A Folha de S. Paulo publicou ontem boa matéria falando sobre as movimentações para a eleição para a prefeitura de São Paulo, que ocorre no ano que vem. Indiscutivelmente, o pleito do ano que vem tende a ser o mais incerto e equilibrado, talvez, desde a redemocratização.
O PT pode lançar Fernando Haddad, Marta Suplicy ou Aloizio Mercadante; no PSDB, os pré-candidatos são José Serra, José Aníbal, Bruno Covas e Andrea Matarazzo; o nome do recém-fundado PSD é Guilherme Afif Domingos; o PCdoB tem Netinho de Paula; e o PMDB oscila entre Gabriel Chalita e Paulo Skaf. Todos são candidatos competitivos, em maior ou menor grau.
Mas mais do que falar sobre a disputa eleitoral paulistana, gostaria de chamar atenção para outro ponto. Da lista dos pré-candidatos mencionados acima, todos, com exceção de Paulo Skaf e José Serra, ocupam atualmente algum cargo público. E seis deles - Marta, Aníbal, Covas, Afif, Netinho e Chalita - obtiveram o cargo após vitória em eleições anteriores.
Sobre isto que gostaria de centrar o debate, até porque vejo que esta questão costuma ser pouco aprofundada: como a população lida com o fato dos políticos que elegeu abandonarem os cargos na metade (ou antes, ou depois) para buscarem outro posto?
Aparentemente, exemplos nos sugerem que isso não parece ser um problema dos maiores, ao menos não no contexto eleitoral. A trajetória de José Serra é um bom exemplo: foi eleito senador por São Paulo em 1994 e jamais exerceu o cargo, preferindo ministérios no governo FHC; em 2004, foi eleito prefeito de São Paulo e abriu mão do posto dois anos depois, para buscar o governo estadual; foi eleito e não pleiteou a reeleição em 2010, porque foi candidato à Presidência. Ou seja: a população paulista votou em um candidato que neste sentido foi, digamos, "reincidente". A expressiva votação de Netinho de Paula (vereador paulistano, só para lembrar) na eleição para o Senado no ano passado reforça caráter semelhante - de todos os fatores que fizeram Netinho perder a eleição embora tenha liderado por muito tempo as pesquisas de opinião, certamente o fato de ser rejeitado por já ter um mandato foi um dos menos importantes.
O cenário descrito para as eleições paulistanas em 2012 sugere que não deveremos ter o assunto trazido à tona. Afinal, todos os grupos partidários, de uma forma ou de outra, têm "falha" neste aspecto. Mas seria interessante ver o tema ser discutido de maneira mais viva, e mais utilizado nas campanhas eleitorais. É uma arma ainda de certo modo desprezada.
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