Ainda com menos de seis meses completados, a atual legislatura da Câmara de Deputados tem em Jean Wyllys (PSOL-RJ) um dos seus maiores destaques. Jean encampou a luta dos gays e tem recebido grande destaque nos tempos atuais, marcados pelo debate sobre os direitos dos homossexuais no Brasil.
Ao se consolidar como militante de uma causa, Jean vai aos poucos fazendo com que ele deixe de fazer parte do "baixo clero", aquele grupo de parlamentares cujo destaque na Câmara é irrisório.
Além disso, o deputado merece também méritos por outra razão: vai detonando a ideia de que os "famosos" que chegam ao poder nada têm a acrescentar à política nacional.
Para quem não sabe, este Jean Wyllys é o mesmo cidadão que, em 2005, foi o vencedor da quinta edição do Big Brother Brasil. Embora desde o início Jean destoasse do perfil típico dos participantes do programa - era professor universitário, militante gay, e dizia que sua entrada no Big Brother se devia a uma "pesquisa" - não dá para negar que Jean, é, sim, um "ex-BBB", categoria de brasileiros tão atacada nos últimos tempos. Afinal, por mais que Jean tenha todo esse currículo e militância, possivelmente jamais o conheceríamos se não fosse o programa global.
E ao fincar seu pé e mostrar serviço na Câmara, Jean diz que, sim, é possível que um "famoso" trabalhe. Ressaltar esse 'feito' é de certo modo uma obrigação, quando lembramos que, ano passado, a candidatura de Tiririca e outros famosos causou verdadeira revolta entre os brasileiros. Se dizia, à época, que a presença dessas pessoas nas eleições seria a confirmação de que a política nacional estaria virando uma bagunça.
Mas com exceção da de Tiririca, esculachada por definição, qual é o problema de um "famoso" se candidatar? Por ser ou ter sido cantor, ator, jogador de futebol ou ex-BBB, uma pessoa se torna menos cidadã, menos apta à vida pública? Não, e Jean Wyllys nos mostra isso.
Não defendo todas as posturas do deputado. Aliás, por mais que acredite em atuações setoriais, sou relativamente contrário a parlamentares que permaneçam restritos a determinadas causas - espero, que nos três anos e meio que virão, que Jean atue também para melhorar a saúde, emprego, meio-ambiente, relações internacionais e todos os outros temas que passam pela Câmara. Mas não dá para negar que sua postura merece ser elogiada.
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