Ontem, ouvindo rádio, levei um susto quando uma propaganda partidária entrou no ar. A propaganda começava com um narrador que questionava: "o que você espera de um novo partido?" Na sequência, pessoas respondiam dizendo que gostariam que este novo partido lutasse por mais emprego, promovesse a sustentabilidade, fosse composto por pessoas honestas, e assim por diante.
Ao ouvir sobre o "novo partido", me surpreendi com o fato do PSD já estar com uma campanha em cadeia nacional. "Caramba, o partido foi fundado esses dias e já está sendo divulgado na rádio, que rapidez, eu achava que ainda faltava o registro no TSE e....". Até que, na conclusão da peça, anuncia-se que a propaganda é do PMDB. O "novo partido", então, é o tradicionalíssimo do número 15, do vice-presidente Michel Temer.
Não sei se a peça do PMDB - direcionada ao público de São Paulo - foi planejada antes da confirmação da criação do PSD. Bem possível, já que o calendário das inserções é definido com bastante antecedência e, em anos não-eleitorais, é costumeiro que o teor das inserções seja mais "frio" e menos relacionado a eventos momentâneos. Caso esta hipótese seja a verdadeira, é nítido que o PMDB adotou a marca de "novo partido" para se desvincular da figura de Orestes Quércia, que presidiu a sigla por décadas até a sua morte, no ano passado.
Apesar de ter sido governador e de deter imensa influência no jogo político estadual, Quércia era uma figura com muita rejeição em São Paulo. A propaganda sugeriria, com base nisso, que o partido está deixando para trás a figura do ex-governador - algo como "pode vir, o Quércia não está mais aqui, agora estamos traçando novos rumos". Curioso.
E, caso a ideia do "novo partido" tenha sido cunhada após a criação do PSD, das duas uma: ou houve muita inocência por parte dos seus criadores, que não pensaram na possibilidade de associação com o partido de Kassab, ou desenvolve-se uma tentativa de marcar o nome do PMDB no embalo da agitação causada pelo PSD. Aguardemos uma explicação oficial.
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