quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os famosos foram empossados. E aí?

Ontem, como todos sabem, ocorreu a posse dos deputados e senadores eleitos (ou reeleitos, ou que nem chegaram a ser eleitos mas se beneficiaram com a licença dos que preferiram outros cargos, mas enfim). Na ocasião também foram eleitos - ou melhor, e aí com mais precisão, reeleitos - os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente José Sarney (PMDB-AP) e Marco Maia (PT-RS).

Naturalmente, a posse dos novos parlamentares ganhou destaque nos veículos de comunicação. Mas, à parte das eleições de Maia e Sarney, o que recebeu mais enfoque da imprensa foi a chegada dos parlamentares-celebridades: Tiririca (PR-SP), Romário (PSB-RJ), Popó (PRB-BA), Jean Wyllys (PSol-RJ) e outros.

Quase sempre, a citação a esse tipo de parlamentar é em tom de crítica: o triunfo deles escancara a fragilidade do sistema nacional, só ganharam porque são famosos, não acrescentarão nada à política e assim por diante.

Aí é hora de reiterar o que já disse aqui outras vezes. Não acredito - mesmo! - que o fato de uma pessoa ser "famosa" a faz menos (nem mais, evidentemente) preparada para a vida pública. Com exceção de Tiririca, que durante a campanha fez escárnio da função de deputado, os outros ganharam as eleições falando sério, apresentando propostas e tudo o mais - exatamente da mesma forma como fizeram os outros candidatos. Se beneficiaram de sua fama prévia? Evidentemente. Em eleições proporcionais, com uma overdose de candidatos e pouquíssimo espaço no horário eleitoral gratuito, já ser conhecido da população ajuda bastante. Mas é incorreto (e perigoso!) afirmar que essas pessoas só foram eleitas por conta de sua fama. Não fosse por isso, nomes como Agnaldo Timóteo, Maguila, Vampeta e Dinei (todos concorreram por São Paulo em 2010) não teriam ficado a ver navios.

É cômodo colocar a culpa no "povo" - assim, de forma abstrata - e amaldiçoar o trabalho das celebridades na vida pública desde seu início. Mas, infelizmente, a qualidade dos legisladores brasileiros anda tão baixa que não temos nenhuma garantia que políticos "convencionais" fariam melhor trabalho. Boa sorte a Jean Wyllys, Popó, Romário e companhia. O Brasil precisa deles, quer queiram os críticos, quer não.

Nenhum comentário: