informações sobre as doações feitas por empresas para a campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência. As reportagens destacaram o fato da principal doadora individual ser a JBS, empresa do ramo de carnes que recebeu, nos últimos tempos, significativos empréstimos do BNDES.

Desde que - felizmente! - as informações sobre doações de recursos para campanhas eleitorais se tornaram públicas, volta e meia surgem ilações sobre a relação entre doadores e beneficiários. "A empresa X doou um milhão para a campanha do fulano e meses depois foi escolhida em uma licitação" é o tipo de informação que costuma aparecer.

É claro que cabem, e muito, discussões sobre o interesse de grupos empresariais que fazem voluputuosas doações a campanhas políticas. Tendemos a rejeitar, de cara, o discurso de que as companhias fazem o ato "em prol da democracia" ou coisa do tipo.

Mas o que precisamos fazer é analisar mais os dados (que, repito, são públicos; é só ter certa paciência para vasculhar o site do TSE, cuja navegação não é das mais cômodas).

Lá é fácil verificar que é muito, mas muito comum que uma grande empresa que faz uma gorda doação a um candidato costuma... fazer doação semelhante a outro. Ainda que os dois sejam concorrentes, que se digladiem, que estejam em campos ideológicos/políticos diametralmente opostos.

Exemplos? Em 2006, a Acesita doou os mesmos R$ 50 mil a Aécio Neves (PSDB) e Nilmário Miranda (PT), rivais na disputa pelo governo de Minas Gerais. Dois anos depois, foi a vez do Itaú contemplar de maneira igual adversários: não dois, mas três de uma só vez. Gilberto Kassab (DEM), Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) receberam doações de R$ 250 mil reais para suas campanhas. Mais uma: R$ 25 mil foram destinados às campanhas de Sérgio Cabral Filho (PMDB) e Denise Frossard (PPS) pela Brascan Imobiliária em 2006. Na ocasião, Cabral e Frossard rivalizavam na disputa pelo governo do Rio de Janeiro.

É praticamente impossível a uma grande corporação ficar imune ao processo eleitoral. Candidatos de todos os portes certamente baterão às portas das companhias solicitando recursos. E, como se vê, o "agradar a todos" acaba sendo o caminho mais seguido.

Enquanto o financiamento público não existir (e será que um dia existirá?) e, principalmente, enquanto os partidos não conseguirem mobilizar os militantes para que contribuam financeiramente com as campanhas, as doações de grandes empresas serão mesmo o maior canal de dinheiro para as campanhas eleitorais. Nada de surpreendente nem de "denunciável" nisso.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Cidades 24 horas

São Paulo registrou ontem (mais) um dia de trânsito caótico. A lentidão superou os 200 quilômetros, e isso apenas nas vias monitoradas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Foi mais um dia em que os paulistanos e quem circula pela cidade praguejaram contra o governo (seja ele qual for), reivindicaram mais estações de metrô, contestaram as facilidades do mercado para a compra de carros e assim por diante.

Todas, ou quase todas, reclamações justas. Falar sobre o trânsito de São Paulo é um assunto dos mais repetitivos - e chatos, já que as soluções sempre são apresentadas, mas nunca colocadas em prática.

E aí, divagando, pensei que talvez fosse o caso de pensarmos em outro perfil de solução. Claro que as macro são mais eficientes - não há quem discorde que uma São Paulo com o dobro de estações de metrô teria um trânsito incrivelmente melhor.

Mas talvez há saídas que passem por ações que, em tese, não teriam a ver com a circulação de carros propriamente dita.

Uma é o desenvolvimento de regiões mais afastadas da cidade. Se São Paulo é enorme e tem muito trânsito, é porque as pessoas precisam sair de umas regiões e se dirigirem a outras. Como qualquer lugar do mundo, há aqueles bairros com maior atividade comercial/empresarial e outros mais voltados à moradia, os populares "bairros dormitório".

Fazer com que essas regiões deixem de ser somente dormitórios é algo que certamente daria uma cara nova à região metropolitana. A Zona Leste da capital e cidades como Guarulhos, Osasco e Barueri, se dinamizadas, "reteriam" mais seus moradores e colaborariam para uma inversão, ou ao menos redução, no fluxo do trânsito (escrevi sobre isso no Futepoca, quando comentei a decisão de se construir um estádio em Itaquera).

E acho que uma outra via que poderia ser seguida seria a expansão no horário do fornecimento dos serviços da cidade. Em outras palavras, uma São Paulo 24 horas (ou algo mais próximo disso).

Bancos abrindo das 8 às 18, repartições públicas das 8 às 20, shopping centers das 8 à meia-noite, algumas linhas de ônibus e todas do metrô e CPTM non-stop...

"Mas ficará muito caro, porque será preciso contratar mais pessoas e pagar horas extras aos funcionários". Sim, certamente. Mas será que esse investimento não se pagará com o comércio/indústria/serviços funcionando até mais tarde, e consequentemente gerando renda?

O ruim de virar jornalista é que a gente se acostuma a entrevistar fontes e, por isso, ficamos meio temerosos em emitir opiniões próprias. Talvez alguém leia esse texto e vaticine: "quanta bobagem esse cara está falando! Nunca que os gastos pra fazer uma cidade funcionar até mais tarde se compensariam com 'mais vendas no comércio'".

É, talvez. Mas enquanto o metrô não é dobrado ou triplicado, as ruas não têm melhores condições e os ônibus seguem mal-cuidados, o que resta é colocar a imaginação pra funcionar de vez em quando. Pelo menos não polui...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Como seria um Tea Party brasileiro?

Houve recentemente eleições também nos EUA. Lá, "apenas" para o Congresso. O pleito apresentou um resultado que não chegou a ser surpreendente, mas sim impressionante: o Partido Republicano, de oposição a Barack Obama, deu um vareio nos democratas e decididamente complicará a vida do presidente nos próximos anos.

A não-surpresa se deve ao fato de que a popularidade de Obama vinha em declínio já há algum tempo. Ainda assim, é interessante ver como a oposição de lá ressurgiu, após ter sido dada como morta com a vitória de Obama em 2008.

Um aspecto interessantíssimo da eleição atual - mas que não se resume à votação, muito pelo contrário - é a consolidação do movimento Tea Party. Certamente você já ouviu falar sobre este grupo, tachado de "ultraconservador" e de um direitismo que faria George W. Bush envergonhar-se.

Cabe uma reflexão maior sobre o que é o Tea Party, o que eles defendem e a quê se opõem. O "ultraconservadorismo" deles faz referência às noções clássicas de direita e esquerda - e, portanto, a direita por eles apregoada é a do estado mínimo. Em suma: o que eles querem, acima de tudo, é pagar menos impostos. Querem um governo que trabalhe da menor maneira possível e que não se preocupe em estender suas mãos à toda a sociedade. Na visão dos teapartianos, a sociedade americana, historicamente, sempre deu conta de resolver seus próprios problemas, sem depender de um governo que interfira na economia e nas relações sociais para minimizar as mazelas coletivas.

Não há - ao menos explicitamente, claro - conteúdo racista, homofóbico ou anti-diversidade religiosa no Tea Party. Houve algumas manifestações isoladas (um dos seus principais líderes escreveu em seu Twitter ofensas aos latinos com teor muitíssimo similar às do caso Mayara Petruso), mas há uma preocupação grande de suas lideranças para que o grupo não seja visto sob esse prisma.

Outro aspecto interessante sobre o Tea Party é que, ao contrário do que se tem dito, o grupo não é, oficialmente, ligado ao Partido Republicano. É - ou ao menos diz ser - um movimento essencialmente popular, ou "grassroots", como eles dizem lá, numa referência às raízes da grama. Tanto que não há uma liderança formal, um registro oficial, e nem mesmo um website que seja o indicado pelo movimento. É tudo muito difuso.

Seus opositores dizem que o Tea Party de popular não tem nada, e que entre seus financiadores há gente como Rupert Murdoch, o proprietário da abertamente direitista Fox News. Mas aí é difícil cravar uma opinião nesse sentido.

De qualquer modo, o fortalecimento do Tea Party - certamente ouviremos falar ainda mais desse movimento, principalmente pelo fato de que já começam as movimentações para a sucessão de Obama - fez pensar como seria um movimento similar no Brasil.

De fato, não há, aqui, um partido que se assuma de direita. As imensas críticas ao Bolsa Família, que tanto barulho fizeram (e continuam fazendo) na internet não encontraram eco na campanha presidencial - José Serra, talvez o candidato mais ligado à direita, prometeu não só manter o Bolsa Família como até implantar seu décimo-terceiro. O único candidato que se declarou contra o programa foi... Plínio de Arruda Sampaio.

O único paralelo que se pode traçar com o Tea Party é com o famigerado movimento Cansei, que alcançou alguma repercussão aqui em 2007. Ambos foram movimentos "espontâneos", que se declaravam "apartidários" e que criticavam o governo "esquerdista" da vez.

Mas o Cansei não foi pra frente, principalmente pela ausência de propostas concretas (falar mal pode gerar algum Ibope, mas nada que não se esgote rapidamente). Em contrapartida, o Tea Party impressiona e tende a avançar ainda mais nos EUA.

Será que haveria espaço para um movimento direitista, espontâneo e forte no Brasil? A saber.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Vitórias e derrotas femininas em eleições

E então no domingo aconteceu o que as pesquisas já indicavam há tempos: Dilma Rousseff (PT) venceu as eleições presidenciais, derrotando, com larga margem, José Serra (PSDB).

Muito já se falou sobre a vitória de Dilma, em especial sobre o fato dela ser a primeira mulher a chegar à Presidência da República. De fato, é um tabu que se quebra, e é algo cujos efeitos somente se solidificarão daqui a muitos anos.

Gostaria de trazer a vitória de Dilma a outra ótica: a do debate sobre o preconceito nas campanhas eleitorais.


Aos fatos: o Brasil elegeu para a Presidência uma mulher divorciada. Mais: a votação mais expressiva da candidata se deu na região Nordeste, o pedaço do Brasil com os piores índices de desenvolvimento humano.

Volta e meia o Brasil é tido como um país "machista". Desde o excesso de nudez no Carnaval até a baixa presença de mulheres no Congresso, tudo vira argumento para justificar essa opinião.

Mas aí, como dito, o país elege uma mulher divorciada para a Presidência da República. Como fica tudo isso, então?

O necessário a ser feito para compreender a questão é diferenciar o machismo cotidiano do comportamento eleitoral. O primeiro está aí, forte e firme, e não será a vitória de uma mulher na eleição presidencial que irá eliminá-lo.

Já o segundo tem muito mais nuances do que uma análise simplista focada unicamente na questão do machismo poderia traduzir. Em primeiro lugar: Dilma foi eleita, acima de tudo, por ser a representante de um governo muitíssimo bem aprovado pela população. Não há muitas invenções a serem feitas a partir daí. O eleitor costuma votar favoravelmente aos governos que lhe agradam; o governo Lula foi bem avaliado; Dilma era sua representante; então nada mais natural que escolhê-la. Isso transcende a questão da "mulher".

Em segundo lugar, uma mulher na Presidência é um fator novo. E quando falamos de política, essa "coisa" tão rejeitada pela população, novidade sempre cai bem. O povo em geral está cansado dos políticos e da classe política como um todo. E como é o estereótipo do político corrupto? Um homem, de terno e gravata, cabelos ajeitadinhos, fala mansa. Ou seja: uma mulher está do lado oposto disso tudo.

O debate sobre o peso do machismo nas campanhas eleitorais se faz necessário porque, volta e meia, lideranças de candidaturas femininas atribuem ao preconceito toda a responsabilidade pela derrota. Em São Paulo, isso se viu de maneira muito forte quando Marta Suplicy (PT) perdeu, em 2004, a prefeitura para José Serra (PSDB). Apurados os votos e consumada a vitória do tucano, iniciou-se a gritaria: "é por causa do machismo". Ora, uma cidade que havia eleito, anos antes, uma nordestina (Luiza Erundina), um negro carioca (Celso Pitta) e a própria Marta Suplicy, não poderia ter virado machista, reacionária e preconceituosa de uma hora pra outra. Certamente há questões políticas e da campanha propriamente dita que explicam as derrotas de maneira muito mais precisa do que a fácil apelação para o preconceito.

(Foto: Marcello Casal Jr / ABr)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

As "mágicas" do marketing político

Infelizmente, há quem ainda ache (e são muitas pessoas) que o consultor - ou "marketeiro" - político é um cara que fica inventando fórmulas e truques para vender um candidato para a população indefesa, que acaba votando no sujeito como se estivesse comprando um sabonete (sim, a metáfora é sempre o sabonete).

É preciso que se diga que tal imagem se consolidou, também, pela ação de maus consultores e políticos, que acabaram, mesmo, fazendo com que a população se iludisse por candidaturas péssimas.

Mas o fato é que consultoria política é uma atividade muito menos "mágica" do que o senso comum acredita. Não se trata de nada além de pesquisar o cenário eleitoral, aferir os interesses das pessoas e preparar um projeto que atenda às necessidades expostas. Por exemplo: se uma pesquisa diz que a principal reivindicação em uma cidade é a saúde, que adianta um candidato fazer toda a sua campanha falando de educação, transporte ou segurança?

Em termos eleitorais, a adequação se faz também quando se identifica os principais pontos fortes e fracos do candidato diante do eleitor, e realiza-se um trabalho com base neles. Nada de "transformação", nada de "enganação".

No vídeo abaixo, que encontrei abaixo no Youtube, há um exemplo perfeito do marketing político sendo muitíssimo bem aplicado. Trata-se da campanha eleitoral da cidade de São Paulo em 1992, quando os principais candidatos eram Eduardo Suplicy (PT) e Paulo Maluf (pelo partido equivalente ao atual PP). Luiza Erundina (PT) era a prefeita da cidade na época, e ainda não havia a figura da reeleição.

Já existia uma certa tradição eleitoral em São Paulo - que chegou ao seu ápice na eleição para governador de 1990, dois anos antes do pleito sobre o qual falamos agora - que dizia que Maluf sempre disparava nas pesquisas, mas que na hora H perdia a eleição. O motivo era simples: assim como Maluf era ferrenhamente amado por grande parte do eleitorado, era odiado, com muita intensidade, por outra fatia tão significativa quanto a anterior. E embora vencesse os primeiros turnos, na segunda metade se via atropelado pela somatória de praticamente todos os votos dos outros concorrentes.

A campanha de 1992 trabalha com precisão sobre o cenário. Note-se, pelo vídeo, que o foco está no público jovem - ou seja, num eleitorado tradicionalmente anti-Maluf. Isso se deve não apenas a uma tentativa de "conversão" do novo público, mas também pelo fato de acreditar que não havia muito o que fazer com o público mais velho, de posição mais consolidada (e, em grande parte, simpática a Maluf).

É muito boa também a referência aos candidatos derrotados Alyosio Nunes (à época no PMDB, hoje senador eleito pelo PSDB) e Fábio Feldmann (hoje no PV, à época do PSDB). Como já dito, reverter uma tendência natural de rejeição dos votantes em outros nomes era imprescindível para que Maluf chegasse à vitória.

Por fim, o refrão "a gente não tem nada contra o Suplicy / a gente não quer mais é o PT mandando aqui" é genial. Aceita que Suplicy é um candidato carismático, e que portanto ofensas diretas a ele poderiam causar uma repulsa do eleitorado; e trabalha sobre a rejeição habitual que parte do eleitorado tem ao PT, algo que vigora até os dias atuais.

Em que pese a épica presença do grupo Polegar e o exagero nas pinturas das caras dos cantores, trata-se de uma ótima peça.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Como fica o Senado?

Como a essa altura todos já sabem (acho), morreu hoje Romeu Tuma (PTB-SP), senador por São Paulo. Tuma já vivia um quadro complexo de saúde há tempos, a ponto de se ausentar praticamente de toda a reta final da campanha eleitoral recém-finalizada, na qual tentava a reeleição.

(Inclusive, a manutenção da candidatura de Tuma, contrariamente ao que fez o PMDB em relação ao também vitimado por doenças Orestes Quércia, foi alvo de pesadas críticas. Ricardo Young, candidato do PV ao Senado, chegou a acusar o PTB de estelionato).

Tuma perderia o mandato no final do ano. Então, em termos de "composição política", sua morte não altera o cenário do Senado Federal. Mas pode gerar uma situação curiosa.

Afinal, havia mais dois meses de mandato a serem preenchidos. Então é necessário que um suplente exerça o seu cargo nesse período. O primeiro suplente de Tuma é Alfredo Cotait Neto, que é secretário de Relações Internacionais de São Paulo.

Liguei há pouco na Secretaria para saber se Cotait assumirá o cargo nesses meses restantes. O assessor de imprensa informou que ainda não há definição a respeito - o que é natural, devido ao fato ter ocorrido há poucas horas.

Talvez Cotait opte por não optar a cadeira, por conta de sua função na prefeitura paulistana. Iria para o Senado então Alexandre Honore Marie Thioillier Filho, advogado que pleiteia o posto de ministro do Superior Tribunal de Justiça.

Sinceramente, não sei o que a legislação prevê caso Cotait e Thiollier optem por não assumir o Senado (o que seria compreensível, por se tratar de pouco mais de um mês). Se por algum acaso a legislação prever que o contemplado seja o candidato imediatamente abaixo de Tuma na eleição de 2002, teríamos a vaga destinada para... Orestes Quércia.

Há uma situação das mais curiosas se desenhando, essa é a verdade.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Balanço das eleições 3 - A "surpresa" do Senado em São Paulo

Apurados os votos, contabilizados os números, uma das principais surpresas das eleições 2010 se deu na disputa pelas duas vagas do Senado em São Paulo. Até um ou dois dias antes do pleito, Netinho (PCdoB) e Marta (PT) eram dados como eleitos; mas aí a vitória ficou com Aloysio Nunes (PSDB), e Marta obteve ao menos a segunda vaga. Netinho foi o grande derrotado.

Foi a senha para que se iniciasse uma temporada de caça aos institutos de pesquisa, que, em tese, falharam abruptamente ao não identificar o sucesso da candidatura do tucano.

Mas será que as pesquisas falharam mesmo? Ou o que ocorreram foram sucessivos erros de interpretação?

Quando se noticiava a liderança de Netinho e Marta, se baseava em pesquisas que divulgavam as porcentagens dos votos válidos. Ou seja, que desprezavam os votos em branco, os nulos e - o mais importante! - os indecisos.

Segundo o Datafolha, havia, no dia 2 (um dia antes das eleições), 24% de indecisão em relação ao segundo voto, e 11% em relação aos dois para o Senado. Já o Ibope, também no dia 2, constatou também 11% de indecisos e 17% que tinham apenas um nome.

Ou seja: 24%, 17%, 11%... é muita, mas muita coisa. É uma batelada de gente com possibilidade mais que ampla de reverter um quadro eleitoral.

Agora paremos para pensar para onde migariam esses indecisos.

O primeiro lugar no primeiro turno para Geraldo Alckmin (PSDB) para o governo do estado era uma certeza - a única dúvida que permanecia era se o seu percentual seria suficiente para vencer a eleição já de cara ou se haveria necessidade de segundo turno. Também era sabido, com base em eleições anteriores, que era mais provável que José Serra (PSDB) tivesse mais votos que Dilma Roussef (PT) em São Paulo.

Surgia então um paradoxo. São Paulo teria um imenso número de eleitores que votariam da seguinte forma: Serra para presidente, Alckmin para governador, Marta e Netinho para senadores. Faz sentido? Você conhece alguém que votou assim?

