quinta-feira, 30 de abril de 2009

"Persistir no erro..."

Em janeiro, fiz o post Onde está a colher?. Falei sobre uma "curiosidade" que dois textos do site oficial de São Bernardo tinham: ambos falavam sobre realizações da prefeitura, traziam declarações do prefeito e... simplesmente não mencionavam o nome do prefeito. O leitor poderia saber o que o prefeito fazia ou deixava de fazer - mas não conseguia saber o nome do sujeito.

E aí hoje resolvi ver o site da prefeitura de São Bernardo (que fazia tempo que não acessava). Em destaque, uma matéria sobre os 100 dias da nova gestão municipal. Texto longo, que descreve tudo o que a prefeitura fez nesses pouco mais de três meses, expõe os projetos que virão e - acreditem! - assim como os anteriores, não tem o nome do prefeito!

Tá certo que para quem trabalha em uma prefeitura o nome do prefeito é algo óbvio. E certamente foi esse "piloto automático" que fez com que o nome do prefeito acabasse por ser esquecido. Mas quem faz os textos - e também quem os revisa - precisa lembrar que há um grande público que não tem esse conhecimento e precisa ser informado corretamente.

Ah, o prefeito em questão é Luiz Marinho (PT).

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tempo e dinheiro jogados fora no horário eleitoral

Ontem, fazendo uso de horário de que dispõe segundo as regras da Justiça Eleitoral, foi a vez do pequeno PMN ocupar a chamada "rede nacional de rádio e televisão". E o que se viu foi mais um horário político que repetiu os vícios que fazem com que essas peças sejam enfadonhas, improdutivas e um belo desperdício de dinheiro e tempo.

Nem me refiro ao cenário feio e aos efeitos visuais que lembravam os programas de TV dos finais dos anos 1980. Isso é algo que se deve à falta de dinheiro, algo que os partidos pequenos convivem diariamente. Não se poderia esperar coisa diferente de uma legenda pequena.

A crítica que faço é ao discurso adotado pelos figurões do PMN no horário eleitoral. A falação dos políticos foi vazia, em nada atraente, de maneira nenhuma cativante ao eleitor. Por exemplo: Sérgio Petecão (foto), deputado federal pelo Acre, falou sobre a Amazônia. Não reproduzo com exatidão as palavras do parlamentar, mas foi algo mais ou menos assim: "defender a natureza e estimular a atividade econômica na região. Essa é a proposta do PMN!".

Aí pergunto: como assim, "essa é a proposta do PMN"? Alguém conseguiu identificar alguma "proposta" na fala de Petecão? Ou será que tem algum partido que ache que não se deve "defender a natureza e estimular a atividade econômica na região"?

Pouco depois, quem falou foi Fábio Faria, o deputado potiguar que está no centro das atenções por ter custeado a viagem de sua então namorada Adriane Galisteu com recursos da Câmara. Ignoremos esse episódio e tentemos manter o foco sobre a propaganda de ontem. Faria fez seu "discurso" baseado na importância do turismo para o Nordeste. Mais uma vez, palavras vazias: "o PMN é a favor de parcerias com a rede hoteleira para que o turismo avance ainda mais" (reafirmo que não é uma transcrição literal, mas sim a reprodução da essência das palavras). Ora, alguém aí esperava que um deputado - seja de qual estado for! - falasse algo diferente?

Não sei até quando os partidos brasileiros acharão que os eleitores querem se sensibilizar com esse tipo de discurso óbvio. Reparem que é sempre a mesma ladainha - todos se dizendo a favor do que é certo e contra o que é errado. O exemplo sobre o qual me baseio é o PMN, um partido minúsculo, mas o vício se repete em legendas de todo porte. Nas maiores, a única diferença é o posicionamento pró ou contra o governo do momento, dependendo para que lado a balança esteja pendendo.

Já é hora de um partido tomar a dianteira e falar, no horário eleitoral, de suas posições convictas. Por exemplo, dizer que é contra/a favor do aborto, da pena de morte, do casamento homossexual ou outra causa. É nítido que isso, no mínimo, chamaria mais atenção por parte dos eleitores.

Clodovil
Ainda na linha horário eleitoral: o PR, em suas inserções no rádio (não sei se isso também tem ocorrido na televisão, agradeço se alguém puder atualizar) tem feito homenagens a Clodovil Hernandes, morto recentemente. A peça é das mais hipócritas, por dois motivos: o primeiro é que Clodovil nunca foi um exemplo de político, e a segunda é que sua relação com o PR foi pra lá de formal, nada tendo a ver com os "ideais" da sigla (se é que eles existem). Mas, do ponto de vista eleitoral, é até interessante, já que há um grande número de eleitores de Clodovil a serem captados na votação do ano que vem. Para onde se dirigirá o voto de protesto que elegeu o ex-costureiro, alguém arrisca?