Foi a senha para que bradassem os costumeiros sinais de indignação contra o "mau uso" do dinheiro público no Brasil. "Com tanta gente passando fome, com escolas sofríveis e hospitais precários, como que o governo investe em festa junina?", questionaram muitos. Outros já empregaram o irritante chavão do "pão e circo" para dizer que a população brasileira só quer saber de festa e não se importa com a realidade do país.
Hum. Talvez seja o caso de refletir um pouco mais sobre o ocorrido antes de despejar críticas. O primeiro a se fazer é investigar de onde veio a verba - do Ministério do Turismo. O Ministério do Turismo tem como obrigação... investir no Turismo, certo? E o que é investir no Turismo? Conservar museus, cuidar de paisagens naturais, capacitar pessoas e promover eventos.
No Nordeste, as festas juninas geram repercussões de certo modo comparadas às dos carnavais. Movimentam muita gente - e, por consequência, recursos. Não tenho números, mas acredito que o carnaval deve representar um fator importantíssimo para cidades como Salvador e Rio de Janeiro. Sem o evento, municípios como estes passariam por problemas no orçamento. Com as festas juninas, acontece a mesma coisa, talvez em escala menor.
Ou seja: é muito mais que "pão e circo". Investir em festa junina - e carnaval, e rodeio, e festa do leite, e etc - é mobilizar a cidade, garantir renda ao setor hoteleiro, aquecer o comércio e por aí vai. Resumindo, gerar emprego e renda. A obrigação de qualquer governo, estamos de acordo?
Em tempo: há críticas sobre a maneira como essas verbas foram distribuídas (para privilegiar aliados do ministro) e denúncias de corrupção ligadas ao caso. Isso é sério, mas pertence a outro escopo da discussão, completamente diferente. Aí falamos de apadrinhamento e desvio de dinheiro público - o que não muda nada no que tange à importância do objetivo inicial.
Um comentário:
Legal o post, concordo. No Brasil, o Estado parece que está proibido de investir. Como se investir fosse crime.
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