Marta e Netinho dispararam na frente das pesquisas pelo recall que ambos têm, uma como ex-prefeita e sempre presente em eleições e o outro como "celebridade". Aloysio, apesar de vasta vida pública, é uma pessoa de certo modo desconhecida do eleitorado.

E a eleição para o Senado - embora menos que as para a Câmara e para a Assembleia Legislativa - atrai menos holofotes que as para o Governo e a Presidência. Não se discute tanto os possíveis senadores quando se discute os possíveis presidente e governador.

Aí, à medida que a eleição foi se aproximando, o eleitor de Serra e Alckmin foi obrigado a pensar: "ei, eu preciso votar em alguém para o Senado!". E foi nessa toada que a candidatura de Aloísio subiu. Foi se solidificando nas pesquisas e, certamente, houve muitas pessoas que no próprio dia da eleição questionaram: "quem é o senador que é contra o PT?".

É essa situação, aliás, que explica a bela votação de Ricardo Young (PV), o quarto colocado na disputa. Young se beneficiou com o segundo voto dos eleitores de Aloysio e até mesmo de alguns que votaram em Marta - a rejeição ao nome de Netinho de Paula sempre foi das maiores.

No fim das contas, antes de demonizar os institutos ou creditar ao "acaso" o sucesso de Aloysio, fazer uma leitura adequada do cenário político e dos números das pesquisas acaba resolvendo a situação. Indecisos: nunca os despreze.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Latinos nos EUA: intenções mais amplas

Dou um tempo nas eleições nacionais para falar um pouco de um tema sempre interessante, a política dos EUA. A edição digital e em espanhol da sempre boa Campaigns & Elections (confira aqui) traz uma interessante matéria sobre o voto latino nas terras de Barack Obama.

Todo mundo sabe que os latinos (ou hispânicos, escolha o tema que lhe convir) são uma população que cresce e muito nos EUA, que o espanhol é cada vez mais falado, que Obama e McCain, tal qual outros tantos políticos, têm feito campanhas políticas específicas para esse grupo, e assim por diante.

A questão que a matéria da Campaings aborda é que ainda há muitas ações feitas para os hispânicos baseadas, unicamente, em preconceitos. O texto fala: há quem acredite que fazer campanhas em espanhol e falar sobre leis de imigração seja o necessário (e suficiente) para agradar a esses grupos.

E pesquisas revelam que os hispânicos, tal qual os outros americanos, querem também saber sobre desenvolvimento econômico, combate à violência, desemprego, etc., etc., etc..

Ou seja: fazer algo extremamente focado acaba soando ineficaz e até um tanto quanto desrespeitoso. Algo como "será que só porque eu sou latino eu não tenho direito de saber suas propostas para a saúde, educação, economia?".

No fim das contas, é mais uma comprovação do óbvio: sem uma boa pesquisa, tudo o que se fizer sai errado.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Balanço das eleições 2 - Tiriricas e afins

"Tiririca é o deputado mais votado do Brasil! Isso é a desmoralização completa da política nacional! E ainda tem a Mulher-Pêra, o Kiko do KLB, a Cameron Brasil! Onde vamos parar!?"

Calma, calma. Vamos com calma nessa análise. É preciso compreender o que realmente significa o fenômeno Tiririca - e, mais que isso, dar a ele a dimensão correta.

Sim, Tiririca está eleito justamente por ter feito uma candidatura à base do escracho, que jogou justamente com a insatisfação que o brasileiro tem com a situação da política como um todo. Isso não é novidade para ninguém.

Mas Tiririca é o único palhaço das eleições? É a primeira pessoa a se candidatar com esse tipo de "plataforma"? Que nada! A cada eleições há dezenas de tipos como ele. Uns ainda mais escrachados, a maioria menos famosa, mas todos apostando na mesma estratégia: a palhaçada como 'marketing político'. E quantos são eleitos? Nenhum, ou praticamente nenhum.

"Ah, teve o Clodovil e o Enéas...". Não, não é por aí. Embora Clodovil e Enéas fossem, também, candidatos escrachados - na minha visão e na da maioria das pessoas - eles levavam-se a sério. E quem votou neles (ou grande parte dessas pessoas) o fez achando que ali estaria um parlamentar de verdade - ou no mínimo alguém que "não tinha medo de dizer a verdade".

Tiririca ganhou a eleição porque contou com um ótimo aparato partidário. Foi o principal candidato de um partido médio. Teve recursos, tempo na TV, e a principal legenda (o 2222) do partido. Não fosse isso, ele certamente não seria eleito - seria apenas mais um integrante do folclore eleitoral, como tantos outros.

Todos - reitero, todos - os outros eleitos para deputado federal em São Paulo não são nem famosos nem "engraçadinhos". Há os políticos de carreira, como João Paulo Cunha (PT), José Aníbal (PSDB) e Aldo Rebelo (PCdoB). Há outros que se beneficiaram por circunstâncias extra-políticas, como o delegado Protógenes (PCdoB) e Iolanda Ota (PSB), a mãe do menino Yves Ota, barbaramente assassinado anos atrás. Todos os outros famosos que tentaram a Câmara e causaram frisson por aí naufragaram nas suas tentativas.

Portanto, um pouco mais de calma ao decretar a falência do sistema político brasileiro e/ou a ignorância total do povo ao analisar os números de Tiririca. Fosse tão feia assim a situação, mais gente "errada" triunfaria.

As aspas no "errada" acima são para ressaltar outro ponto que também merece reflexão. A grande quantidade de candidatos 'famosos' despertou indignações exacerbadas nessa eleição, como nunca vistas. Mas vale pensar: é proibido que alguém que seja famoso queira entrar na política?

Discordo e muito desse dogma. Rejeito - como é óbvio - alguém que não tenha plataforma nenhuma e queira somente se beneficiar da fama. Mas acho possível que um famoso tenha a disposição de contribuir para a coisa pública. E, se isso for bem feito, pode gerar um bom trabalho.

Balanço das eleições 1 - O povo que não concorda...

Há muito, mas muito mesmo o que falar dessas eleições realizadas ontem - e que seguem ainda em curso. Apareceram algumas novidades, outras tantas revelações, e alguns conceitos se confirmaram. Farei alguns comentários ao longo desses dias.

Um, que "abre a série", é uma lembrança de O povo que não concorda comigo é burro, post que fiz em dezembro do ano passado. Trago novamente o assunto à tona porque, infelizmente, tenho visto essas análises se repetindo.

É só ver como alguns blogs estão repercutindo os resultados do pleito de ontem. Dependendo da orientação política dos seus autores, basta cravar que o povo "escolheu certo" ou "não sabe votar" - isso varia de acordo com a existência ou não de concordância entre a opinião do blog e dos resultados das urnas.

Reitero que cravar "inteligência" ou "burrice" do povo de acordo com o que acontece é algo ao mesmo tempo leviano e inadequado. A "cultura" de um povo não se modifica de dois em dois anos, que é o intervalo entre as eleições no Brasil. É mais correto dizer que cada eleição tem sua peculiaridade, e as dinâmicas das campanhas e dos pleitos são o que determinam como a coisa se conclui.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mais sobre debates

O UOL divulga hoje (veja abaixo) uma matéria sobre os debates, que mostra, de maneira caricata, como que são montadas as estratégias dos candidatos.

Além do que citei no post anterior, a reportagem traz outro elemento que deixei passar: a reação de um candidato líder na disputa quando colocado diante de uma denúncia. O 'meu adversário apela para baixarias, eu não vou descer nesse nível' é um expediente tão clássico quanto - ao meu ver - entediante. Por outro lado, é compreensível: responder a uma denúncia é bom, mas ignorá-la e deixá-la morrer pode ser ainda melhor.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Roteiro monótono de um debate

"Estamos aqui com mais um debate com os candidatos ao governo do estado. Agora, o Sr. Oposição faz a pergunta ao Sr. Governo.

Sr. Oposição: Sr. Governo, o povo sofre nas filas dos hospitais. Uma consulta demora meses para ser marcada. Há gente esperando nos corredores! Por que, apesar desse horror todo, o sr. ainda acha que merece o voto da população?

Sr. Governo: Sr. Oposição, em nossos quatro anos de governo nós fizemos muito pela saúde. Inauguramos 3.241 postos de saúde, contratamos 2.109 médicos, distribuímos 9.830 remédios. A prova do bom trabalho está em uma pesquisa, que mostra que 75% da população aprova os serviços de saúde.

Sr. Oposição: Então eu pergunto a você, cidadão que está nos assistindo. Você está satisfeito com a saúde? Fica tranquilo quando precisa de um atendimento? Aposto que não! Precisamos mudar!

Sr. Governo: Está perfeito? Não está. Mas já avançamos muito. E tenho certeza que avançaremos ainda mais."

==

Troque "do estado" do início do post pela unidade da federação que lhe convir (ou município, ou até mesmo a União). Substitua os nomes "Sr. Governo" e "Sr. Oposição" pelos candidatos que efetivamente estejam ocupando esses papéis durante o debate. E o exemplo da saúde pode ser substituído por qualquer outra área da administração pública - educação, transporte, finanças, ou qualquer uma à sua escolha.

Tem-se aí o roteiro de qualquer debate entre os candidatos do Brasil. Infelizmente. De um lado, candidatos de oposição que apelam para o emocional e para o fato que, no Brasil, os serviços públicos (seja quais forem) estão sempre aquém do que deveriam estar. Do outro, os do governo apostando na linha do "muito já foi feito, mas com o seu voto faremos ainda mais".

E ambos os lados despejando números, estatísticas, informações que acabam sendo irrelevantes para o eleitor.

Da maneira como se dão hoje, os debates servem somente para que os eleitores solidifiquem os votos que já pretendem realizar. Isso tem importância? Claro, é sempre bom cativar o eleitor. Mas talvez seria melhor insistir num debate que almeje a mudança de postura, ou que no mínimo coloque a tal pulga atrás da orelha em quem já havia decidido seu voto.

Como chegar a essa condição é algo de difícil resposta (se fosse tão fácil assim, todo mundo faria). De uns tempos pra cá, virou dogma entre analistas/marqueteiros que a "campanha negativa" mais prejudica o acusador do que o próprio acusado. Sob essa ótica, apresentar críticas fortes ao outro lado sugeriria um certo desespero, e faria com que o eleitor, motivado talvez por dó ou piedade, pendesse para o lado de quem recebe as críticas.

Modestamente, contesto essa visão. Ora, se há denúncias - sólidas, provadas, etc., etc. - por que não apresentá-las? Se há falhas administrativas (e aí não falo de corrupção, e sim de incompetência, promessas não cumpridas e outros temas), qual o problema em escancará-las, em deixá-las evidentes para o eleitor?

A "baixaria eleitoral" que muita gente condena está em devassar a vida pessoal dos candidatos - e não preciso citar exemplos disso, todo mundo tem alguns casos em mente. Agora, quando se trata da vida pública, acredito que isso tem que vir à tona. Sinceramente, mesmo, acho que o eleitor sai beneficiado com isso.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Tocantins

Chegamos à última análise! Coincidentemente, o último estado pela ordem alfabética é também o mais novo de toda a união. E o único que tem apenas dois candidatos disputando o governo.

São eles Carlos Gaguim (PMDB) e Siqueira Campos (PSDB).

Carlos Gaguim (PMDB)
Quando se acessa a página inicial de Carlos Gaguim, abre-se um menu em que são expostas as duas páginas de campanha: o "site informativo" e o "site jovem", nas palavras do próprio texto.

Há, aí um pequeno erro. As duas páginas são realmente bem diferentes entre si. Enquanto o tal "site informativo" é caretão, sem nada digno de muito destaque (e também sem grandes tropeços, registre-se), o "site jovem" é excelente. Traz de maneira interativa e divertida propostas de Gaguim para o estado, além de outros conteúdos relacionados à campanha.

O errinho, ao meu ver, é dissociar uma página da outra. Quem está no "informativo" não consegue ir para o "jovem", e vice-versa.

Falando da página propriamente dita (o "informativo"), ela é marcada por um design que vai entre o mediano e o ruim, e que tem algumas falhas estruturais - por exemplo, o plano de governo é exibido de maneira mesclada às notícias, e quem acessa não tem certeza sobre qual segmento está.

Há também um destaque excessivo às mídias sociais na página inicial ("Ranking", com fotos e uma pontuação não explicada de alguns internautas, é talvez a coisa que mais se destaque). O painel com os seguidores do Twitter é também maior do que pediria um bom senso.

Mas está longe de ser uma página ruim. Talvez só precisaria de alguns ajustes estruturais.

Siqueira Campos (PSDB)
Design, design, design. É aí que está o principal problema da página do tucano.

Porque o conteúdo lá disposto é bom: há notícias atualizadas, o perfil do candidato é apresentado de maneira interessante, diz-se quais foram as realizações de Siqueira no estado, o programa de governo é mostrado em um tom interativo, os materiais para download estão todos ali...



Mas o site é, falando de maneira simplista, feio.

Há um excesso de branco na página inicial, e também nas subdivisões. O banner inicial, que traz Siqueira ladeado de seus candidatos ao Senado, é pequeno, e acaba ficando apagado diante dos outros itens que há na página.

Repete-se o erro do formulário por contato, a agenda é mal utilizada, mas enfim; a principal pisada de bola está no design - já que os erros de conteúdo são os que se encontrou, via de regra, nas outras páginas analisadas.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Sergipe

O penúltimo estado a ser analisado é o Sergipe. Lá, os candidatos que lideram a disputa são João Alves (DEM) e o atual governador Marcelo Déda (PT).

João Alves (DEM)
O site do democrata deixa uma razoavelmente boa primeira impressão, que vai se quebrando quanto mais se analisa a página.

O design da página inicial, por exemplo, é bom. A foto do banner inicial é adequada, as fontes foram bem escolhidas, a composição das cores é legal.

Mas quando se começa a navegar pela página, detecta-se facilmente problemas feios de estrutura. Por exemplo: a visualização das notícias é péssima, com o texto sendo espremido em uma tela pequena, e exigindo que o internauta clique inúmeras vezes na barra de rolagem para ler a matéria por completo. Mais do que feio, é algo pouco convidativo.

Outro problema é dispor, na página inicial, conteúdos que não se encontram em nenhum outro segmento do site. Por exemplo, "Álbum de Campanha" e a listagem de todos os candidatos da coligação.

Nesta listagem, inclusive, está outra falha do site: a relação de todos os candidatos da coligação (o que é uma boa pedida e deveria ser mais executado) é colocada com uma imagem, e não em formato de texto. A mesma coisa acontece na boa seção "25 motivos para votar em João". Quando se coloca imagens, reduz-se a possibilidade de acesso ao site via sites de busca (já que não há como uma página ler o que está escrito em uma imagem) e também se limita a chance de o internauta copiar o conteúdo e replicar a outros possíveis eleitores.

Agenda confusa, ausência de um plano de governo mal elaborado e fracas ferramentas de contato são outras pisadas de bola da página.

Marcelo Déda (PT)
Uma das mais agradáveis surpresas de todas essas análises. Pelo seguinte: quando comecei a procurar, via Google, o site do candidato, localizei uma série de notícias, informações de outro tipo e o Twitter do governador. Nada de um site de campanha. Pensei que simplesmente não existia um.

Mas com um pouco mais de insistência achei o site de Déda. E encontrei uma das melhores páginas de candidato ao governo em todo o Brasil.

O design da página inicial é "clean", que estimula a navegação e que tem a cara de muitas páginas tidas como ícones da internet 2.0. O internauta encontra o que quer com facilidade, e tem ferramentas para disseminar o conteúdo.

Em "Sergipe Mudou" está uma das melhores sacadas da eleição: um infográfico bonito, amigável e informativo que traz as realizações de Déda no governo estadual. Isso, somado à boa disposição do plano de governo, dá um belo substrato ao eleitor que quer fortalecer o nome de Déda diante de amigos.

Há também referência a outras páginas de apoio a Déda, como "Elas votam Déda", para as mulheres, e "Vamos com Déda", para a juventude. Diferentemente do que ocorre em outras páginas, na de Déda a integração entre os sites de apoio é bem-feita.

Vídeos, áudios e fotos ajudam a compor todo o conteúdo do ótimo site.

Na penúltima análise, acabo encontrando uma das melhores páginas do Brasil na categoria. Muito bom!

Isso de novo?

Uma notícia que tem repercutido hoje diz que, na Grã-Bretanha, um anúncio de sorvete que estampava a foto de uma freira grávida foi proibido (aqui, texto do G1 a respeito).

Aí começam as discussões de sempre: as entidades religiosas alegam desrespeito às suas crenças, enquanto que os publicitários criadores do anúncio se baseiam na liberdade de expressão.

Queria discutir a questão por outro prisma. Na boa: 20 (ou quase isso) anos depois que a Madonna fez um clipe beijando um santo, e que a Benneton "chocou o mundo" com suas propagandas que traziam fotos de padres beijando freiras (e vice-versa), será que a publicidade ainda precisa desse recurso para se destacar?

Há quem critique (com certa razão) as peças "polêmicas" pelo mau gosto. Mais que isso, acho que elas devem ser criticadas pela falta de criatividade. É triste ver que certos expedientes ainda precisam ser utilizados em busca de visiblidade.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - São Paulo

Hora de falar do estado onde moro, o mais populoso do Brasil.

São Paulo tem a disputa polarizada entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Aloizio Mercadante (PT). Apesar de reconhecer que ele não tem chances na disputa, analiso também a página de Celso Russomanno (PP), adotando o mesmo critério que utilizei nos outros estados - e é também por isso que excluo a página de Paulo Skaf (PSB) da análise.

Aloizio Mercadante (PT)
"Poderia ser melhor" é uma expressão que sintetiza bem o que é o site do petista. Há bom conteúdo, o design não é algo que possa ser chamado de feio, a visibilidade é adequada - mas acontecem alguns tropeços feios para uma candidatura do porte da do senador.

Por exemplo: quem clica nas seções "Fotos" e "Vídeos", queira ou não queira, é redirecionado para páginas externas, do Flickr e do Youtube, respectivamente. Lanbçar mão desses recursos é legal; utilizá-los de maneira a fazerem com que seu leitor saia do site, não.

O plano de governo é apresentado de maneira estranha na página. É dividido em setores, mas a navegação é ruim: as subdivisões são mostradas apenas com letras em vermelho e, quando acessadas, revelam um texto escrito numa fonte pequena e num contraste cinza-branco que dificulta a leitura.

Há, na página inicial, um campo para doações: mas ele está apenas ali. Quem sai da home não o encontra mais de jeito nenhum. E está no site um telefone para contato, mas apenas do comitê da capital. Espalhar as formas de acesso seria uma boa pedida.

Celso Russomanno (PP)
Um candidato tradicionalmente ligado à comunicação e ao jornalismo deveria ter uma página de melhor qualidade. É uma tarefa hercúlea encontrar algo de positivo na página do deputado.

Talvez um dos únicos méritos seja o box "Veja o que dizem", na página inicial, que traz depoimentos de internautas enviados por email ou recolhidos das mídias sociais, como comentários de Youtube. E só.

A página é esteticamente feia, apresenta problemas para navegação (há conteúdos presentes apenas na home, que não se consegue encontrar em nenhum outro local), as fontes são mal escolhidas - e há notícias nas quais há mais de uma no corpo do próprio texto! - as fotos são estranhas...

O plano de governo não está disposto em formato PDF, mas chega até a ser pior do que o que acontece nos sites de alguns que optaram por isso. O que se vê na página de Russomanno é uma cópia documento entregue ao TSE: ou seja, um texto gigantesco, nada convidativo, que será lido por pouquíssimos. Talvez o "governador das ruas" tenha achado que seria perda de tempo investir mais na campanha pela internet...

Geraldo Alckmin (PSDB)
É a melhor página dos candidatos ao governo do estado - embora, claro, apresente problemas.

Um é, como no caso da página de Mercadante, fornecer como único endereço e telefone de contato o do comitê em São Paulo. Certamente há outros tantos no restante do estado... Um pequeno deslize acontece também na apresentação do currículo de Alckmin. É um texto longo, arrastado, que poderia ser melhor sintetizado e que destacasse realizações da vida pública do candidato (como curiosidade, vale dizer que a página de Alckmin é a única encontrada, até agora, em que há tanto destaque para a primeira-dama).

A página inicial traz até um excesso de informações, mas a disposição é muito bem-feita. Cores, menus, boxes e outros itens são colocados de maneira harmônica, compondo um conjunto interessante. A barra vertical para as doações, citando valores pequenos como R$ 10 e R$ 30, é uma ótima sacada.

Falando em boas ideias, em "Ações do PSDB" mostra-se realizações do partido (Alckmin incluído, evidentemente) no estado, em todas as suas gestões. É uma ótima maneira de chamar a atenção do eleitor, e quebra um pouco o tropeço que é resumir o currículo do candidato a um textão corrido.

O site chama também para as redes sociais utilizadas pela campanha, e na home, o segmento "Eu quero Geraldo 45" traz vídeos com depoimentos que podem ser enviados pelos internautas. Boa medida.

Vale dizer que a página segue a linha adotada em todas as ações de comunicação da campanha tucana: "Alckmin" praticamente não existe, o candidato é o "Geraldo".

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Santa Catarina

A abordagem agora é sobre Santa Catarina. Três candidatos - ou melhor, duas candidatas e um candidato - lideram a disputa: Angela Amin (PP), Ideli Salvatti (PT) e Raimundo Colombo (DEM).

Angela Amin (PP)
O site da deputada é esteticamente feio e apresenta problemas para navegação. Tem uma apresentação "espremida": a página propriamente dita ocupa apenas um terço da tela, deixando dois espações verticais inutilizados.

Na mesma linha, quem navega no site acaba esbarrando em outras chatices similares, como a dificuldade de se navegar entre as subdivisões do menu inicial. Ao se parar o cursor sobre uma opção, as subdivisões aparecem; mas é quase impossível passar de uma à outra sem que o cursor saia da tela e interprete que o internauta esteja querendo mudar de conteúdo.

Chama atenção também o pouquíssimo uso de cores (o site é praticamente todo cinza; além de feia, a cor é oposta ao azul/vermelho do PP, o partido de Angela, e o verde/vermelho/branco de Santa Catarina; a opção, então, parece inexplicável) e as fontes utilizadas. Para algumas páginas, recomenda-se o uso de uma lupa para que seja possível ver as notícias, dado o reduzido tamanho das letras na tela.

O curioso é que, em termos de conteúdo, o site é interessante, com boas sacadas. O menu "Linha Direta" tem cinco subdivisões, e todas elas são ótimas sacadas - em "Minha Família", o internauta envia uma foto de sua família e uma declaração de apoio à candidata. Isso é bom, porque garante uma atualização para a página, sugere uma ideia de apoio à candidatura e estimula mais visualizações.

Há tropeços como a ausência do plano de governo e ferramentas mais interessantes de contato. Mas, em geral, a falha principal da página está mesmo no design - o que salta ainda mais aos olhos quando se compara o site de Angela aos dos seus adversários.

Ideli Salvati (PT)
A página inicial é um tanto quanto poluída - a escolha das cores acabou não sendo tão harmônica assim, e o excesso de conteúdo pode prejudicar a visualização - mas isso acaba sendo um detalhe perto das outras coisas boas que há na página.

Por exemplo, no topo da página há três menus: "Ideli na sua casa", "Ideli no seu computador" e "Colabore com a campanha". A página de doações ainda segue "em construção" (e é meio improvável achar que estará concluída agora, a 20 dias das eleições). Mas os outros dois são ótimos. "Ideli na sua casa" sugere que o internauta receba uma placa com a foto da candidata, para ser afixada na residência - é preciso preencher um formulário e aguardar que um representante da campanha entre em contato. E "Ideli no seu computador" mostra como o visitante pode instalar, passo-a-passo, um programinha com informações sobre a campanha.

Alguns pequenos tropeços acontecem, como a disponibilização do plano de governo apenas em formato PDF - o que acontece também com a opção "Saiba o que SC já ganhou com o governo Lula". Expor essas duas informações de maneira mais agradável seria uma medida melhor.


Há o chamariz para uma outra página chamada embaixadores.sc. É um site, externo ao de Ideli, que reúne discussões e fóruns sobre Santa Catarina. Ideia boa - mas seria melhor executada se realizada dentro do próprio site de Ideli, sem fazer com que o visitante deixe a página para participar.

Em resumo, é um site bom, caprichado, mas que tem o conteúdo ligeiramente falho.

Raimundo Colombo (DEM)
Sem medo de errar: é uma das melhores sites do Brasil na categoria. Combina ótimo design com conteúdo de qualidade. Utiliza as mídias sociais de maneira inteligente e capricha nas ferramentas para estímulo de mobilização.

Por exemplo, a seção "Mobilização" traz um mapa do estado marcado com ícones; ao clicar neles, o visitante tem o nome e o endereço de um apoiador da candidatura, em uma rede que abrange todo o estado. A navegação poderia ser um pouco mais amigável, mas ainda assim é a melhor iniciativa de mobilização já encontrada - nome e sobrenome dos militantes, o que facilita o contato.

As biografias de Colombo e de seu vice, Eduardo Moreira, são mostradas de maneira simples e objetiva. E, na de Colombo, há ainda outro adicional muito bom: uma seção "Você sabia", com perguntas e respostas sobre o candidato, que expõem suas realizações na vida pública.

Em "Tô Contigo", fotos enviadas pelos visitantes compõem um dinâmico painel, de divertida e estimulante visitação.

A principal (ou talvez única) pisada de bola está no plano de governo. É chamado de "Agenda de Governo", e resume-se a um local onde o internauta pode enviar sua sugestão (e não se mostra o local onde as sugestões aparecem) e também onde se pode fazer o download do antipático PDF com o programa de governo enviado ao TSE. Um site tão caprichado merecia melhor atenção em um conteúdo relativamente básico como esse.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Roraima

Hoje seria o dia de analisar as páginas de Roraima, mas tal avaliação não poderá ser feita. Por um motivo simples: os dois principais candidatos ao governo não têm sites de campanha (ou, como sempre tenho dito aqui, eu que não encontrei nas buscas via Google; peço aos leitores que corrijam, se eu estiver errado).

Neudo Campos (PP), que é deputado federal, tem o Blog do Neudo. Que tem até um bom design, mas é pouco atualizado (a postagem mais recente é de 29 de julho) e não tem mais informações sobre o candidato. Já do seu principal adversário, José de Anchieta Júnior (PSDB), não se encontra nada.

Ainda que Roraima seja um estado pobre e o menos populoso do Brasil, desprezar a internet é um erro. Até pelo fato do estado ser geograficamente grande e, por isso, percorrê-lo é tarefa cara e que pode ser ineficiente.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Rondônia

Rondônia é o estado a ser visitado agora. Três candidatos lideram a disputa por lá: Confúcio Moura (PMDB), Expedito Júnior (PSDB) e João Cahulla (PPS).

Confúcio Moura não tem - ou pelo menos eu não consegui localizar - um site específico para a campanha; peço até a ajuda dos leitores se houver algum. O candidato tem um portal e um blog. Em ambos há pedidos de voto e referência ao número do candidato, mas não se tratam de sites de campanha propriamente ditos. Ficam, então, excluídos da análise.

Expedito Júnior (PSDB)
A página do candidato tucano pouco arrisca. E, consequentemente, pouco alcança.

Não é um site feio. Pelo contrário: o plano de fundo é legal, a combinação amarelo/azul se dá de maneira harmoniosa, as fontes estão bem escolhidas.

E em termos de conteúdo se pode dizer que o que habitualmente se verifica nos sites de candidatos está à disposição do visitante.

Comete as falhas costumeiras das outras páginas da categoria - o plano de governo está resumido a um arquivão em formato PDF e a única forma de contato, além das mídias sociais, se dá por meio do formulário.

Há também certa "simplicidade exagerada" na apresentação da biografia do candidato - Expeo foi vereador, secretário, deputado e atualmente é senador, e esses cargos são mencionados em míseras linhas, sem que se destaque o que o político fez no exercício destas funções.dit

Chama também a atenção o fato de não haver nenhuma menção sequer aos outros componentes da chapa (com exceção do vice, Miguel de Souza). Quem acessa o site não consegue saber quem são os candidatos ao Senado e à Presidência que Expedito apóia.

A ausência da agenda do candidato também é uma falha significativa.

Jorge Cahulla (PPS)
Se o site de Expedito Júnior chama negativamente a atenção por sua excessiva simplicidade, na página de Cahulla temos o oposto. Ao menos na página inicial: há uma sobreposição de cores, boxes e fontes que cria um design poluído e pouco amigável.

Por exemplo, as opções do menu principal - "Agenda", "Sobre o Cahulla" e outras - acabam sendo praticamente ofuscadas, já que para elas é utilizado uma fonte minúscula, que pouco se destaca perto do restante que há na home.

Em termos de conteúdo, a página até que cumpre os requisitos básicos. Tem a biografia do candidato, acessos para as mídias sociais, citação ao vice, vídeos e áudios, e outras ferramentas.

O plano de governo, ao menos no momento de elaboração desse post, apresentava falhas técnicas: a página mostrava uma única seção, "Agricultura e Pecuária", e ainda assim com uma imagem cuja ampliação não funcionava. Corrigido este problema - e ampliadas as subdivisões -, aparentemente teremos um bom conteúdo.

"Sala de Imprensa" é um tanto quanto inútil, já que reproduz as notícias que estão em outros trechos do site e não traz as ferramentas de contato. E falando em contato, o "erro do formulário" é também cometido na página.

Tal qual no site de Expedito Júnior, não há menção aos outros candidatos - Senado, Câmara e Presidência - da chapa de Cahulla.

E um dos principais acertos do site está na página inical, com a seção "O povo fala": vídeos simples, com depoimentos de eleitores, falando sobre as realizações de Cahulla e do governo anterior (o qual apóia).

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Rio Grande do Sul

O estado a ser analisado agora é o Rio Grande do Sul, cujos principais candidatos são José Fogaça (PMDB), Tarso Genro (PT) e Yeda Crusius (PSDB).

José Fogaça (PMDB)
Em geral, o site do peemedebista é bom. A página inicial (apesar do banner principal e sua foto estranha) é bem feita, com uma disposição adequada de fotos, destaques e das cores - o vermelho-amarelo-verde do estado acabou se harmonizando legal com o azul do banner principal e com as outras informações.

A maior falha do site está na apresentação do plano de governo do candidato. Coloca-se apenas um link para download do programa, que é apresentado por um texto denso, de três parágrafos, pouco convidativo.

Em compensação, o site acerta em "Conquistas Históricas": lá se mostram as realizações de Fogaça quando prefeito de Porto Alegre, de maneira dinâmica e fácil. Basta o internauta escolher uma área de interesse e tem à sua disposição informativos sobre o que fez o candidato em seu mandato anterior.

Outra virtude do site de Fogaça - algo até agora não visto em nenhuma outra página - está na apresentação das ações da candidatura nas mídias sociais. Ao invés de apenas despejar os ícones das redes (e contar para que o visitante seja habituado a todas elas), há uma subdivisão chamada "Vida Digital" em que, em um simples parágrafo, de maneira didática, explica-se o que é a rede (Twitter, Youtube e outras) e como se dá a participação da campanha.

Tarso Genro (PT)
De certo modo cabem à página do petista os mesmos elogios feitos ao site de Fogaça. A apresentação visual do site é muito boa. Os conteúdos estão bem dispostos na página inicial; o design, amplo e espalhado, gera uma visualização agradável e de fácil navegação.

Em toda a página o conteúdo é bem distribuído e apresentado. E há conteúdo de sobra: o programa de governo é setorizado (e quem quiser baixar o PDF completo pode fazê-lo), a agenda é informativa (embora traga apenas o dia corrente, mas pelo menos os compromissos são bem detalhados). Caberia detalhar, em sua biografia, o que fez como prefeito e ministro, mas ainda assim a seção está bem feita.

Da série "boas e simples ideias", o site tem a listagem de todos os candidatos da chapa - inclusive todos os que disputam vagas de deputado federal e estadual, com direito a links para os sites dos que tiverem páginas na internet. Isso reforça o senso de grupo, além de atrair mais visitantes.

O comitê central da campanha tem seu endereço e telefone divulgados logo na página inicial. E, internamente, há inclusive o mapa do local, via Google Maps. Para ficar perfeito, seria legal a inclusão dos comitês das outras cidades. Mas já é algo superior à média.

Um item que não consta no site e que está presente na maioria das páginas dos candidatos ao governo (inclusive na dos dois adversários de Tarso) é a dos materiais de campanha para download. Já que tal subdivisão virou "commodity", poderia constar ali.

Yeda Crusius (PSDB)
A página da atual governadora tem na interatividade seu principal mérito. Mais do que colocar os ícones das redes sociais, o site efetivamente utiliza e dá destaque a esses elementos.

Por exemplo, em "Pergunte", há questões enviadas e cujas respostas são assinadas pela candidata. As perguntas percorrem uma gama que vão desde "Qual a sua proposta para a educação?" até "Onde posso encontrar as fotos do evento do dia 20?".

Na página inicial, há também outros três bons pontos de interatividade. Um é o "Faça o seu Y", em que os visitantes enviam fotos para serem publicadas; em "Mensagem para Yeda", há o envio de textos, que podem também conter imagens; e "Meu voto é de Yeda" tem perfil semelhante. Todas são boas ações, e que colaboram para o aumento de visitantes.

A subdivisão "O que Yeda fez por você" é boa, com as realizações da governadora; em compensação, as "Diretrizes para o segundo governo" são apresentadas em um antipático PDF.

E peço a ajuda dos visitantes: no momento de produção desse post, o menu "Pegue sua bandeira" não funcionava. Ao acessá-lo (e em mais de um navegador), me deparei com uma mensagem de erro do Google Maps. É isso mesmo? Gostaria de ver essa seção porque, aparentemente, ela traz uma ótima informação, que é a dos comitês em diferentes municípios do estado.

Com exceção desse problema técnico, a principal falha do site de Yeda está justamente em seu design. A utilização ampla da cor azul traz um tom monótono à página - sem contar que, em um estado de rivalidade futebolística tão forte, privilegiar a cor de um dos principais times é queimar-se com parte significativa do eleitorado...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Rio Grande do Norte

O estado a ser analisado agora é o Rio Grande do Norte, que tem três candidatos à frente da disputa: Carlos Eduardo (PDT), Iberê Ferreira (PSB) e Rosalba Ciarlini (DEM).

Carlos Eduardo (PDT)
A página do pedetista tem um design adequado. Mas as principais falhas estão no conteúdo.

Antes, uma observação: Dilma Rousseff e o presidente Lula aparecem muito mais em destaque na página de Carlos Eduardo do que na de Iberê (que analisaremos em seguida), que tem o PT, partido do presidente e da presidenciável, como parte da coligação. Ponto positivo para a página do candidato do PDT.

Apesar de visualmente ser bem-feita, a página inicial do site do pedetista é relativamente confusa. Percebe-se isso pela diferença nas fontes adotadas. Nas das notícias, o tamanho é maior do que deveria; já nas dos destaques que se rotacionam, as letras são dignas de figurarem em bulas de remédio, de tão pequenas que são.

O plano de governo do candidato é apresentado no péssimo formato de PDF. A biografia de Carlos Eduardo (e do seu vice Álvaro Dias) é colocada em um texto corrido, em fontes pequenas, o que resulta em algo pouco convidativo.

Pouco se explica da agenda do candidato (há apenas os compromissos para o dia corrente, e apresentados em poucas palavras), e o contato se resume a um único formulário. Poderia ser melhor.

Iberê Ferreira (PSB)
Talvez possamos dizer que o site de Iberê tem virtudes e defeitos exatamente opostos aos da página de Carlos Eduardo.

O design é um tanto quanto poluído - a despeito do belo banner principal, com uma boa foto do governador com a bandeira do Rio Grande do Norte ao fundo. Mas há um excesso de subdivisões, imagens coloridas e outras informações que pode acabar confundido a cabeça do visitante.

E olha que a página tem duas das medidas mais interessantes já encontradas nas análises - mas ambas são prejudicadas pelo problema do design. Em "Mapa de Trabalho", o internauta acessa um mapa do estado (via Google Maps) com algumas cidades em destaque; clicando nelas, aparecem ações realizadas pelo governador no município. Mas o mapa é pequeno, a navegação é um pouco confusa, talvez fosse melhor executar a (ótima) ideia em outra plataforma.

"Sou trabalhador", que aparece em um destaque pequeno na página inicial, tem uma coletânea de vídeos com depoimentos espontâneos pró-Iberê. E o internauta pode também enviar sua gravação. Boa alternativa, que merecia até ser melhor posicionada no site inicial.

O plano de governo é bem exposto, dividido em áreas, e o material de divulgação está em boa quantidade, disponível para download. Repete-se a falha de sempre no contato, inclusive no para a imprensa: o menu "Imprensa", em destaque na barra de navegação principal, remete a vídeos, fotos e outras informações que já estão em outros trechos da página.

Rosalba Ciarlini (DEM)
Excelente site. Utilizar a cor rosa para a campanha de uma candidata é algo meio clichê, mas que foi bem empregado neste caso - até porque a composição com o azul e o branco, as outras cores que dominam o design, está muito bem feita. (Curiosidade: a rosa presente no logotipo principal da candidatura é idêntica à que o PDT, partido do adversário Carlos Eduardo, utiliza em sua logomarca oficial.)

Em geral, a página inicial apresenta uma visualização muito boa. Está repleta de informações, mas a disposição delas ocorre da melhor maneira possível. Tudo fica bem posicionado, facilitando a navegação por parte do internauta e a visualização do conteúdo geral.

A biografia da candidata é muito bem apresentada. E não só visualmente: ações da vida pública de Rosalba ganham destaque, compondo assim muito bem a imagem da democrata. A presença dos dois candidatos ao senado da chapa - José Agripino e Garibaldi Alves - se dá no banner principal e também em um gif muito bem feito e bem posicionado na página inicial.

A rede "Amigos da Rosa", em formato Ning, é outra boa ação - mas informações lá presentes deveriam ser levadas à página principal, e não ficarem restritas aos internautas cadastrados.

Como críticas, registre-se o formulário como único caminho de contato (inclusive para a imprensa) e o plano de governo, que não é apresentado em setores.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Rio de Janeiro

Chegamos agora na letra R, e ao terceiro maior colégio eleitoral do Brasil. A disputa lá está polarizada entre o deputado Fernando Gabeira (PV) e o atual governador, Sérgio Cabral Filho (PMDB).

Fernando Gabeira (PV)
Se fôssemos levar o ditado "a primeira impressão é a que fica" a sério, rejeitaríamos o site de Gabeira. Porque o design da página inicial do deputado aposta em uma combinação estranha de diferentes tonalidades de verde que acaba gerando um efeito estranho.

Mas tal juízo seria equivocado. À parte desta falha no design, o site de Gabeira é muito bom. É bem informativo - tudo o que se precisa saber sobre o candidato e sua campanha está lá. As notícias são bem dispostas (e interessantes), vídeos e áudios são divulgados da maneira correta.

Há um diferencial na página. O campo "Transparência" fala sobre o que foi arrecadado e como foi investido esse dinheiro. Até agora, nenhuma das páginas consultadas trouxe esse tipo de informação. É algo que acaba pegando bem para o eleitor. Falando ainda de doações, a página tem um campo para tal - ainda que não da maneira mais recomendável, que seria a doação online, mas pelo menos as instruções estão passadas.

O site contribui de maneira eficiente para a participação do voluntariado. Pela página, se pode baixar material de campanha (wallpapers, banners e outros) e solicitar o envio de material impresso. Há também um canal exclusivo para o voluntariado, que traz atividades corriqueiras (e boas), como panfletagem e bandeiraço em diferentes localidades.


Paradoxalmente, o que é a maior virtude da página acaba sendo também sua principal falha. Para descobrir onde acontecerão os eventos, é preciso ser cadastrado na rede social - ou seja, acontece uma "burocratização" do acesso que acaba inibindo a divulgação do evento, bem como a presença de mais eleitores. E não há um único telefone ou endereço para contato - quem quiser falar com Gabeira e sua campanha, tem que apelar para o formulariozinho.

Sérgio Cabral Filho (PMDB)
O ponto onde está a maior falha da página de Gabeira é o que registra a maior virtude do site de seu principal adversário - o design do site de Cabral é ótimo. A página é muito bonita, e tem uma apresentação que remete a um site comercial. Ou seja, algo com o qual o internauta está mais habituado, e que estimula a navegação e a permanência no site.

A página inicial traz também uma sacada das melhores já analisadas até agora. É a caixa "Realizações", subdividida em nove ícones em que é dito o que o governador fez nas áreas de segurança, saúde, ambiente e outros. Como já dito em outras análises, um candidato com vida pública extensa tem a obrigação de apresentar o que já fez - e quando mais prática e direta essa apresentação for feita, melhor. O site de Cabral consegue isso.

Outra medida simples mas muito eficaz é a seção "Por que votar?". Lá há 15 textos curtos (um ou dois parágrafos) cada em que são apresentadas razões pelas quais um eleitor deve preferir Sérgio Cabral. Mais do que convencer o internauta, o mérito desta página está em dar ao visitantes argumentos para falar sobre o candidato em uma discussão. Ponto positivo.

Em "Imprensa", estão os telefones e emails para que o jornalista contate a campanha. Óbvio? Pois é, mas raramente feito.

Os dois principais tropeços do site estão na ausência do plano de governo - não existe, e nem há outras menções sobre o que o governador pretende fazer se reeleito, apenas citações em algumas notícias - e na ínfima ferramenta de contato, resumida ao formulariozinho.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Piauí

Permanecemos no Nordeste agora para falar sobre o Piauí.

O estado tem uma das eleições para o governo mais disputadas do Brasil. Sílvio Mendes (PSDB) lidera as pesquisas, e o atual governador Wilson Martins (PSB) e o senador João Vicente (PTB) estão em seu encalço. Difícil prever quem irá ao segundo turno.

Porém, na elaboração dos sites esse equilíbrio não se reflete. Às análises:

João Vicente (PTB)
De longe, a melhor página entre as dos candidatos ao governo do Piauí.

E conquista isso sem muitas parafernálias e invencionices. É um site simples, mas com quase todas informações necessárias lá presentes, e de maneira adequada.

Por exemplo: a biografia do candidato, algo que há em todas as páginas, está subdivida em dois menus. Um é "Conheça o João Vicente", com seu perfil apresentado de maneira rápida e precisa. Já em "O que João Vicente fez", uma sacada muito boa - sob a forma de "Você sabia?", são apresentadas realizações que o candidato fez como senador. Além de exibir o que produziu o candidato, quando escritos nesse formato os feitos também servem para argumentação em um debate.

Outra medida extremamente simples, mas muito eficaz, está no menu "Apoios de Lideranças". Lá, está uma relação de pessoas que estão com o candidato, divididas de acordo com os municípios do estado. Por exemplo - lá se vê que em Campo Largo, Ozeas de Sousa Santos apóia João Vicente. Você conhece Campo Largo, sabe quem é Ozeas de Sousa Santos? Nem eu! Mas para os moradores da cidade, trata-se de uma campanha importante. Com essa descrição, a campanha de João Vicente se aproxima dos eleitores de todos os municípios, o que é vital em um pleito tão disputado.

Vale também destacar como ponto positivo a presença da foto de Lula e Dilma Rousseff no banner principal do site, ladeando João Vicente. Como já dito inúmeras vezes neste blog e em praticamente todos os lugares que abordam política, o presidente da República é o principal cabo eleitoral desta eleição. Ter ele ao seu lado é uma boa. João Vicente faz isso - e olha que PT e PMDB, os dois partidos principais da coligação de Dilma Rousseff, estão na coligação de Wilson Martins, o outro candidato, cujo site será analisado em breve.

As pisadas de bola da página acabam sendo as mesmas de sempre. O plano de governo é pessimamente exposto: o que se encontra é um calhamaço de texto sem nenhuma divisão que facilite a navegação. E o contato também se resume a um formulário.

Wilson Martins (PSB)
Ontem, ao analisar o site do pernambucano Eduardo Campos, do mesmo PSB que Wilson, disse que um dos feitos da página é harmonizar bem as cores do partido, o que nem sempre é realizado. Dito e feito: na análise do dia seguinte vemos o site de outro candidato do PSB que peca na utilização das cores.

E não só elas. O site do atual governador do Piauí é feio. O fundo branco com as fontes em cinza dificulta a leitura dos textos. A disposição de banners na página inicial não ajuda: os destaques ficam desconexos, parece que foram inseridos por acaso. O banner com o Twitter de Wilson é o maior exemplo - a impressão que fica é que ele não deveria estar ali.

O rodapé da página tem fotos e links para os sites de Dilma Rousseff (candidata à Presidência) e Wellington Dias e Antonio José, postulantes ao Senado. Vale o que foi dito na análise do site de João Vicente - se Wilson tem Lula e Dilma ao seu lado, isso deveria estar mais enfatizado na página. Quem bate os olhos nos dois sites acha que Lula prefere João Vicente a Wilson.

Os poucos méritos do site estão na disposição do plano de governo - de maneira fácil de navegar e bem didática - e na seção "Downloads", que traz muitos materiais. E só.

Sílvio Mendes (PSDB)
Embora bem menos que o de Wilson Martins, o site de Sílvio Mendes também é feio. Há um uso excessivo do fundo branco, e as fontes também em cinza não colaboram.

Por outro lado, a página incial se caracteriza pela boa quantidade de informações que leva ao internauta, o que é uma boa pedida.

A biografia de Sílvio, por exemplo, está repleta de informações. Soma dados da vida pessoal do candidato com suas realizações em cargos públicos. Legal, mas com um probleminha de navegação: a ser acessada, a página mostra uns primeiros parágrafos do texto e se tem a impressão que acaba ali. Poderia estimular mais a permanência do leitor na página com uma imagem que remetesse a essa divisão.

O programa de governo é pessimamente apresentado o que há ali é a transcrição do documento que os partidos devem apresentar ao TSE, um texto nada interessante ao leitor geral.

E a página acaba tendo trechos que são ideias boas, mas que se mostram mal-executadas. O maior desses exemplos é "Sílvio no Piauí": ali há um mapa do Piauí, dividido pelos municípios, com um ícone em cada um deles onde a campanha esteve. Legal, mas... ele esteve nesses locais quando? Fazendo o quê? Colocar só uma flechinha não quer dizer nada, a informação precisa estar integrada.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Pernambuco

O estado a ser analisado agora é Pernambuco, cuja eleição está dominada por dois nomes: Eduardo Campos (PSB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Um comentário geral precisa ser feito antes da análise individual das páginas - o nível dos sites dos candidatos pernambucanos é muito, muito alto. As duas páginas que veremos aqui estão, sem dúvidas, entre as melhores já vistas. Parabéns aos webdesigners dos dois sites - e também às coordenações das campanhas, que levaram a sério a internet.

Eduardo Campos (PSB)
As cores amarelo, vermelho e branco, as oficiais do PSB, são meio que difíceis de serem harmonizadas. Não à toa páginas de alguns candidatos do partido foram criticadas justamente por não apresentarem um bom aspecto visual.

Não é o que acontece no site de Campos, que utiliza bem as cores.

A página inicial do socialista tem algo muito legal. O banner principal traz três imagens que se alternam - a foto do candidato sozinho, dele ladeado por Lula e Dilma Rousseff e também de seus candidatos ao Senado. Boa maneira de garantir um dinamismo na página, e também apresentar quem o candidato acompanha.

O site tem um aspecto que de tão óbvio não deveria ser tratado exatamente como um mérito, mas cabe o destaque justamente por ser pouco feito: a seção "Mudanças que a gente vê". Campos é o atual governador e, por isso, tem realizações a mostrar; todos os candidatos a reeleição e os que já exerceram mandatos deveriam ter isso como um dos principais destaques dos seus sites, mas pouca gente o faz.

E "Mudanças" não aparece somente no banner e menu principal da página - é também linkado na biografia do candidato, tal qual o item "Metas", que traz as propostas de governo (que poderiam ser um pouco mais específicas, mas tudo bem). Corrige-se aí outro problema comumente encontrado: em muitas páginas, parece que o político é uma pessoa diferente do candidato, e a biografia não traz esses itens. Quem vai ao site de Eduardo Campos encontra quem o candidato é, o que fez e o que pretende fazer, o que é muito positivo.

Na página inicial há um banner em destaque intitulado "Meu voto é 40". Nele, imagens de pessoas que enviaram voluntariamente suas fotos ao site aparecem em destaque. Bem legal.

Para fechar, mais um elogio: no rodapé do site estão os endereços e telefones dos comitês de Campos em Recife, Petrolina e Caruaru. Num estado populoso e grande como Pernambuco, nada melhor do que fornecer diferentes ferramentas de contato, para os eleitores de diferentes regiões.

Jarbas Vasconcelos (PMDB)
Outra ótima página. Tão informativa e ainda mais bonita do que a do seu principal adversário.

O site estimula a participação popular, mas de maneira caprichada. Uma de suas subdivisões é a "Fiscais de Jarbas", onde são publicadas notícias e denúncias enviadas pelos visitantes. Boa ideia (mas que merecia só um pouco mais de capricho: no momento em que estou visitando o site, há três notícias em destaque com a mesma imagem, a de um revólver). Outro campo de bom oferecimento de ferramentas à mídia é o "Divulga Jarbas" com materiais de campanha "reais" e para as mídias sociais.

Tal qual na página de Eduardo Campos, há um destaque rotativo com fotos enviadas pelos leitores. As notícias são dispostas na página inicial de maneira interessante e os banners relacionados (entre eles, o do presidenciável José Serra) ficam bem feitos.

Outra boa solução estética está na apresentação da biografia de Jarbas Vasconcelos e de sua vice, Miriam Lacerda. A de ambos é feita com bom uso de fotos e recursos em flash.

O maior ponto "corrigível" do site de Jarbas está na apresentação do plano de governo: há uma divisão em diretrizes, mas elas são repartidas em um critério que não o por áreas, que seria o mais adequado. Acaba não sendo um conteúdo dos mais interessantes e legais para se repassar.

Há também a citação do endereço completo - com mapa do Google Maps - do comitê central de Jarbas, em Recife. Seria também uma boa dispor o dos outros municípios, mas já é uma boa.

E no rodapé do site, estão links para as páginas dos candidatos ao Senado e também de alguns que disputam vagas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Simples e boa maneira de agregar visitação.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Pará

Antes de iniciar o post, uma correção mais que essencial: pisei na bola na utilização da ordem alfabética (é, isso mesmo) na composição destes posts. Ao invés de fazer a sequência Pará, Paraíba e Paraná, realizei exatamente o inverso. Fui alertado por um eleitor, a quem agradeço.

Bem, sigamos em frente.

Falaremos agora do Pará, que tem três candidatos dominando a disputa: Ana Júlia Carepa (PT), Domingos Juvenil (PMDB) e Simão Jatene (PSDB).

Ana Júlia Carepa (PT)
Há virtudes e defeitos na página da governadora. A tela inicial tem um design ao mesmo tempo legal e estranho. A parte positiva está na utilização das cores - azul e vermelho, numa combinação legal que remete às cores do Pará - e a negativa, nas fontes. O uso do itálico e negrito simultaneamente em algumas chamadas dá um efeito estranho.

Em termos de conteúdo, a página inicial é adequada. Há a referência às mídias sociais, notícias em destaque rotativo, menus dispostos de maneira "clássica" e também elencados em banners específicos, como o dos vídeos.

Também na home está a principal virtude do site da petista: a seção "Acelera", com um destaque rotativo com o nome e a foto do participante, um internauta voluntário. Como já dito, sempre fará um bom negócio uma página que colocar os visitantes em destaque. Isso faz com que a pessoa queira mostrar sua aparição aos amigos, gerando mais pessoas acessando a página.

Na mão oposta, a principal - e bem feia - falha do site está em "Propostas". Quem clica ali não cai no plano de governo da candidata, e sim em um fórum para sugestões que, pouco acessado e/ou mal gerenciado, acaba não trazendo nenhuma informação muito relevante.

A parte dos "Contatos" tem o endereço e o telefone do comitê central de Ana Júlia em Belém. Caberia citar também os de outros municípios (o Pará é imenso), mas já é alguma coisa.

Domingos Juvenil (PMDB)
Está no design da página inicial o maior mérito do site do candidato. É um desenho simples, mas estimulante, e a foto principal de Domingos tem qualidade e se harmoniza com o restante da página. O menu disposto em letras azuis do lado da foto é esteticamente caprichado e facilita a navegação.

As propostas de governo do candidato são divididas em setores com textos simples, o que é uma boa; porém, peca-se pela generalidade de algumas delas (uma é "Melhorar a qualidade da água" - sempre me pergunto se há algum candidato que é contra isso).

Há uma falha técnica na página - a fonte utilizada no corpo do texto das notícias não é sempre o mesmo, o que pode gerar uma pequena confusão visual em quem está visitando a página.

Faltam as boas ferramentas de contato, como infelizmente é usual; por outro lado, a seção "Divulgue", em que o visitante pode colocar o endereço de amigos para que estes conheçam o site, é uma boa e simples solução.

Simão Jatene (PSDB)
Visualmente, uma das mais belas páginas da categoria no Brasil. Há uma inovação: o banner principal do site é rotativo e chama para um destaque a cada aparição. Assim, cria-se um dinamismo e adiciona-se um conteúdo novo em uma área que, costumeiramente, é meio morta.

Falando ainda em página inicial, o rodapé do site tem algo ótimo: mais do que somente colocar a barra com os ícones das redes sociais, há na página um menu rotativo que traz os principais destaques da rede, com os depoimentos dos internautas - e aí vale a mesma regra, fazer uma pessoa "se ver" sempre é algo legal.

Os pontos positivos também estão em outros campos, como na utilização dos banners e na divulgação do candidato ao Senado da chapa (algo que não se vê nos sites de Juvenil e Ana Júlia, como comparação).

A página tem um diferencial que pode ser visto como algo "bobo" por alguns, mas ao meu ver é interessante: o game "Pacto Pelo Pará". O jogo, em si, não é nada exatamente inovador. Inclusive, aproveita formato que se vê em muitas páginas de jogos online por aí. O positivo na história está em utilizá-lo para prender a atenção do visitante ao site e para estimular outros acessos.

Falhas do site estão nas ferramentas de contato (os erros de sempre) e na manutenção de algumas páginas que não existem, como a "Doe para a campanha", que dá em um texto de erro.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sites dos candidatos ao governo - Paraíba

Voltamos agora ao Nordeste do Brasil para falar sobre os sites dos candidatos ao governo da Paraíba. Lá são dois os principais nomes: José Maranhão (PMDB) e Ricardo Coutinho (PSB).

José Maranhão (PMDB)
Dá para afirmar sem medo de errar: é um dos melhores sites entre todos os de candidatos a governador. O design é muito bem-feito, a navegação é fácil, as informações estão todas presentes e bem dispostas.

A foto principal do candidato abre um menu vertical em que estão inseridas, em forma de banner, as opções gerais do site: TV, rádio, espaço para assinatura da newsletter e referências aos outros integrantes da chapa - o vice-governador, os dois nomes para o Senado e Dilma Rousseff, postulante à Presidência. Falando em Dilma, uma boa pedida também é a notícia que aparece em destaque, que traz um vídeo com o presidente Lula declarando apoio à candidatura de Maranhão.

A biografia do candidato é mostrada de maneira esteticamente agradável e também fácil de se ler. Estimula ao visitante explorar os setores. Ponto positivo também está no plano de governo - as propostas são apresentadas de forma clara e setorizada. Bem adequado.

O site tem um campo interessante sobre doações. As doações via cartão de crédito, que seriam a grande novidade nas campanhas de agora, não emplacaram; a campanha de Maranhão contorna isso dando todas as informações para que o interessado doe de maneira convencional, citando o endereço do comitê central e a conta corrente da candidatura.

Falando em endereço, vem aí uma das poucas falhas do site. Não seria legal colocar este endereço central do comitê - que tem telefone e até mesmo mapa via Google! - no campo "Contato", que tem apenas um formulariozinho?

E, já que o site é dos melhores, cabe também uma observação que não seria feita em página de qualidade inferior: poderia haver um campo para voluntariado, estimulando melhor a participação de quem quer contribuir. Com essas duas adições, o site de Maranhão estaria próximo da perfeição.

Ricardo Coutinho (PSB)
A página inicial do site de Ricardo Coutinho é algo entre razoável e boa. Dispõe bem as informações, elenca as notícias no sistema de destaques rotativos e dá acesso, via menus e banners, a outros campos do site.


Mas há algo que deve ser criticado. A foto principal do site, de Coutinho e do seu vice, Rômulo Gouveia, é muito ruim. Os dois não são pessoas muito bonitas, cá entre nós; mas isso não é um problema, já que beleza não ganha (nem perde) eleição. A questão é que a foto está mal tirada, e a montagem com a figura de Coutinho e Gouveia é ruim, dá uma má impressão. Isso poderia ser melhor trabalhado.

Os dois principais méritos do site de Coutinho estão no campo "Participe", que recebe cadastro de voluntários, e em "Divulgue" - um espaço simples para que o leitor preencha com nome de seus amigos a quem quer convidar para ver a página.

Já as falhas acabam repetindo o que, infelizmente, tem sido constatado nessas análises: plano de governo antipaticamente apresentado em formato PDF e contato com o visitante restrito a um mísero formulário.

Como curiosidade, vale citar que o site de Coutinho é um perfeito exemplo do que o final da verticalização fez no cenário político brasileiro - há um banner sobre Dilma Rousseff, e logo acima dele há outro com os dois candidatos ao Senado da chapa: Cássio Cunha Lima e Efraim Moraes, respectivamente de PSDB e DEM, os dois partidos de maior oposição ao governo Lula...